[01] A presente patente de modelo de utilidade é aplicada na área médica especificamente na indústria de produtos para cuidados e tratamento de feridas, incluindo a cirurgia plástica e outras especialidades médicas, e refere-se a disposição aplicada em curativo para aplicação de enxerto de gordura em uso de terapia de ferida com pressão negativa (TFPN).

[02] O tratamento de feridas extensas e complexas, como úlceras de decúbito, queimaduras profundas, osteomielite crónica, mediastinites, nem sempre concorre para o fechamento imediato com cirurgias e podem-se prolongar por muito tempo. A TFPN pode contribuir efetivamente na redução do tamanho da ferida, no combate a infecção desta e na aceleração da cicatrização. Com a TFPN será propiciada a contínua remoção do exsudato da ferida, a redução do edema e o estímulo ao aumento do fluxo sanguíneo local.

[03] Contudo, em algumas situações específicas, somente a TFPN por si só não propicia o fechamento adequado da ferida. Existem algumas soluções para modificações do curativo com TFPN, no sentido de otimizá-lo, como o curativo em forma de túnel ou tunelizado no interior da ferida para uso com TFPN (tunnel dressing for NPWT), bem como o curativo com canais e furos internos na espuma de poliuretano, para instilação de líquidos e medicamentos sobre a ferida sob a aplicação de TFPN.

[04] Outra maneira de se otimizar a TFPN na cicatrização de ferimentos é a sua associação com matrizes biológicas, como o enxerto de pele autólogo, como o enxerto de matriz dérmica heteróloga acelular e como o enxerto de gordura autóloga.

[05] Contudo, para a aplicação de enxerto de gordura, torna-se necessária a modificação do curativo tradicional aplicado para TFPN, de maneira que se crie, dentro do curativo, um espaço para contenção do tecido adiposo a ser enxertado sobre o leito da ferida.

[06] A Patente BR102015028154-4 - “Curativo de atuação sob pressão negativa concomitante a aplicação de substâncias líquidas no leito de feridas” - refere-se a curativo (1 ) desenvolvido em uma unidade (2) estrutural base em polímero pronto, que compreende um vazio estanque a ser preenchido por esponja (3) hidrofóbica de poliuretano com placa de resina sintética recoberta com fita autocolante(P) e um prolongamento lateral (9) em filme de poliuretano (4) para auxiliar a fixação do curativo na pele, sendo que de um lado de tal unidade (2) se destaca uma entrada (5) para ligação da pressão negativa (6), e no lado simétrico e oposto uma segunda entrada (7) para posicionamento da conexão ao equipo com a substância (8) líquida a irrigar o leito da ferida (F) concomitante a ação terapêutica da pressão negativa. Difere-se da presente por ser um modelo que não prevê a colocação associada de tecido adiposo aspirado sobre a ferida a ser tratada, e não prevê um compartimento específico para contenção e acomodação da gordura, para que esta não se espalhe além dos limites da ferida. Por sua vez, o presente modelo de curativo prevê uma ou duas camadas de espuma com cavidade ou espaço central que já vem disponibilizada pré-inserida no conjunto que compõe o curativo, possibilitando que tal orifício na camada seja conformado proporcionalmente à extensão do leito da ferida.

[07] A Patente BR 202017012658-2 - “Curativo de terapia por pressão negativa” - refere-se a curativo de terapia por pressão negativa (101 ) compreendendo duas unidades estruturais base (figura 6 e figura 7) que se unem com o auxílio de dois anéis de pressão (110,106), em que essa união é garantida por um terceiro anel tipo abraçadeira (111 ). A primeira unidade estrutural (figura 6) é dotada de um vazio estanque, preenchido por espuma (103), preferencialmente, hidrofóbica de poliuretano com duas tubulações se inserindo uma oposta à outra, simetricamente. A segunda unidade estrutural (figura 7) detém uma placa de resina sintética (P) com recortes denteados (D) e fita autocolante e um prolongamento lateral em filme de poliuretano (109) para garantir uma fixação adequada no leito da ferida. Difere-se da presente patente por ser modelo de curativo que não prevê espaço para contenção e acomodação do tecido adiposo aspirado nos limites da ferida a ser tratada. Enquanto o presente modelo de curativo prevê uma ou duas camadas de espuma com cavidade ou espaço central que já vem disponibilizada pré-inserida no conjunto que compõe o curativo, possibilitando que tal orifício na camada seja conformado proporcionalmente à extensão do leito da ferida.

[08] A PI 0412215-1 - "Curativo para ferimento para ser utilizado sob pressão negativa" - trata-se de curativo para tratamento de ferimento para a aplicação de terapia de ferimento com pressão negativa a um ferimento de uma extremidade, tal como no calcanhar de um pé. O curativo compreende um distribuidor de fluido posicionado dentro de uma colgadura fenestrada para formar um envoltório oclusivo contornado para ser colocada sobre um ferimento em uma extremidade. Uma almofada porosa contornada é colocada adjacente ou dentro do ferimento, de maneira tal que a almofada contornada (26) é encerrada pelo envoltório oclusivo. Uma tubulação flexível é fixada em uma porta de comunicação de fluido ou através desta, o que forma uma abertura para a camada exterior do envoltório oclusivo, de modo a permitir uma comunicação de fluido de pressão negativa à almofada contornada de uma fonte da pressão negativa conectada a uma extremidade oposta da tubulação flexível. A pressão de calibre negativa é comunicada da fonte, através do tubo, através das fenestrações do envoltório oclusivo, de maneira tal que a pressão de calibre negativa é aplicada ao ferimento na extremidade. O distribuidor de fluido serve para dirigir a pressão negativa de uma posição afastada do local do ferimento para a almofada contornada no local do ferimento. Difere-se da presente por ser um modelo apenas de distribuição de pressão negativa sobre o leito de ferida a ser tratada, com a possibilidade de instilação de líquidos ou fluídos, também sem previsão ou capacidade para enxertar ou conter tecido adiposo sobre a ferida tratada. Já presente modelo de curativo prevê uma ou duas camadas de espuma com cavidade ou espaço central que já vem disponibilizada pré-inserida no conjunto que compõe o curativo, possibilitando que tal orifício na camada seja conformado proporcionalmente à extensão do leito da ferida.

[09] A US20120253302 - "Curativo para terapia de feridas com pressão negativa” - refere-se a curativo de ferida adequado para uso em sistema de terapia por pressão negativa inclui uma camada de cobertura adaptada para estabelecer um reservatório sobre uma ferida na qual uma pressão negativa pode ser mantida. A camada de cobertura inclui uma abertura através da qual os gases atmosféricos e os exsudatos da ferida podem passar através da camada de cobertura. Uma porta de vácuo é fixada à camada de cobertura e estabelece uma vedação substancialmente estanque ao redor da abertura na camada de cobertura. A porta de vácuo inclui um interior oco em comunicação fluida com a abertura na camada de cobertura e um conector para facilitar a conexão a uma fonte de vácuo. Um membro de gaxeta é afixado à camada de cobertura, para fornecer um curativo que pode ser aplicado em um processo de etapa única. Difere-se da presente por ser um modelo somente para aplicação e distribuição de pressão negativa sobre o leito da ferida tratada, sem aditivos. Já presente modelo de curativo prevê uma ou duas camadas de espuma com cavidade ou espaço central que já vem disponibilizada pré-inserida no conjunto que compõe o curativo, possibilitando que tal orifício na camada seja conformado proporcionalmente à extensão do leito da ferida.

[010] A fim de solucionar os problemas até então existentes, foi desenvolvido o presente curativo que se refere a modificação do curativo para aplicação de TFPN associada a aplicação de enxerto de gordura sobre a ferida.

[011] O presente modelo de disposição aplicada a curativo prevê a superposição de uma primeira camada constituída por espuma com cavidade ou espaço central pré-fabricado ou duas camadas de espuma de poliuretano, a ser aplicada sobre a ferida. Sendo que a primeira camada de poliuretano ocupará a área ao redor da ferida e possibilitará que seja a porção de espuma parcialmente removida na porção central de acordo com a forma da ferida. A segunda camada de poliuretano que se sobrepõe será inteiriça de forma a cobrir toda a extensão da primeira camada. A conformação do curativo resulta que entre a ferida e a porção de espuma pré-moldada ou as duas camadas de espuma de poliuretano modeladas, define-se um espaço central, contornado por espuma, para conter tecido adiposo preparado para enxertia direta sobre o leito do ferimento, que corresponde ao espaço obtido pela remoção do poliuretano na porção central da primeira camada somado ao espaço ulcerado da ferida.

[012] O presente curativo por pressão negativa ora descrito apresenta as seguintes vantagens:

[013] - protege a pele íntegra ao redor da ferida;

[014] - propicia a remoção do exsudato da ferida;

[015] - prevê um espaço para contenção da gordura dentro dos limites da ferida;

[016] - não remove a gordura enxertada com sua pressão negativa;

[017] - compacta e estabiliza a gordura no leito da ferida, criando condição melhor para sua integração;

[018] - reduz a ação bacteriana sobre a gordura;

[019] - melhora a oxigenação da gordura;

[020] - promove neoangiogenese não só pelo efeito da pressão negativa, como também pelo propriedade dos fatores inflamatórios da gordura enxertada;

[021] O presente curativo poderá ser compreendido pelas figuras anexas, que é uma das formas de realização do curativo, onde:

[022] A Figura 1 ilustra a vista explodida do curativo composto por sucessivas camadas.

[023] A Figura 2 ilustra corte de perfil da disposição das camadas do curativo. [024] A Figura 3 ilustra a visão de secção transversal (corte de perfil) da disposição das camadas do curativo para aplicação de terapia de pressão negativa com enxerto de gordura, com a espuma em monobloco.

[025] De acordo com as Figuras 1 a 2, o curativo (1 ) é composto por duas camadas de espuma de poliuretano (4 e 6), onde a primeira camada (6) apresenta-se removida sua porção central, que deverá ter diâmetro e contorno de acordo com a extensão da ferida (8) a ser tratada. A segunda camada (4) aplica-se sobre a primeira (6) como uma tampa (4) e suporta a linha (5) de distribuição de pressão negativa. A primeira camada (6) de espuma de poliuretano deverá ter sob toda a sua extensão inferior uma tela (7) de polipropileno ou material similar, vaselinada, para proteção da pele (9) ao redor da ferida (8). Como opção, pode-se também colocar uma tela vaselinada sob a segunda camada de espuma e para a proteção do enxerto de gordura (3). Ao final, sobre todas as camadas (4, 6) de espumas de poliuretano aplica-se um plástico filme adesivo (2) para vedação do ambiente ao redor da ferida (8), para que se evitem vazamentos e consiga-se a manutenção da aplicação de TFPN de maneira constante sobre a ferida. A espuma com cavidade central poderá permanecer por até sete dias corridos sobre a ferida.

[026] De acordo com a figura 3, em substituição à segunda camada (4) aplicada sobre a primeira (6), será aplicada uma única camada de espuma correspondendo a um monobloco (10), ou seja, em peça única com cavidade central. Sob o mesmo, aplica-se, da mesma maneira, para proteger a pele, uma tela (7) de polipropileno vaselinada.