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Patent Searching and Data


Title:
RED PROPOLIS EXTRACT-LOADED NANOSPHERES, METHOD FOR OBTAINING NANOSPHERES, DERMOCOSMETIC COMPOSITIONS CONTAINING SAME, AND USES
Document Type and Number:
WIPO Patent Application WO/2018/023182
Kind Code:
A1
Abstract:
The present invention discloses red propolis extract-loaded nanospheres (RPNs), composed of standardized hydroalcoholic extract of red propolis originating from red propolis in its natural form, and of polymeric matrices having a function of nanoencapsulation, dispersion and stabilization, and preventing auto-oxidation of creams. The RPNs in suspension or in solid form are considered to be intermediate products in the production of dermocosmetic compositions. The invention also relates to the processes of characterization of the nanoscale red propolis extract-loaded nanospheres, and also to the identification of isoflavonoids and antioxidant activity and a leishmanicidal action. In addition, the present embodiment of the invention discloses processes for obtaining the dermocosmetic compositions containing the RPNs, preferably in the form of non-ionic creams, a cationic cream form also being possible. Lastly, uses are disclosed for the dermocosmetic compositions containing red propolis extract-loaded nanospheres in the treatment of leishmaniasis, as healing agent and antioxidant.

Inventors:
DO NASCIMENTO TICIANO GOMES (BR)
DE LIMA MÁRIO CALHEIROS (BR)
AZEVEDO LAIS FARIAS (BR)
SILVA PRISCILLA DA FONSECA (BR)
JÚNIOR IRINALDO DINIZ BASÍLIO (BR)
DA SILVA MARIA CRISTINA DELGADO (BR)
TONHOLO JOSEALDO (BR)
DORNELAS CAMILA BRAGA (BR)
FONSECA EDUARDO JORGE DA SILVA (BR)
BARBOSA CÍRIA VIEIRA (BR)
RIBEIRO ANA RÚBIA BATISTA (BR)
FILHO CANTÍDIO FRANCISCO DE LIMA (BR)
PORTO ISABEL CRISTINA CELERINO DE MORAES (BR)
BRANDÃO MARIANNA PORFÍRIO (BR)
DA ROCHA LOUISIANNY GUERRA (BR)
Application Number:
PCT/BR2017/050088
Publication Date:
February 08, 2018
Filing Date:
April 13, 2017
Export Citation:
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Assignee:
UNIV FEDERAL ALAGOAS (BR)
APÍCULA FERNÃO VELHO (BR)
International Classes:
A61K9/51; A61K9/52; A61K35/644; A61K47/32; A61K47/34; A61K47/38; A61P17/02; A61P17/18; A61P33/02
Domestic Patent References:
WO2012054999A12012-05-03
Foreign References:
BR102015016405A22017-07-04
Other References:
TICIANO GOMES DO NASCIMENTO ET AL.: "Polymeric Nanoparticles of Brazilian Red Propolis Extract: Preparation, Characterization, Antioxidant and Leishmanicidal Activity", NANOSCALE RESEARCH LETTERS, vol. 11, 2016, pages 301, XP055461546
DIANA COPI AYRES ET AL.: "Effects of Brazilian propolis on Leishmania amazonensis", MEM INST OSWALDO CRUZ, vol. 102, no. 2, March 2007 (2007-03-01), Rio de Janeiro, pages 215 - 220, XP055461551
JULIE MASSAYO MAEDA ODA ET AL.: "Propolis extract action in Leishmaniasis, Semina: Ciencias Biológicas e da Saude", LONDRINA, vol. 32, no. l, January 2011 (2011-01-01), pages 111 - 121
Attorney, Agent or Firm:
REMER VILLAÇA & NOGUEIRA ASSESSORIA E CONSULTORIA DE PROPRIEDADE INTELECTUAL S/S (BR)
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Claims:
Reivindicações

1 . Nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha caracterizado por compreender princípios ativos derivados da própolis vermelha.

2. Nanoesferas carregadas com extrato de própolis caracterizado por os princípios ativos serem derivados de extratos de própolis vermelha e apresentar porcentagem final de extrato de própolis vermelha entre 14 e 69%.

3. Nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha, de acordo com as reivindicações 1 e 2, caracterizado pelo fato de compreender:

a) extrato padronizado de própolis vermelha proveniente da própolis vermelha in natura dos manguezais de Alagoas em proporção entre 5 a 100%; b) encapsulante de nanorevestimento em proporção entre 5 e 95%, preferencialmente entre 30 e 86%;

c) dispersante com função estabilizante em proporção entre 5 e 95%, preferencialmente entre 15 e 35%.

4. Nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha, de acordo com a reivindicação 3, caracterizado por compreender:

a) sistema encapsulante de nanorevestimento composto por sistema binário, composto por a) poli-s-caprolactona (P.M 10.000) e pluronic F-108 (P.M. 14.000), ou b) poli-s-caprolactona (P.M. 10.000) e Pluronic F-68 para obter composições NPCL;

b) sistema encapsulante de nanorevetimento composto por sistema binário, composto por eudragit E-100 (P.M 14.000) e pluronic F-108 (P.M. 14.000) para obter composições NEU;

c) sistema encapsulante de nanorevestimento composto por sistema ternário, composto por poli-s-caprolactona (P.M 10.000), eudragit E-100 e pluronic F-108 (P.M. 14.000) para obter composições NEUPCL.

5. Nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha, de acordo com as reivindicações 1 a 4, caracterizado por apresentar propriedades de liberação controlada.

6. Nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha, de acordo com as reivindicações 1 a 4, caracterizado por apresentar propriedades de proteção da composição dermocosmética de incompatibilidades químicas entre os compostos fenólicos presentes no extrato de própolis e demais excipientes cosméticos.

7. Nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha, de acordo com as reivindicações 1 a 4, caracterizado por apresentar propriedades de fotoproteção dos compostos fenólicos presentes no extrato de própolis.

8. Nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha, de acordo com as reivindicações 1 a 4, caracterizado por apresentar propriedades de biocompatibilidade e biodegradabilidade sem apresentar qualquer risco quando aplicado topicamente sobre a pele.

9. Nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha, de acordo com as reivindicações de 1 a 8, caracterizado por conter, entre seus componentes, compostos derivados de própolis vermelha, preferencialmente extrato padronizado de própolis vermelha, para uso no tratamento dermocosmético com ação leishmanicida para tratamento de leishmanioses cutâneas.

10. Nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha, de acordo com a reivindicação 9, caracterizado por conter, entre seus componentes, compostos derivados de própolis vermelha, preferencialmente extrato padronizado de própolis vermelha, para uso no tratamento dermocosmético com ação leishmanicida para tratamento de leishmanioses e, especificamente, causados pelo género Leishmania brazilisensis.

1 1 . Nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha, de acordo com as reivindicações 9 e 10, caracterizado por conter, entre seus componentes, compostos derivados de própolis vermelha, preferencialmente extrato padronizado de própolis vermelha, para uso no tratamento dermocosmético com ação antioxidante e anti-inflamatória para tratamento de leishmanioses cutâneas causadas pela Leishmania brazilisensis.

12. Nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha, de acordo com as reivindicações de 1 a 8, caracterizado por conter, entre seus componentes, compostos derivados de própolis vermelha, preferencialmente extrato padronizado de própolis vermelha, para uso no tratamento dermocosmético com ação antioxidante e hidratante em processos inflamatórios eritematosos, causados, preferencialmente, por ação de excesso de exposição de luz solar ou luz artificial.

13. Nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha, de acordo com as reivindicações de 1 a 8, caracterizado por conter, entre seus componentes, compostos derivados de própolis vermelha, preferencialmente extrato padronizado de própolis vermelha, para uso no tratamento dermocosmético com ação antioxidante e hidratante em processos inflamatórios de dermatite atópica.

14. Nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha, de acordo com as reivindicações de 1 a 8, caracterizado por conter, entre seus componentes, compostos derivados de própolis vermelha, preferencialmente extrato padronizado de própolis vermelha, para uso no tratamento dermocosmético com ação antioxidante e antirrugas em processos de envelhecimento natural da pele causados, preferencialmente, por exposição da pele as variações climáticas ou exposição da pele a agentes químicos, físicos, bem como deficiências bioquímicas ou nutricionais.

15. Nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha, de acordo com as reivindicações de 1 a 8, caracterizado por conter, entre seus componentes, compostos derivados de própolis vermelha, preferencialmente extrato padronizado de própolis vermelha, para uso no tratamento dermocosmético com ação antioxidante retardando o envelhecimento precoce da pele e demais efeitos causados por ação de agentes extrínsecos.

16. Processo de obtenção de nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha, caracterizado por compreender as seguintes etapas:

i) Preparação do extrato padronizado de própolis vermelha a partir da própolis vermelha in natura;

ii) Preparação de suspensões de nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha por solubilização dos componentes da fase orgânica e componentes da fase aquosa em volumes e concentrações específicas, em recipientes separados, usando banho ultrassônico;

iii) Preparação das suspensões de nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha por técnica de nanoprecipitação dos componentes da fase orgânica sobre a fase aquosa usando proporções e concentrações específicas dos componentes da fase orgânica e da fase aquosa, conforme descrito em ii);

iv) Preparação das nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha por centrifugação, usando velocidade de rotação e tempo específicos seguido de técnica de concentração das suspensões de nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha;

v) Secagem das nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha com obtidas em iv) usando técnicas de congelamento rápido, seguido de secagem por liofilização usando condições de baixa pressão;

vi) Caracterização das suspensões de nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha usando técnicas de: distribuição do diâmetro médio das partículas, índice de polidispersão, potencial zeta e pH;

vii) Caracterização das nanoesferas sólidas carregadas com extrato de própolis vermelha usando técnicas de: DSC, FTIR, MEV, UPLC-DAD, atividade antioxidante;

viii) Caracterização biológica das nanoesferas sólidas carregadas com extrato de própolis vermelha usando método in vitro de atividade leishmanicida contra Leishmania braziliensis.

17. Processo de obtenção de nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha, de acordo com a reivindicação 16, caracterizado pelo fato de, na etapa iii), o extrato bruto é solubilizado juntamente com agente encapsulante poli-s-caprolactona responsável pela nanoencapsulação do extrato de própolis vermelha para obter composições NPCL.

18. Processo de obtenção de nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha, de acordo com a reivindicação 16, caracterizado pelo fato de, na etapa iii), o extrato bruto é solubilizado juntamente com agente encapsulante Eudragit E-100 responsável pela nanoencapsulação do extrato de própolis vermelha para obter composições NEU.

19. Processo de obtenção de nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha, de acordo com a reivindicação 16, caracterizado pelo fato de, na etapa iii), o extrato bruto é solubilizado juntamente com agentes encapsulantes poli-s-caprolactona e Eudragit E-100 responsáveis pela nanoencapsulação do extrato de própolis vermelha para obter composições NEUPCL.

20. Processo de obtenção de nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha, de acordo com a reivindicação 16, caracterizado pelo fato de, na etapa iii), são adicionados a fase aquosa agente dispersante/estabilizante pluronic F-108 ou pluronic F-68, preferencialmente, pluronic F-108 copolímero tribloco responsável pela nanodispersão e estabilização das nanopartículas poliméricas em suspensão.

21 . Processo de obtenção de nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha, de acordo com a reivindicação 16, caracterizado pelo fato de, na etapa iii) a adição dos componentes da composição com proporção de sólidos entre 5% a 80% do extrato padronizado de própolis vermelha, entre 10% a 70% de agente encapsulante, e entre 10% a 35% de agente dispersante.

22. Processo de obtenção de nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha, de acordo com a reivindicação 16, caracterizado pelo fato de, na etapa v), a secagem das nanoesferas no estado sólido podem ocorrer na presença de crioprotetores aerosil entre 0,1 a 10%, bem como glicolato de amido sódico entre 0,1 a 30%.

23. Processo de obtenção suspensões de nanopartículas carregadas com extrato de própolis vermelha, de acordo com a reivindicação 16, caracterizado pelo fato de, na etapa vi) obter um diâmetro médio das partículas entre 107 a 177 nm, índice de polidispersão entre 0,130 a 0,180, e potencial zeta entre +37,3 a +54,6mV para as composições ditas NEU.

24. Processo de obtenção suspensões de nanopartículas carregadas com extrato de própolis vermelha, de acordo com a reivindicação 16, caracterizado pelo fato de, na etapa vi) obter um diâmetro médio das partículas entre 191 a 221 ,1 nm, índice de polidispersão entre 0,090 a 0,120, e potencial zeta entre +18,0 a +32,4mV para as composições ditas NEUPCL;

25. Processo de obtenção de nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha, de acordo com a reivindicação 16, caracterizado pelo fato de, na etapa vii) comprova-se o revestimento das nanopartículas poliméricas contendo extrato de própolis vermelha usando DSC, FTIR e MEV.

26. Processo de obtenção de nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha, de acordo com a reivindicação 16, caracterizado pelo fato de, na etapa vii) comprova-se o grau de encapsulação das nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha usando UPLC-DAD.

27. Processo de obtenção suspensões de nanopartículas carregadas com extrato de própolis vermelha, de acordo com a reivindicação 16, caracterizado pelo fato de, na etapa viii) as nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha comprova-se atividade leishmaniciada para as composições NEU e NPCL com valores de IC50 de 179^g/ml_ e 31 ,16 μg/mL, respectivamente.

28. Composição, caracterizada por compreender nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha como princípio ativo, isoladamente ou em conjunto com outros ativos.

29. Composição, de acordo com a reivindicação 28, caracterizada por ser, preferencialmente formulações semissólidas, como creme não-iônicos, gel, gel-creme, loções, loções não-iônicas, cremes cationicos, pomada-creme, pós, pós para maquiagem, clareadores de pele, máscaras faciais;

30. Composição, de acordo com a reivindicação 28, caracterizada por compreender (i) um núcleo contendo substância(s) ativa(s) de própolis vermelha combinado com agente de revestimento; (ii) uma camada intermediária de dispersante e estabilizante de as substância(s) ativa(s) contidas no núcleo; (iii) uma camada externa óleo-aquosa responsável pelos processos dissolução e permeação dos constituintes ativos do extrato de própolis vermelha pelas barreiras da pele.

31 . Composição, de acordo com a reivindicação 28, caracterizada por apresentar característica polimultifuncional de liberação modificada, antioxidante, ação leishmanicida e fotoproteção.

32. Composição, de acordo com a reivindicação 28, caracterizada por apresentar um núcleo i) com função de proteção da composição contra auto- oxidação e fotodegradação dos constituintes presentes na composição dermocosmética.

33. Composição, de acordo com a reivindicação 28, caracterizada por compreender um núcleo (i) composto pelas substâncias ativas da própolis vermelha, derivadas do extrato padronizado da própolis vermelha e matriz de revestimento polimérico biocompatível e biodegradável e, apresentar proporção entre 0,01 % e 10%, preferencialmente entre 0,01 e 5%, em relação ao peso total da composição.

34. Composição, de acordo com a reivindicação 28, caracterizada por compreender uma camada intermediária (ii) composta por excipientes cosméticos, preferencialmente agentes dispersantes e estabilizantes do núcleo, na porcentagem entre 0,01 % e 95% do peso total da camada intermediária, de acordo com a funcionalidade do excipiente cosmética na matriz dermocosmética e, apresentar proporção entre 0,01 % e 100%, preferencialmente entre 0,01 e 75%, em relação ao peso total da composição.

35. Composição, de acordo com a reivindicação 28, caracterizada por compreender uma camada externa (iii) com excipientes cosméticos, com diversas funcionalidades, preferencialmente pela diluição, dispersão e estabilização da camada intermediária e do núcleo na composição, bem como pela dissolução e permeação dos constituintes ativos do extrato de própolis vermelha pelas barreiras da pele, na porcentagem entre 0,01 % e 100% do peso total da camada externa, de acordo com a funcionalidade do excipiente farmacêutico na matriz farmacêutica e, apresentar proporção entre 0,01 % e 100%, preferencialmente entre 0,01 e 99,9%, em relação ao peso total da composição.

36. Composição, de acordo com a reivindicação 28, caracterizada por compreender na camada externa (iii) excipientes cosméticos, com diversas funcionalidades, preferencialmente emolientes, agentes de consistência, amacientes, hidrantes, umectantes, promotores de espalhabilidade, refrescantes, formadores de filme, nutritivos, rejuvenecedores, promotores de renovação celular, esfoliantes, promotores de elasticidade, agentes de ação antirrugas, agentes de ação antioxidante, modificadores sensoriais, preservantes, conservantes, odorizantes e, apresentar proporção entre 0,01 % e 100%, preferencialmente entre 0,01 e 99,9%, em relação ao peso total da composição.

37. Composição, de acordo com a reivindicação 28, caracterizada por compreender uma camada externa com excipientes cosméticos como emolientes, agentes de consistência, amaciente, hidrantes, umectantes, espalhabilidade, refrescante, formador de filme, nutritivo, rejuvenecedores, renovação celular, esfoliantes, promotores de elasticidade, antirrugas, antioxidantes, modificadores sensoriais, preservantes, conservantes, odorizantes e, apresentar proporção entre 0,01 % e 100%, preferencialmente entre 0,01 e 99,9%, em relação ao peso total da composição.

38. Composição, de acordo com a reivindicação 28, caracterizada por compreender uma camada externa com e outros ativos dermatológicos hidrofílicos e lipofílicos podendo ser naturais ou sintéticos e, apresentar proporção entre 0,01 % e 100%, preferencialmente entre 0,01 e 99,9%, em relação ao peso total da composição.

39. Uso de composições combinadas com nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha, de acordo com as reivindicações 9, 10, 1 1 e 27, caracterizado por ser isoladamente um agente leishmanicida ou como adjuvante, para tratar a leishmaniose cutânea causada pelo parasita Leishmania sp.

40. Uso de composições combinadas com nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha, de acordo com as reivindicações 9, 10, 1 1 e 27, caracterizado por ser isoladamente um agente leishmanicida ou como adjuvante, para combater lesões cutâneas causados pelo Leishmania (V.) braziliensis.

41 . Uso de composições combinadas com nanopartículas poliméricas contendo extrato de própolis vermelha, de acordo com as reivindicações 28 a 38, caracterizado por ser isoladamente ou como agente adjuvante, para tratamento dermocosmético com ação antioxidante, cicatrizante de feridas causadas pela leishmaniose cutânea.

42. Uso de composições combinadas com nanopartículas poliméricas contendo extrato de própolis vermelha, de acordo com as reivindicações 28 a 38, caracterizado por ser isoladamente ou como agente adjuvante, para tratamento dermocosmético com ação antioxidante, cicatrizante em tratamento pré-cirúrgicos e pós-cirúrgicos de feridas.

43. Uso de composições combinadas com nanopartículas poliméricas contendo extrato de própolis vermelha, de acordo com as reivindicações 28 a 38, caracterizado por ser isoladamente ou como agente adjuvante, para tratamento dermocosmético com ação antioxidante, nutritiva e estética da pele causadas por deficiências bioquímicas ou nutricional.

44. Uso de composições combinadas com nanopartículas poliméricas contendo extrato de própolis vermelha, de acordo com as reivindicações 28 a 38, caracterizado por ser isoladamente um agente antioxidante ou como adjuvante, para combater processos de antienvelhecimento da pele e órgãos anexos.

45. Uso de composições combinadas com nanopartículas poliméricas contendo extrato de própolis vermelha, de acordo com as reivindicações 28 a 38, caracterizado por ser isoladamente ou com um agente adjuvante, para tratamento dermocosmético de processos de renovação celular cutânea, antiinflamatório e hidratante em processos inflamatórios eritematosos causados por ação de excesso de exposição de luz solar ou luz artificial.

46. Uso de composições combinadas com nanopartículas poliméricas contendo extrato de própolis vermelha, de acordo com as reivindicações 28 a 38, caracterizado por ser isoladamente ou como agente adjuvante, para tratamento dermocosmético com ação antioxidante e antirrugas em processos de envelhecimento natural da pele causados por exposição da pele às variações climáticas ou exposição da pele a agentes químicos e físicos.

47. Uso de composições combinadas com nanopartículas poliméricas contendo extrato de própolis vermelha, de acordo com as reivindicações 28 a 38, caracterizado por ser isoladamente ou como agente adjuvante, para tratamento dermocosmético com ação antioxidante e na lipoxidação de gorduras localizadas e celulites.

48. Uso de composições combinadas com nanopartículas poliméricas contendo extrato de própolis vermelha, de acordo com as reivindicações 28 a 38, caracterizado por ser isoladamente ou como agente adjuvante, para tratamento dermocosmético com ação antiacne e para tratamento de peles com produção excessiva de oleosidade.

49. Uso de composições combinadas com nanopartículas poliméricas contendo extrato de própolis vermelha, de acordo com as reivindicações 28 a 38, caracterizado por ser isoladamente ou como agente adjuvante, para tratamento dermocosmético e estético de clareamento da pele.

50. Uso de composições combinadas com nanopartículas poliméricas contendo extrato de própolis vermelha, de acordo com as reivindicações 28 a 38, caracterizado por ser isoladamente ou como agente adjuvante, para tratamento dermocosmético e estético de hipopigmentação da pele e tratamento do vitiligo.

Description:
Relatório Descritivo de Patente de Invenção

NANOESFERAS CARREGADAS COM EXTRATO DE PRÓPOLIS VERMELHA, PROCESSO DE OBTENÇÃO DE NANOESFERAS, COMPOSIÇÕES

DERMOCOSMÉTICAS CONTENDO AS MESMAS E USOS

Campo da Invenção

[0001] A presente invenção pertence ao campo de produtos naturais com utilidade na saúde pública em estética e beleza, mais especificamente aqueles dos sistemas de nanopartículas carregadas com princípios ativos do extrato de própolis vermelha com atividades biológicas, destinados a uma administração na via dérmica e nas mucosas. São propostos nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha (NPV), processos de obtenção de NPV, e composições dermocosméticas contendo NPV e usos. A produção de NPV está ligada à utilização de extrato hidroalcoolico padronizado de própolis vermelha, princípio ativo das NPV, e de sistema de matrizes de polímeros farmacêuticos orgânicos com função encapsulante, dispersante e estabilizante destas nanoesferas em suspensão, que serão nanoprecipitadas e liofilizadas para obter nanoesferas poliméricas contendo extrato de própolis vermelha no estado sólido que serão utilizadas para produção de composições dermocosméticas. Por fim, as composições dermocosméticas contendo as NPEPV apresentam aplicação em setores dermocosméticos e cosmecêuticos, em tratamento de estética, beleza, em cirurgias reparadoras, devido a sua atividade antioxidante, anti-inflamatória, anticancerígena, cicatrizante, bem como por sua ação leishmanicida.

Antecedentes da Invenção

[0002] Os constituintes da própolis vêm sendo identificados no mundo inteiro (Pietta, P.; Gardana, C; Scaglianti, M.; Simonetti, P., Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis, V. 45, p. 390-399, 2007). Os flavonoides, ácidos fenólicos e terpenos são as principais substâncias encontradas e utilizadas para rastrear a qualidade e, em alguns casos, para demonstrar a autenticidade da própolis de algumas regiões geográficas (Volpi, N.; Bergonzini, G., Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis, V. 42, p. 354-361 , 2006). Dentre os flavonoides e ácidos fenólicos mais comumente utilizados como marcadores, podem ser citados: quercetina, canferol, naringenina, crisina, pinocembrina, galangina (flavonoides); ácido gálico, ácido caféico, ácido p-coumárico, ácido ferúlico, ácido cinâmicos e derivados (ácido fenólicos), clerodanos (diterpenóides) (Rosalen, P.L.; Castro, M. L; Cury, J.A., Química Nova, V. 30, N. 07, 1512-1517, 2007); (Yao, L; Jiang, Y.; Singanusong, R., Datta, N.; Raymont, K., Food Chemistry, V. 86, p.169-177, 2004); (Weston, R. J., Mitchell, K. R., Allen, K. L, Food Research International, V. 37, p. 166-174, 2004).

[0003] O uso popular cada vez crescente de própolis e seus derivados com ação antimicrobiana (Sforcin, J.M; Fernandes Jr., A.; Lopes, C. A. M.; Bankova, V. And Funari, S. R. C, J. Ethnopharmacology, V. 73, p. 243-249, 1998), anti-inflamatória (Khayyal, M.T.; el-Ghazaly, M.A.; el-Khatib, A.S., Drug Experimental and Clinicai Research, V. 19, p. 197-203, 1993), antiviral (Vynograd, N.; Vynograd, I.; Sosnowisky, Z., Phytomedicine, V. 7, p. 1 -6, 2000), anticarcinogênica (Bazo, A. P.; Rodrigues, M. A. M.; Sforcin, J.M.; Camargo, J.L.V., Ribeiro, J.L.; Salvadori, D. M.F., Teratogenis, Carcinogenis and Mutagenis, V. 22, p. 183-194, 2002) e imunomodulatória (Sforcin, J. M., Kanemo, R. Funari, S. R. C, Journal of Venemous Animal and Toxins, V. 8, p. 19-29, 2002); (Sá-Nunes, A.; Faccioli, L.H., Sforcin, J. M., Journal of Ethnopharmacology, V.83, p. 93-97, 2003) vem demonstrando o grande poder terapêutico da própolis em substituição aos medicamentos sintéticos convencionais.

[0004] A caracterização de todas estas atividades biológicas associadas à tendência de utilização de produtos naturais tem resultado num aumento da demanda de própolis e produtos contendo própolis, como extratos, cremes, pomadas, comprimidos, cápsulas, ou pós (H. Menezes, M. Bacci Jr., S. D. Oliveira, F. C. Pagnocca, Antibacterial properties of própolis and products containingpropolis from Brazil, Apidologie, V. 28, p. 71 -76, 1997).

[0005] Em se tratando da própolis vermelha, esta foi classificada como o 13° subtipo de própolis brasileira encontrada nas regiões de mangues, lagoas, rios e praias do nordeste brasileiro entre os estados da Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba pelo pesquisador (Andreas Daugsch, Cleber S. Moraes, Patrícia Fort and Yong K. Park, Brazilian Red Própolis— Chemical Composition and Botanical Origin, eCAM 2008;5(4)435^141 doi:10.1093/ecam/nem057). A principal origem botânica da própolis vermelha se deve a planta Dalbergia ecastophyllum, localmente conhecida como Rabo-de-Bugio, que apresenta um exsudado resinoso vermelho liberado da sua seiva.

[0006] Pesquisadores nacionais e internacionais com expertise em própolis vêm identificando os constituintes da própolis vermelha. Foram identificados 1 1 isoflavonóides e 1 chalcona da própolis vermelha cubana e dentre estas substâncias podemos citar: Formononetina (Biochanina B), Bichanina A, vestitol, orto-metil vestitol, medicarpina, homopterocarpina, outros derivados pterocarpanos, liquiritigenina e isoliquiritigenina (chalcona) (Anna Piccinelli e col. J. Agric. Food Chem. 2005, 53, 9010-9016). Foram identificadas também outras subclasses de flavonoides, incluindo novos tipos de flavonoides da própolis vermelha da região nordeste e que podemos citar: rutina, quercetina, luteolina, pinocembrina e biochanina A, formononetina, daidzeina, liquiritigenina, pinobanksina, dalbergina (neoflavonóides) (Andreas Daugsch, Cleber S. Moraes, Patrícia Fort and Yong K. Park, Brazilian Red Própolis— Chemical Composition and Botanical Origin, eCAM, Evidence-based complementary and alternative medicine, 2008;5(4)435-441 doi:10.1093/ecam/nem057).

[0007] Pesquisadores estudando a própolis vermelha da região dos manguezais de Marechal Deodoro-Alagoas, identificaram o flavonóide crisina e quercetina, novos isoflavonóides na própolis vermelha de Alagoas, o vestitol, 2 ' 4 ' dihidroximetoxi flavana, benzofenonas isopreniladas, bem como ácido ferúlico e ésteres fenólicos metoxieugenol, metileugenol, guiacol, ésteres dimetílicos de ácido butanenodióico, ésteres metílicos de ácido hexadecanóico (Bruno B. Silva, Pedro L. Rosalen, Jaime A. Cury, Masaharu Ikegaki, Vinícius C. Souza, Alessandro Esteves and Severino M. Alencar Chemical Composition and Botanical Origin of Red Propolis,a New Type of Brazilian Propolis, eCAM, evidence based complementary and alternative medicine 2008;5(3)313-316, doi:10.1093/ecam/nem059).

[0008] Adicionalmente, pesquisadores identificaram 14 substâncias na própolis vermelha dos manguezais de Alagoas, dentre eles triterpenos (cicloartenol, lupeol, elemicina, α-amirina e β-amirina), ácidos fenólicos (anetol, eugenol e metileugenol), isoflavonoides (isosativan, medicarpina) (Boryana Trusheva, Milena Popova, Vassya Bankova, Svetiana Simova, Maria Cristina Marcucci, Patrícia Laguna Miorin, Flavia da Rocha Pasin and Iva Tsvetkova, Bioactive Constituents of Brazilian Red Propolis, eCAM, evidence-based complementary and alternative medicine 2006;3(2)249-254, doi:10.1093/ecam/nel006).

[0009] Com vistas à descoberta de moléculas e seus alvos terapêuticos para cura das doenças, a própolis vermelha tem sido submetida a diversos estudos detalhados sobre suas atividades biológicas. Pesquisas de identificação e elucidação estrutural de novas substâncias continuam sendo desenvolvidas na identificação de novas substâncias presentes no extrato de própolis vermelha. Foram identificados uma nova chalcona, 3, 4, 2 ' ,3 ' tetrahidroxchalcona e um novo flavonóide C-glicosilado, a narigenina-8-C- hexoside, além do (3S)-vestitol e (3S)-7-O-metilvestitol (Adne A Righi, Thiago R Alves, Giuseppina Negri, Lucas M Marques, Henrique Breyer and Antonio Saiatino, Brazilian red propolis: unreported substances, antioxidant and antimicrobial actívities, J Sei Food Agric 201 1 ; 91 : 2383-2370, DOI 10.1002/jsfa.4468). Pesquisas biológicas com o extrato etanólico de própolis vermelha e substâncias isoladas, o vestitol e o neovestitol, demonstraram atividade antiinflamatória na concentração de 10mg/Kg e atividade antimicrobiana em concentações entre 6 a 100μg/mL (Bruno Bueno-Silva, Severino M. Alencar, Hyun Koo, Masaharu Ikegaki, Gil V. J. Silva, Marcelo H. Napimoga, and Pedro L. Rosalen, Anti-lnflammatory and Antimicrobial Evaluation of Neovestitol and Vestitol Isolated from Brazilian Red Propolis, J. Agric. Food Chem. 2013, V. 61 , p. 4546-4550, dx.doi.org/10.1021/jf305468f).

[0010] OS extratos de própolis vermelha enriquecidos com xantochimol e formononetina vêm apresentando atividades antitumoral in vitro contra diferentes linhagens de células como melanoma usando linhagem celular B16F10, ATCC CRL6475 (Estela Maria Novak, Martha Silveira e Costa Silva,Maria Cristina Marcucci, Alexandra Christine Helena Frankland Sawaya, Begoha Giménez-Cassina López, Maria Angela Henriques Zanella Fortes, Ricardo Rodrigues Giorgi, Kamila Tamie Marumo, Rosângela Felipe Rodrigues, Durvanei Augusto Maria. Antitumoural activity of Brazilian red propolis fraction enriched with xanthochymol and formononetin: An in vitro and in vivo study, Journal of Functional Foods, 1 1 , (2014), 91 -102).

[0011] Extrato etanólico de própolis vermelha vem apresentando atividade contra células de câncer das linhagens de glioblastoma (SF-295), ovário (Ovcar-8) e de cólon (HCT-1 16) (Izabel Cristina Gomes de Mendonça, Isabel Cristina Celerino de Moraes Porto, Ticiano Gomes do Nascimento, Naiana Soares de Souza, José Marcos dos Santos Oliveira, Rodolfo Elleson dos Santos Arruda, Kristiana Cerqueira Mousinho, Aldenir Feitosa dos Santos, Irinaldo Diniz Basílio-Júnior, Abhishek Parolia, Francisco Stefânio Barreto, Brazilian red propolis: phytochemical screening, antioxidant activity and effect against câncer cells, BMC Complementary and Alternative Medicine (2015) 15:357.DOI 10.1 186/s12906-015-0888-9).

[0012] Estudos de identificação proteômica dos marcadores celulares de câncer de laringe também demonstraram atividade do extrato de própolis vermelha contra linhagens de células laringeal epidermóide frente as cepas ATCC Hep-2 (Caroline Olivieri da Silva Frozza, Tanara da Silva Ribeiro, Gabriela Gambato, Caroline Menti, Sidnei Moura, Paulo Marcos Pinto, Charley Christian Staats, Francine Ferreira Padilha, Karine Rech Begnini, Priscila Marques Moura de Leon, Sibele Borsuk, Lucielli Savegnago, Odir Dellagostin, Tiago Collares, Fabiana Kõmmling Seixas, João Antonio Pêgas Henriques, Mariana Roesch-Ely, Proteomic analysis identifies differentially expressed proteins after red propolis treatment in Hep-2 cells, Food and Chemical Toxicology 63 (2014) 195-204).

[0013] Em todo o mundo existem pesquisas para curar doenças negligenciáveis como a leishmaniose e os extratos de própolis também vem demonstrando atividade contra estes parasitas. Duran et al. (201 1 ) (Duran, N., Muz, M., Culha, G., Duran, G., Ozer, B. 201 1 . GC-MS analysis and antileishmanial activities of two Turkish propolis types. Parasitology research, 108, 95-105,) mostraram atividade leishmanicida para 2 tipos de extratos de própolis da Turquia (própolis Hatay e própolis Bursa) e demonstrou um IC50 de 250μg/mL e 500μg/mL, respectivamente. Outro estudo relevante por Duran et al. (2008) (Duran, G., Duran, N., Culha, G., Ozcan, B., Oztas, H., Ozer, B. 2008. In vitro antileishmanial activity of Adana propolis samples on Leishmania trópica: a preliminary study. Parasitology Research, 102, 1217-1225) revelou bons resultados para Adana Própolis contra leishmania em concentrações de 250μg/mL. Outro tipo de extrato de própolis turca (própolis Kayseri) estudada por Ozbilge et al. (2010) (Ozbilge, H., Kaya, E.G., Albayrak, S., Silici, S. 201 0. Anti-leishmanial activities of ethanolic extract of Kayseri propolis. African Journal of Microbiology Research. 4, 556-560.) demonstraram atividade leishmanicida contra a Leishmania trópica com IC50 de 32μg/mL. Estudo comparativo dos extratos de própolis verde Brasileira e extrato de própolis búlgara realizadas por Machado et al. (2007) mostraram atividade contra leishmanicidas 4 espécies diferentes de Leishmania chagasi (amazonensis braziliensis e Major). Extrato de própolis verde brasileira mostrou IC50 perto de 49μg/mL contra espécies braziliensis chagasi e Major, enquanto o extrato de própolis búlgara apresentou atividade leishmanicida para as espécies amazonensis, chagasi e Major com IC50 entre 2,8 μg/mL e 41 ^g/mL. Extrato de própolis vermelha brasileira foi avaliado em macrófagos infectados com Leishmania amazonensis, e demonstrou que a concentração de 25 ug/mL é capaz de aumentar a actividade redutora de MTT sendo activos contra parasitas intracelulares presentes em macrófagos (Ayres, D.C., Marcucci, M.C., Giorgio, S. 2007. Effects of Brazilian propolis on Leishmania amazonensis. 39 Memórias Instituto Oswaldo Cruz, 102, 215-220.).

[0014] A presença de vários flavonoides e ácidos fenólicos em extratos e tinturas de propolis mostram que estas substâncias agem sinergisticamente em ação citostática/citotóxica, anti-inflamatória, cicatrizante, antimicrobiana e antioxidante. Desta forma, o coquetel de substâncias combinadas, mesmo que em baixas concentrações, irá promover uma potente ação contra os agentes patogênicos. O desenvolvimento e produção de fitoterápicos e opoterápicos vêm sendo regulado no país com as resoluções que estabelecem metodologias de controle de qualidade desses produtos. Estudos de padronização do fitoterápico e opoterápicos preconizam ensaios de modo a garantir a qualidade destas classes de medicamentos desde a coleta, screening fitoquímico, determinação qualitativa e quantitativa de marcadores fitoquímicos, teste de autenticidade, processamento, produção, estudo de estabilidade, validação de metodologias analíticas, embalagens e controle de qualidade de produto.

[0015] Devido às suas características diferenciadas em termos de composição química e múltiplas atividades biológicas, bem como por apresentar características de produção e manejo padronizado nas áreas de manguezais de Alagoas-Brasil, respeitando uma política de preservação e conservação ambiental das áreas de mata atlântica e manguezais, a produção de propolis vermelha in natura e extrato hidroalcoolico faz parte de uma cadeia produtiva de produtos opoterápicos que promove o desenvolvimento sustentável da região dos mangues e lagoas sendo contemplada com o selo de indicação geográfica com a denominação de origem.

[0016] Desenvolvimento de novos sistemas de entrega do fármaco ou substâncias ativas sobre determinados alvos terapêuticos é uma necessidade para se obter o sucesso terapêutico ou que demonstre benefício fisiológico à saúde na prevenção de doenças ou cura das mesmas ou ainda com ação de estética e beleza, e é tão importante quanto a descoberta das moléculas com determinada ação terapêutica. Desta forma, na presente invenção foram planejadas diferentes composições dermocosméticas na forma semissólida de uso tópico ou nas mucosas, preferencialmente tópico cutâneo e de liberação modificada.

[0017] No desenvolvimento de novos sistemas de liberação de extratos ativos contendo várias substâncias ativas com atividade polimultifuncional nos dermocosméticos faz-se necessário ter o conhecimento da pele como órgão com função de barreira contra agentes químicos e físicos, das vias de permeação e fatores de penetração na pele, bem como dos principais excipientes cosméticos responsáveis pela permeação destas substâncias ativas na pele e órgãos anexos. A pele funciona como um grande órgão que recobre uma superfície superior a 20 000 cm 2 com propriedades e funções variadas, pois além proteger o corpo da invasão de microrganimos, protege contra raios UV, produz melanina e imunoglobulinas, além de controlar a temperatura corporal, pressão sanguínea, bem como de apresentar função sensorial. O conhecimento anatómico da pele faz-se necessário na escolha dos sistemas de encapsulação de extrato ativo, bem como de excipientes cosméticos que irão compor uma composição dermocosmética. A pele possui diversas camadas histológicas, sendo dividida em estrato córneo, epiderme, derme e tecido adiposo subcutâneo. O estrato córneo e folículos pilosos e glândulas (sudorípara e sebácea) são considerados as primeiras barreiras que limita a velocidade de entrada das substâncias ativas que compõe um creme cosmético (Leon Lachman, Herbert A. Lieberman, Joseph L Kanig, Teoria e Prática na Indústria Farmacêutica, Vol. II, capítulo 18, páginas 907-953, 2001 ).

[0018] Nos dermocosméticos, são de extrema importância a escolha dos agentes encapsulantes do extrato ativo e excipientes utilizados em cosmetologia com propriedades multifuncional, isto é, excipientes com diversas funções como: facilitadores da permeação cutânea, ação fotoprotetora, ação cosmética específica, estabilizantes do sistema lipófilo/hidrófilo, controle da viscosidade e sensorial, além de serem biocompatíveis e biodegradáveis. Os excipientes cosméticos são essenciais numa composição dermocosméticas, pois apresentam características que asseguram estabilidade à composição, facilitam a administração, promovem a liberação das substâncias ativas da matriz dérmica promovendo desta forma a biodisponibilidade das substâncias ativas nas diferentes camadas da pele e consequentemente a ação farmacológica adequada sem toxicidade, bem com a aceitabilidade do consumidor do ponto de vista sensorial e estético. Para o desenvolvimento de sistemas semissólidos com aplicação em cosmetologia é necessário ter um conjunto de excipientes que irão liberar adequadamente o fármaco ou substâncias ativas de uma matriz dermocosmética e dentre eles estão os excipientes: emulgentes, emolientes, umectantes, bases absorventes de água, bases hidrófilas, ceras, hidrocarbonetos, substâncias oleaginosas, álcoois, ácidos gordos, esteres, polióis, pó insolúvel, essências, conservantes, antissépticos. Alguns excipientes utilizados em composições cosméticas podem alterar a estrutura interna do estrato córneo alterando a função de barreira e aumentando a velocidade de permeação de substâncias ativas pelo estrato córneo, dentre eles podemos citar: água, propilenoglicol, ácido oléico, ureia, DMSO, laurocapranos, pirrolidonas, e demais tensoativos(Leon Lachman, Herbert A. Lieberman, Joseph L Kanig, Teoria e Prática na Indústria Farmacêutica, Vol. II, capítulo 18, páginas 907-953, 2001 ).

[0019] Do ponto de vista do processo e dos custos de produção, incompatibilidades farmacotécnicas sejam elas químicas ou físicas, entre as substâncias ativas e excipientes cosméticos devem ser evitadas. Alguns excipientes cosméticos podem gerar influências negativas para a composição dermocosmética. As composições cosméticas devido a presença de excipientes lipídicos, ou pela presença de substâncias ativas lipídicas, estão sujeitas a reações de auto-oxidação com posterior decomposição, sendo um inconveniente para estas formulações, resultando em aroma e aspecto desagradáveis e reações de rancificação. Portanto, a escolha dos excipientes deve ser bem definida para evitar problemas de incompatibilidade fármaco- excipiente ou excipiente-excipiente, reduzindo a estabilidade da(s) substância(s) ativa(s), na composição, bem como problemas de toxicidade. Algumas substâncias ativas podem ser altamente reativas numa composição dermocosmética e produzir reações químicas das mais diversas reduzindo a estabilidade destas composições semissólidas. Dentre as reações químicas comumente previstas estão as reações de hidrólise de ésteres, amidas, imidas, lactona; reações de oxidação devido a presença de alta concentração de oxigénio na composição e auto-oxidação; reações de isomerização; reações de fotodegradação iniciadas pela ação da luz causando a diminuição da potência das substâncias ativas (Katsunori Yoshida, Tomoko Sekine, Fumiaki Matsuzaki, Toshio Yanaki * , and Michihiro Yamaguchi. Stability of Vitamin A in Oil-ln-Water- In-Oil-Type Multiple Emulsions. JAOCS, Vol. 76, no. 2 (1999) PP.6); reações de degradação com formação de substâncias tóxicas como formaldeído na composição cosmética e gerando possíveis efeitos tóxicos como dermatites atópicas em consumidores destes produtos (Margareta Bergh, Kerstin Magnusson, J. Lars G. Nilsson and Ann-Therese Karlberg. Formation of formaldehyde and peroxides by air oxidation of high purity polyoxyethylene surfactants. Contact Dermatitis, 1998, 39, 14-20).

[0020] Em geral extratos de própolis apresentam em sua composição diversas substâncias ativas de diferentes classes fitoquímicas, a saber: flavonoides, ácidos fenólicos, terpenos, clerodanos, xantonas, benzofenonas dentre outras, que podem em contato com diferentes excipientes dermocosméticos promoverem reações químicas das mais diversas reduzindo a potência, a estabilidade, além de resultar em produtos com aspecto desagradável e ainda resultar em efeitos tóxicos. Neste sentido, faz necessário desenvolver técnicas de micro ou nanoencapsulação de substâncias ativas de origem natural.

[0021] Técnicas de micro e nanoencapsulação são utilizadas pelas indústrias farmacêutica, alimentícia e cosmética com o intuito de solucionar gargalos tecnológicos dentre eles: proteger a(s) substância(s) ativa(s) contra agentes extrínsecos (umidade, luz, oxigénio) que podem causar reações de hidrólise, fotodegradação, oxidação; prevenir a perda de substâncias voláteis; aumentar o prazo de validade do produto; promover liberação controlada de substâncias ativas; bem como melhorar características específicas de entrega de substâncias ativas em tecidos alvos.

[0022] As nanopartículas, em geral, são obtidas por diversas técnicas de preparação que dentre elas podemos citar as técnicas de formação de nanoemulsões, e dentre elas podemos citar: método de dupla emulsificação, método de emulsificação-coacervação, método de revestimento com polímero, método de revestimento camada por camada, método emulsificação-difusão e método da nanoprecipitação(Mora-Huertas, C. E. Fessi, H. Elaissari, A. Polymer-based nanocapsules for drug delivery. International Journal of Pharmaceutics 385 (2010) 1 13-142).

[0023] Porém estes métodos de obtenção de nanopartículas em suspensão, se não preparados de forma adequada podem apresentar desvantagens como risco de contaminação microbiológica por estar em meio aquoso, degradação do polímero por hidrólise, instabilidade físico-química devido à agregação das partículas ou diminuição da atividade biológica das substâncias ativas incorporadas. Algumas técnicas de preparação de nanopartículas evitam contaminação microbiana, problemas de degradação do polímero e possíveis instabilidades; então o uso de processos de secagem de nanopartículas é um dos recursos para garantir estabilidade das substâncias por tempos prolongados.

[0024] Existem técnicas de secagem de nanopartículas, como as técnicas de evaporação de solvente por rotaevaporador, secagem por spray- dryer, liofilização e outras. Um método de escolha para obtenção de microencapsulado e nanoencapsulados muito utilizado é o método de secagem por liofilização. A liofilização é bastante empregada na secagem de substâncias termolábeis, como material contendo substâncias proteicas, microrganismos como bactérias lácticas usadas na produção de fermentos, fungos comestíveis, dentre outros. É, também, empregada como método de encapsulação de material ativos sensíveis à temperatura e alta pressão. A secagem de nanopartículas apresenta vantagens de aumentar prazo de validade de substâncias ativas, evita degradação de substâncias em meio aquosos e em suspensão, facilitar processo de redispersão e reincorporação em sistemas semissólidos.

[0025] Até o presente momento existem alguns documentos no estado da técnica com potencial de inovação para microencapsulação de própolis e poucos documentos para nanoencapsulação de própolis, porém até o momento não foi identificado documentos no estado da técnica com nanoencapsulação da própolis vermelha para fins dermocosméticos. Os documentos a seguir irão citá-los.

[0026] Alguns documentos no estado da técnica demonstram a utilização da liofilização para obtenção de microencapsulados. A patente de invenção KR1020030063053 produz-se grânulos de uma mistura de 10 a 30% de própolis, 40 a 70% de lactose, 0,1 a 1 ,0% de vitamina e 10 a 30% de mel desidratado por meio de liofilização. O documento chinês CN171 1992 obtém microcapsulas de própolis usando na composição excipiente de alto custo, a beta-ciclodextrina seguido por processo de liofilização. Já o documento JP2006028174 produz grânulos de própolis usando uma mistura de aminoácidos na proporção de 50% (extrato de própolis: mistura de aminoácidos). Microencapsulados de própolis contendo um amido modificado (Octenil-succinato de amido) e goma arábica foram obtidos pela técnica de Spray-Dryer (Silva F. C, Thomazini M., Alencar S. M. and Favaro-Trindade C. S., XVMth International Conference on Bioencapsulation, Groningen, Netherlands ; September 24-26, 2009). A obtenção de microencapsulados de própolis para diversos fins é descrito no estado da técnica. Por exemplo, a patente de invenção CN102920652 prepara microencapsulados de própolis com outros biopolímeros: a quitosana, hidroxipropil betaciclodextrina e glicerofosfato de sódio para tratamento de patologias periodontais. Patente de invenção CN102772596 utiliza multimistura de extrato de planta, própolis e 5% de quitina para obter preparações usando a técnica de spray-dryer com aplicação no tratamento da obesidade. Patente de invenção CN102641256 obtém microencapsulados de própolis com uréia, gelatina, parafina, e solvente tóxico (hexano) para preparo de microencapsulados com tamanho de partícula grande entre 70 a 150μιη. O documento CN102429141 utiliza sistema gelatina/pectina e própolis para preparação de microcápsulas de liberação lenta usando a liofilização.

[0027] Processo de obtenção de componentes da própolis no estado seco utilizando gelatina contendo solução de própolis da cidade de Maringá (Paraná) foram preparadas por secagem por spray-dryer. A otimização das condições de secagem por pulverização e as proporções de gelatina e manitol foram investigados (M.L. Bruschi, M.L.C. Cardoso, M.B. Lucchesi, M.P.D. Gremião, International Journal of Pharmaceutics (2003) 264, 45-55). É fundamental se destacar que, a utilização de diferentes tipos de excipientes permite diferentes mecanismos de liberação das substâncias ativas da matriz farmacêutica (microencapsulados), além de diferentes ações fisiológicas. O pedido de patente brasileiro PI05001757 utiliza apenas dois excipientes (gelatina e manitol) e demonstra apenas processo de preparação de uma matriz intermediária contendo extratos de própolis não divulgando a procedência da própolis utilizada. Os pedidos de patente WO 2014/186851 e BR 10 2012 013590-6 realizados pelo nosso grupo de pesquisa e inovação com medicamentos opoterápicos, em particular com própolis vermelha, faz uso de gelatina, amido pré-gelatinizado e dióxido de silício coloidal para preparação de microencapsulados de própolis vermelha brasileira com liberação gastroresistente. O pedido de patente francês FR 725623 tem como objetivo um sistema galênico multi-microparticulado de liberação prolongada de diferentes princípios ativos. Essas microcápsulas são formadas por um núcleo de princípio ativo, revestido com uma cobertura à base por exemplo de etilcelulose, de polivinilpirrolidona, de Óleo de rícino e de estearato de magnésio. A patente européia EP 548356 reivindica um comprimido multiparticulado de desagregação rápida que compreende uma substância ativa sob a forma de microcristais ou de microgrânulos providos de uma cobertura. Patente de invenção WO 2014/166994 A1 desenvolve um sistema misto de liberação do ingrediente ativo e compreende um sistema nano-micro particulado que apresenta ingredientes ativos no interior da nanopartícula, bem como no interior da micropartícula com aplicação em composições de uso oral.

[0028] Poucos produtos e processos nanotecnológicos de preparação de nanopartíclas utilizando própolis têm sido desenvolvidos no mundo inteiro, por diferentes grupos de pesquisas, de diferentes modos e para diferentes finalidades (nutracêutica, terapêutica bem como cosmecêutica). Uma formulação de nanopartículas polimérica de própolis (própolis nanoalimento) foi desenvolvida utilizando agregados micelares de copolímeros reticulados e aleatória de N-isopropilacrilamida (NIPAAm) com N-vinil-2-pirrolidona (VP) e poli (etilenoglicol) monoacrilato (PEG-A) (Kim, Dong-Myung, Lee, Gee-Dong, Aum, Seung-Hyun, Kim, Ho-Jun, Biological & Pharmaceutical Bulletin, (2008) 31 , 1704-1710). Patente de invenção americana US 20130295181 e patente EP2633862 da mesma família de patente desenvolve nanocápsulas de própolis a base de álcool polivinílico (PVA), tamanho de partículas submicromético (<1000nm) compreendido entre 220nm a 438nm com diferentes aplicabilidades e diferentes áreas: agronómica, farmacêutica e cosmética, etc. Família de patente de invenção WO/201 1 /001 181 e CA2765920 utiliza extrato de própolis para obter uma matriz carreadora sólida de substâncias ativas, especificamente desenvolve um filme sólido contendo própolis.

[0029] Alguns exemplos mostram a aplicabilidade específica em área de cosméticos usando nanopartículas revestidas contendo substâncias hidrofílicas e/ou oleofílicas em composições dermocosméticas, bem como em composições orais. Patente de invenção WO2015/022471 A1 utiliza nanocápsulas de revestimento para substâncias oleofílicas ativas presentes em filtro solares UVA/UVB. O documento KR20100078349 revela preparações de nano emulsões de própolis utilizando excipiente β-ciclodextrina. O documento de patente WO 2015/003155 A1 mostra aplicabilidade de nanofibras biocompatíveis contendo quitosana, mel, ácido acético, gelatina, colágeno, alginatos, BSA e outros agentes formadores de redes nanométricas reticuladas e substâncias ativas naturais ou sintéticas contra diversas patologias como bactérias, hipertensão arterial, cicatrização de feridas, câncer. Documento de patente PCT/US2013/075714 trata de composições contendo pó anidro contendo sistema particulado submicrométrico líquido (< 1000nm) utilizado para preparação de emulsões, suspensões, soluções e pós para fins cosmético ou farmacêutico. Este sistema consiste de um núcleo hidrofílico contendo um revestimento hidrofóbico que irá proteger todos os ingredientes ativos em seu núcleo. Documento de patente chinês CN103520069 utiliza mel e própolis em composições e produtos de beleza para unhas incluindo composições tipo gel, cremes e adesivos. Cápsulas de gelatina mole foram desenvolvidas no documento de patente para manter a beleza e juventude, bem como regular a imunidade, colesterol e senescência. Documento de patente chinês CN1031 160399 desenvolve sabonete com extratos naturais, própolis e ingredientes base para fabricação de sabonete para o tratamento multifuncional de limpeza, remoção de bactérias, redução de alergias e antisséptico. Patente de invenção chinês CN101461846 desenvolve um gel contendo extrato de plantas e própolis contra herpes zoster. Documento de patente japonês JP2008247830 utiliza extrato de própolis e extrato de amaranto em composição cosmética para inibir manchas de pele, pigmentações, manchas senis. Documento de patente de invenção CN101 181 198 utiliza ácido kojico, fibroina, própolis e outros ingredientes na preparação de um creme de beleza nutritivo para remoção de manchas de pele. Patente de invenção utiliza mel, pó de pérolas, própolis, glicerina para produzir um creme multifuncional para massagem e de beleza reduzindo processos inflamatórios da pele como a acne. Documento de patente de invenção JP2006016373 com propriedade multifuncional de redução de peso, redução capilar e tratamento de beleza utiliza própolis, geleia real, extratos de plantas, e colágeno. Patente de invenção KR1020030093890 utiliza extrato de própolis e extrato de chá verde e outros extratos de planta para produzir um sabonete com ação polimultifuncional antibacteriana, antisséptica, dermatites atópicas e ação odorizante. Patente de invenção japonesa JP2003055138 utiliza mel e extrato de própolis do alecrim brasileira para produzir um tipo de emplastro com ação antibacteriana e antifúngica, bem como para tratamento de beleza. Patente de invenção chinesa CN1244386 utiliza própolis e extrato de perilla para produzir partículas entre 0,01 a 10μιη, em composições usadas no tratamento e prevenção da cárie, inflamação periodontais, agente antibacteriano.

[0030] No processo de nanoencapsulação de fármacos e substâncias ativas vem sendo utilizados alguns polímeros com propriedades nanoencapsulantes em composições ditas nanoesferas contendo um núcleo sólido ou nanocápsulas contendo um núcleo oleoso ou líquido. Uma combinação de polímeros nanoencapsulantes também vem sendo utilizados para formar as chamadas matrizes poliméricas sólidas (nanoesferas) ou nanocápsulas de núcleo líquido revestido por uma parede sólida. O termo "nanoencapsulados" também pode ser utilizado de forma mais abrangente sem definição do tipo de nanopartícula polimérica (nanoesfera ou nanocáspula). O uso de sistemas poliméricos ou também chamadas de matrizes poliméricas vem sendo encontrado na literatura científica, podendo realizar a combinação de um ou mais dos seguintes polímeros: Span, álcool polivinílico, polietilenoglicol, polioxipropileno, Tween, pluronic, polioxietileno, policaprolactona, ceramida, ácido poliláctico/poliglicólico, alfa-tocoferol polietilenoglicol succinato , cloreto de trimetil quitosana, dentre outros (M. Wulff- Perez, A. Torcello-Gomez, MJ. Galvez-Ruiz, A. Martin-Rodnguez, Stability of emulsions for parenteral feeding: Preparation and characterization of o/w nanoemulsions with natural oils and Pluronic F68 as surfactant, Food Hydrocolloids 23 (2009) 1096-1 102.; Hearan Suh, Byeongmoon Jeong, Ramesh Rathi, Sung Wan Kim, Regulation of smooth muscle cell proliferation using paclitaxel-loaded poly(ethylene oxide)-poly(lactide/ glycolide) nanospheres, J Biomed Mater Res. 1998 Nov;42(2):331 -8.; Régis Coco, Laurence Plapied, Vincent Pourcelle, Christine Jérôme, David J. Brayden, Yves-Jacques Schneider, Véronique Préat, Drug delivery to inflamed colon by nanoparticles: Comparison of different strategies, International Journal of Pharmaceutics 440 (2013) 3-12).

[0031] Uso de matrizes de revestimento polimérico garantem vantagens ao formulador dentre elas, estabilidade ao sistema matricial nanoparticulado, evita problemas de degradação ou reações de hidrólise, fotodegradação, dentre outras, e ainda garante processo padronizado de liberação das substâncias ativas. Até o momento algumas pesquisas mostram o uso de matrizes poliméricas no processo de micro ou nanoencapsulação de fármacos com atividade farmacológica contra câncer (tamoxifen, paclitaxel), usando extrato de plantas, extrato de própolis, bem como fitofármacos (rutina) (Juliana S. Almeida, Fernanda Lima, Simoni Da Ros, Luis O. S. Bulhões, Leandro M. de Carvalho, Ruy C. R. Beck, Nanostructured Systems Containing Rutin: In Vitro Antioxidant Activity and Photostability Studies, Nanoscale Res Lett (2010) 5:1603-1610.; Jugminder S. Chawla, Mansoor M. Amiji, Biodegradable poly(o- caprolactone) nanoparticles for tumor targeted delivery of tamoxifen, International Journal of Pharmaceutics 249 (2002) 127-138; Ezequiel Bernabeu, Gustavo Helguera, Maria J. Legaspi, Lorena Gonzalez,Christian Hocht, Carlos Taira, Diego A. Chiappetta, Paclitaxel-loaded PCL-TPGS nanoparticles: In vitro and in vivo performance compared with Abraxane®, Colloids and Surfaces B: Biointerfaces 1 13 (2014) 43- 50.; Alexandru Luca, Betul Cilek, Vasif Hasirci, Serpil Sahin, Gulum Sumnu, Storage and Baking Stability of Encapsulated Sour Cherry Phenolic Compounds Prepared from Micro- and Nano-Suspensions, Food Bioprocess Technol (2014) 7:204-21 1 ).

[0032] Até o momento foi detectado um sistema polimérico contendo matriz polimérica policaprolactona e álcool polivinílico (PCL-PVA) e um tipo particular de própolis da região sudeste do Brasil (Mogi das Cruzes-SP), com processo de preparação pela técnica de emulsificação, seguido de evaporação. Porém as partículas obtidas apresentavam-se como microparticulados com tamanho de partícula entre 5 a 10μιη (N. Duran, P. D. Marcato, C. M. S. Buffo, M. M. M. De Azevedo, E. Esposito, Poly(e-caprolactone)/propolis extract: microencapsulation and antibacterial activity evaluation, Pharmazie 62 (2007) 4, 287-290). Família de patente US20130295181 e EP2633862 desenvolve nanocápsulas de própolis a base de álcool polivinílico (PVA) com tamanho compreendido entre 220nm a 438nm com diferentes aplicabilidades incluindo áreas agronómica, farmacêutica e cosmética.

[0033] Nenhum dos documentos de patente descritos revela a obtenção de nanopartículas poliméricas contendo extrato de própolis vermelha (NPEPV) usando sistema polimérico PCL-pluronic (F-108) através de método de nanoprecipitação seguido por centrifugação e secagem por liofilização para obtenção de nanopartículas poliméricas sólidas com aplicação na preparação de cremes dermocosméticos. Desta forma, as modalidades da invenção descritas neste documento apresentam vantagens consideráveis frente ao estado da técnica.

[0034] A invenção proposta no presente documento busca o preenchimento de uma lacuna tecnológica em termos da aplicação da própolis vermelha como elemento ativo de composições dermocosméticas de liberação modificada para o tratamento e prevenção de doenças, propondo-se uma forma de liberação modificada das nanopartículas poliméricas contendo extrato de própolis vermelha (NPEPV). Desta forma, propõem-se nanopartículas poliméricas contendo extrato de própolis vermelha de liberação modificada, processos para obtenção de NPEPV, composições dermocosméticas com NPEPV, processos de preparação das composições dermocosméticas com NPEPV e usos destes composições dermocosméticos com ação antioxidante, anti-inflamatória, citostática/citotóxica, cicatrizante de feridas no pós-operatório, feridas de decúbito, tratamentos de estética e beleza, higiene e limpeza.

[0035] Cumpre salientar que, a utilização da própolis vermelha é característica determinante na inovação, em termos das novas tecnologias em saúde com uso de própolis e opoterápicos, visto que, a própolis vermelha apresenta composição característica, que, terá função primordial na atividade das NPEPV e demais composições dermocosméticas, para prevenção e tratamento de doenças, estética e beleza.

[0036] O desenvolvimento de método analítico de identificação e quantificação de isoflavonóides no extrato e nas nanopartículas poliméricas contendo extrato de própolis vermelha por cromatografia líquida de alta eficiência acoplada ao detector de arranjo de diodo também surge como elemento inovador deste documento.

[0037] Ainda, como diferencial essencial frente ao estado da técnica, as nanopartículas poliméricas contendo própolis vermelha e composições dermocosméticas propostas na presente invenção, utilizam compostos encapsulantes, estabilizantes e dispersantes do núcleo, na matriz intermediária que irão promover a liberação controlada, bem como evitar processos oxidativos entre os compostos fenólicos pressentes na própolis vermelha com demais excipientes cosméticos presentes na matriz externa, além de uma matriz externa óleo/aquosa polimultifuncional com atividades acessórias que contêm excipientes cosméticos biocompatíveis, biodegradáveis, atóxicos e estáveis com característica reológica para semissólidos cosméticos/cosmecêuticos de liberação modificada. Desta forma, a composição aqui revelada pode ser usada para solucionar problemas técnicos semi-industriais e industriais nas áreas dermocosmética, bem como algumas aplicações de uso terapêutico.

Sumário da Invenção

[0038] A presente invenção apresenta nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha (NPV), composto por extrato padronizado de própolis vermelha proveniente da matéria-prima própolis vermelha, e três sistemas matriciais nanopolimérica composto por polímeros de revestimento e dispersante/estabilizante. Estes sistemas nanoencapsulantes é composto por sistema binário ou sistema ternário, com propriedades biocompatível, biodegradável e promotora de liberação modificada do princípio ativo, protege as composições dermocosméticas de ataque oxidativo das substâncias fenólicas presentes no extrato ativo de própolis vermelha, além de apresentar atividade leishmanicida. A invenção trata também do processo de obtenção de suspensões de nanopartículas poliméricas que são nanoencapsuladas em sistema de liberação modificada, por meio da técnica de nanoprecipitação seguido por centrifugação e liofilização para produzir nanoesferas no estado sólido carregadas com extrato de própolis vermelha. Adicionalmente, apresenta-se nesta modalidade de invenção em termos de composições semissólidas contendo as NPV, preferencialmente, na forma de creme não- iônico, creme-gel não-iônico, gel-creme não-iônico, loções não-iônicas, podendo também preparar cremes catiônicos. A composição revelada compreende: i) um núcleo contendo substância(s) ativa(s) de própolis vermelha combinado com uma matriz polimérica de nanorevestimento que pode modificar ou retardar a liberação das substância(s) ativa(s) contidas no extrato de própolis vermelha; (ii) uma camada intermediária dispersante/ estabilizante do núcleo; (iii) uma camada externa óleo/aquosa responsável pelos processos diluição, dispersão e estabilização de camada intermediária e núcleo numa composição dermocosmética, bem como por ser promotor da dissolução e permeação dos componentes ativos pelas barreiras da pele. Ainda, a invenção trata do processo de preparação da composição dermocosméticas, a partir da preparação de suspensões de nanopartículas poliméricas contendo própolis vermelha, bem como a partir das nanopartículas poliméricas no estado sólido contendo extrato de própolis vermelha. Por fim, são apresentados usos das NPV e das composições dermocosméticas contendo as NPV com ação antioxidante e leishmanicida. Breve Descrição das Figuras

[0039] A modalidade da invenção, juntamente com vantagens adicionais da mesma podem ser melhor explanadas e compreendidas mediante referência as figuras em anexo e a seguinte descrição:

[0040] A Figura 1 anexa apresenta Fotomicroscopias de Varredura Eletrônica das NPV - NCEU20% (A e B), NCEU 12% (C e D) e NCPCL30% (E e F) usando crioprotetores dióxido de silício coloidal (A, B e E) e glicolato de amido sódico (C, D e F). Fotomicrografias com ampliação entre 3000 vezes (escala 5μιη) e ampliação de até 12000 vezes (escala 1 μιη) mostrando partículas em escala nanométrica.

[0041] A Figura 2 anexa apresenta termogramas de DSC das NPV. Composições NEU (A), composições NPCL (B) e composições NEUPCL (C).

[0042] A Figura 3 anexa apresenta espectros FTIR-ATR das NPV. Extrato de própolis vermelha, composição placebo e composição NEU 30% (A e B). Extrato de própolis vermelha, composição placebo e composição NPCL 30% (C e D). Extrato de própolis vermelha, composição placebo e composição NEUPCL 30% (E e F).

[0043] A Figura 4 anexa apresenta os cromatogramas (UPLC-DAD) do extrato de própolis vermelha (A), Placebo NEU (B), composição NEU30% (C), composição NPCL 30% (D) e composição NEUPCLC 30% (E) que identifica flavonoides/isoflavonóide presente no extrato de própolis vermelha e composições e ausência de flavonóides no placebo.

[0044] A Figura 5 anexa apresenta gráfico normalizado de determinação da IC50 em ensaio leishmanicida in vitro contra Leishmania (V.) braziliensis (A). Ilustração esquemática de alguns mecanismos bioquímicos hipotéticos de inibição celular da Leishmania (V.) braziliensis pelos flavonóides presentes no extrato de própolis vermelha de Alagoas bem como nas nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha (B).

[0045] A Figura 6 anexa apresenta fotos de cremes não-iônicos contendo NPCL30% carregadas com extrato de própolis vermelha para obter concentração final no creme cosmético de 2,0% (A), 1 ,5% (B), 1 ,0% (C) e 0,5% (D) do extrato de própolis vermelha. As nanoesferas NPV no estado sólido foram diretamente incorporadas ao creme não-iônico ou usando as suspensões de nanopartículas poliméricas (B).

Descrição Detalhada da Invenção

[0046] Os processos e composições descritos na presente invenção podem ser melhores detalhados e compreendidos mediante referência às figuras presentes neste documento e a seguinte descrição:

- Nanoesferas carregadas com Extrato de Própolis Vermelha (NPV)

[0047] As nanopartículas (sólidas ou em suspensão) apresentadas no presente documento apresentam concentrações de flavonoides, isoflavonóides, chalconas e ácidos fenólicos diferenciados devido à especificidade da própolis vermelha. Adicionalmente, as nanopartículas em questão apresentam importante característica de proteger o sistema matricial semissólido (creme cosmético) da ação pró-oxidante dos flavonoides e compostos fenólicos presentes no extrato de própolis vermelha, visto que cremes cosméticos preparados diretamente com o extrato de própolis vermelha sofrem escurecimento (cor marrom) em até 10 dias, devido reações oxidantes de compostos fenólicos frente aos excipientes cosméticos presente neste sistema matricial de liberação dérmica. Vale ressaltar também que o revestimento polimérico proposto apresenta uma segunda funcionalidade importante, de liberação modificada dos compostos ativos, retardando a liberação dos flavonoides/isoflavonóides, para uma ação de maior duração, além de manutenção dos princípios ativos por mais tempo com atividade biológica nas camadas da pele, sendo importante em tratamentos contra inflamação da pele, câncer, ação leishmanicida, cicatrização de feridas em leishmanioses, além de promover ação antienvelhecimento devida as suas propriedades antioxidantes.

[0048] As modalidades de invenção de nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha apresentadas nesta invenção também pode ser aplicadas para produção de cápsulas de própolis vermelha. [0049] As NPV, além do extrato com os princípios ativos de interesse, obtidos da própolis vermelha, apresentam em sua composição os excipientes farmacêuticos com diferentes funcionalidades sendo eles: composto ativo (extrato de própolis vermelha), matriz polimérica de revestimento com função nanoencapsulante, emulsificante, dispersante, estabilizante e antioxidante.

[0050] Uma modalidade da presente invenção, uma nanopartícula polimérica NEU em diferentes percentagens de extrato de própolis vermelha, apresenta-se como uma composição de: extrato padronizado de própolis vermelha proveniente da matéria-prima própolis vermelha em proporção entre 5 a 80%, preferivelmente entre 10 e 55%; agente encapsulante em proporção entre 50 a 70% e agente dispersante/estabilizante em proporção entre 15 e 30%.

[0051] Outra modalidade da invenção proposta, uma nanopartícula polimérica NPCL em diferentes percentagens de extrato de própolis vermelha, apresenta-se com a seguinte composição: extrato hidroalcoólico padronizado de própolis vermelha proveniente da matéria-prima própolis vermelha em proporção entre 10 a 80%, preferivelmente entre 15 e 55%; agente encapsulante em proporção entre 40 a 90% e um agente dispersante/estabilizante em proporção entre 1 e 20%.

[0052] Outra modalidade da invenção proposta, uma nanopartícula polimérica NEUPCL em deferentes percentagens de extrato de própolis vermelha, apresenta-se com a seguinte composição: extrato hidroalcoólico padronizado de própolis vermelha proveniente da matéria-prima própolis vermelha em proporção entre 10 a 95%, preferivelmente entre 15 e 50%; agentes encapsulantes em proporção entre 30 a 80% e um agente dispersante/estabilizante em proporção entre 1 a 20%.

[0053] Nas modalidades da invenção compostas por NEU, todos as NEU20%, NEU25%, NEU30%, NEU40% e NEU50%, o sistema matricial polimérico é caracterizado por ser um sistema binário que promove a nanoencapsulação da nanopartícula, além da estabilização e dispersão após nanoprecipitação em meio aquoso, composto por Eudragit® E100, também conhecido como o poli-(metacrilato de butila-co(2-dimetilaminoetila) (metacrilato de metila) (P.M.: 47.000) e pluronic F-108 copolímero tribloco (P.M.: 14000). Nas modalidades de invenção em NEU20%, NEU25%, NEU30%, NEU40% e NEU50%, o sistema dispersante/estabilizante também pode ser caracterizado por ser composto por Eudragit®E100 (P.M.: 47.000) e pluronic F-68 copolímero tribloco (P.M.: 14.000).

[0054] As nanoesferas poliméricas carregadas com extrato de própolis vermelha (NEU20%, NEU25%, NEU30%, NEU40% e NEU50%), por consistir de excipientes biocompatíveis e biodegradáveis, além de conferir liberação modificada ao nanoencapsulado, ela também reduz o ataque oxidativo dos compostos fenólicos presentes no extrato própolis vermelha aos excipientes lipídicos, os quais compõe a composição de formas semissólidas como: cremes catiônicos e pomada-creme para fins dermocosméticas, bem como em formas farmacêuticas sólidas e injetáveis.

[0055] Nas modalidades da invenção compostas por NEUPCL, todos as NEUPCL20%, NEUPCL25%, NEUPCL30% e NEUPCL40%, o sistema matricial polimérico é caracterizado por ser um sistema ternário que promove a nanoencapsulação da nanopartícula, além da estabilização e dispersão após nanoprecipitação em meio aquoso, composto por poli-s-caprolactona ou PCL, Eudragit® E100, também conhecido como o poli-(metacrilato de butila-co(2- dimetilaminoetila) (metacrilato de metila) (P.M.: 47.000) e pluronic F-108 copolímero tribloco (P.M.: 14000). Nesta modalidade de invenção em NEUPCL20%, NEUPCL25%, NEUPCL30% e NEUPCL40%, o sistema dispersante/estabilizante também pode ser caracterizado por ser composto por poli-s-caprolactona (P.M.: 10.000), Eudragit®E100 (P.M.: 47.000) e pluronic F- 68 copolímero tribloco (P.M.: 14.000).

[0056] Ainda, é importante destacar que, as nanoesferas poliméricas de própolis vermelha contendo PCL e Eudragit®E100 propostos no presente documento apresentam-se inovadores por apresentarem tamanho de partículas manométricos numa modalidade de invenção e também apresentarem-se aqui apresentadas e em relação a outros sistemas microencapsulados de própolis, já citados anteriormente, além de serem usadas para resolver o problema de cremes catiônicos e pomada-creme contendo extrato de própolis vermelha, bem como em formas farmacêuticas sólidas e injetáveis.

[0057] Nas modalidades da invenção compostas por NPCL, todos as NPCL20%, NPCL25%, NPCL30%, NPCL40% e NPCL50%, o sistema matricial polimérico é caracterizado por ser um sistema binário que promove a nanoencapsulação da nanopartícula, além da estabilização e dispersão após nanoprecipitação em meio aquoso, composto por poli-s-caprolactona ou PCL, (P.M.: 10.000) e pluronic F-108 copolímero tribloco (P.M.: 14.000). Nesta modalidade de invenção em NPCL20%, NPCL25%, NPCL30%, NPCL40% e NPCL50%, o sistema dispersante/estabilizante também pode ser caracterizado por ser composto por poli-s-caprolactona (P.M.: 10.000) e pluronic F-68 copolímero tribloco (P.M.: 14.000). As composições aqui apresentadas são usadas para resolver o problema de cremes não-iônicos carregadas com extrato de própolis vermelha, bem como poder serem usadas em formas farmacêuticas sólidas e injetáveis.

- Processo de obtenção de NPV

[0058] As preparações das nanopartículas poliméricas contendo extrato de própolis vermelha são obtidas através do extrato hidroalcoólico superconcentrado e padronizado de própolis vermelha com percentagem residual de solvente entre 0,01 a 10%, preferencialmente entre 0,01 a 3% usando o processo de maceração e álcool etílico entre 75 a 85 Q GL por período de tempo entre 48 a 72 horas de extração e concentração do extrato em rotaevaporador usando temperatura de 45°C e pressão de 650 immHg.

[0059] Uma massa sólida vermelho-escura, com rendimento entre 50 a 70%, será obtida com percentagem de solvente entre 0,01 a 35%, sendo denominado extrato de própolis vermelha. O extrato, preferivelmente, deverá apresenta percentagem de solvente entre 0,01 a 3%. - Preparação do sistema de nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha (NPV)

[0060] As etapas de obtenção das NPV incluem: 1 ) Pesagem dos componentes da fase orgânica incluindo o extrato padronizado de própolis vermelha, polímero de nanorevestimento poli-s-caprolactona (P.M 10.000), Eudragit®E100 (P.M.: 47.000) e solvente orgânico com volume suficiente para solubilização; 2) Pesagem dos componentes da fase aquosa incluindo o pluronic F-108 copolímero tribloco (P.M. 14.000) e água ultrapura do tipo milli-Q suficiente para solubilização do pluronic F-108, em recipiente separado; 3) Os componentes da fase orgânica são solubilizados em acetona, ou clorofórmio ou diclorometano, preferencialmente em acetona e transferidos para banho ultrassônico com potência e frequência específicas para a completa solubilização por um período de 15 minutos; 4) Os componentes da fase aquosa são também transferidos para banho ultrassônico nas mesmas condições da fase orgânica para a completa solubilização; 5) Os componentes da fase aquosa são diluídos para um volume entre 14 a 99 vezes com água milli-Q; 6) Os componentes da fase orgânica são transferidos para um tubo falcon e dispersos com a fase aquosa com fator de diluição entre 15 a 100 vezes, por exemplo, (1 parte do volume da fase orgânica: e 99 partes do volume da fase aquosa, v:v) para obter uma suspensão de nanopartículas poliméricas contendo extrato de própolis vermelha; 7) a concentração de massa sólida do extrato de própolis vermelha, do polímero de nanorevestimento e do pluronic F-108 com função dispersante compreende uma quantidade de massa sólida entre 0,01 10 a 0,706% que são dispersos no seio da água ultrapura tipo milli-Q (quantidade de massa sólida dos componentes das fases orgânica e aquosa dispersos em água milli-Q); 8) Neste momento ocorre o fenómeno de nanoprecipitação com obtenção de uma suspensão de nanopartículas poliméricas contendo extrato de própolis vermelha; 9) O processo segue com a centrifugação da suspensão de nanopartículas poliméricas contendo extrato de própolis vermelha usando velocidade de centrifugação entre 4000 a 6000rpm por período de 15 minutos e remoção do sobrenadante; 10) seguido de etapa de lavagem com água milli - Q(opcional) das nanopartículas poliméricas nanoprecipitadas; 1 1 ) seguido por novo processo de centrifugação, com descarte do sobrenadante; 12) Após etapa de centrifugação e descarte do sobrenadante, as nanopartículas poliméricas nanoprecipitadas pelo processo de centrifugação são reunidas e concentradas em volume entre 1 a 10 mL, preferencialmente entre 3 a 6 mL para iniciarem processo caracterização físico-química e processo de secagem por liofilização.

- Caracterização Físico-Química das Suspensões de Nanopartículas Poliméricas contendo extrato de própolis vermelha (NPEPV)

[0061] As suspensões de nanopartículas carregadas com extrato de própolis vermelha (NEU20%, NEU30%, NEU40% e NEU50%), além das composições (NPCL20%, NPCL25%, NPCL30%, NPCL40%, NPCL50%), bem como as composições (NEUPCL20%, NEUPCL25%, NEUPCL30%, NEUPCL40%) foram caracterizadas usando técnicas de pH, distribuição do diâmetro médio de partículas, índice de polidispersão e potencial zeta. Para determinação do pH as suspensões de nanopartículas poliméricas foram colocadas diretamente em contato com o eletrodo de pH. Para determinação dos demais parâmetros físico-químicos aqui citados, a solução foi diluída 4 vezes com água Milli-Q e analisadas em equipamento Zetasizer, Nano ZS da Malvern. Os resultados foram expressos como a média de 2 ciclos de 20 scans (Tabela 1 ).

- Secagem das suspensões de nanopartículas poliméricas contendo extrato de própolis vermelha

[0062] As suspensões de nanopartículas carregadas com extrato de própolis vermelha (NEU20%, NEU30%, NEU40% e NEU50%), além das composições (NPCL20%, NPCL25%, NPCL30%, NPCL40%, NPCL50%), bem como as composições (NEUPCL20%, NEUPCL25%, NEUPCL30%, NEUPCL40%) foram submetidas a secagem por liofilização em equipamento Terroni®, modelo LD1500 constituído de: 1 )câmara de secagem a vácuo contendo 3 prateleiras, 2) um condensador para abaixamento da temperatura para -43 ± 5 Q C e, 3) bomba de baixo vácuo. A pressão do sistema foi controlada para manter 30C^Hg como indicativo de completa secagem das nanopartículas poliméricas sólidas contendo extrato de própolis.

[0063] É importante destacar que, antes do processo de secagem por liofilização as suspensões de nanopartículas poliméricas foram submetidas a dois principais processos de congelamento que foram: A) Congelamento Lento, no qual as suspensões de nanopartículas poliméricas foram colocadas em freezer a -20 Q C por período entre 48 a 120 horas e imediatamente transferidas para liofilizador para realizar processo de secagem por período entre 24 e 48 horas. B) Congelamento rápido com auxílio de nitrogénio líquido a -196 Q C por período entre 10 a 20 minutos. Neste processo as suspensões de nanopartículas poliméricas foram colocadas em frascos do tipo antibiótico com capacidade para 50 mL, as quais foram acondicionadas em caixa metálica tipo aço inox antes do recebimento do líquido congelante. Vale destacar também o uso de agentes crioprotetores neste processo particular de congelamento, sendo eles: dióxido de silício coloidal entre 0,1 a 10%, bem como solução glicolato de amido sódico entre 0,1 a 30%. Nestas condições de preparo de amostra previamente ao processo de secagem o período de secagem foi reduzido entre 33 a 50%.

- Caracterização físico-química das nanopartículas poliméricas sólidas contendo extrato de própolis vermelha

[0064] As nanoesferas sólidas carregadas com extrato de própolis vermelha (NPV), após processo de secagem por liofilização, foram caracterizadas através de diferentes técnicas analíticas para demonstrar que o extrato de própolis vermelha foi totalmente revestido pela matriz polimérica proposta, e que as nanoesferas apresentam-se em tamanho nanométrico mesmo após processo de secagem por liofilização e que os compostos fenólicos presentes no extrato de própolis vermelha foram encapsulados em percentagens superiores a 30%. Dentre as técnicas analíticas, citamos: A) Espectroscopia de infravermelho (FTIR-ATR). O sistema matricial de nanoesferas sólidas carregado com extrato de própolis vermelha foram submetidos à análise FTIR-ATR na faixa de varredura entre 4000 a 400 cm-1 com número de scans entre 64 a 128. O equipamento utilizado foi da marca Thermo Scientific com software de aquisição Ommic. Amostras de nanopartículas poliméricas sólidas sem extrato de própolis também foram analisadas. B) Análise Térmica (DSC). As nanoesferas sólidas carregadas com extrato de própolis vermelha (NPV) foram submetidos a análise calorimétrica em calorímetro Shimadzu, modelo DSC-60 sob atmosfera de nitrogénio com fluxo de 50mL/min., numa razão de aquecimento de 10 Q C/min. e na faixa de temperatura entre 30-400 Q C. Uma quantidade de 2,0mg ± 10% foi utilizada e colocadas em cadinho de alumínio que foram hermeticamente selados. O equipamento foi calibrado com padrões de índio e zinco. Amostras de nanoesferas placebo (sem extrato de própolis) também foram analisadas. C) Análise da Morfologia e Diâmetro Médio das Partículas das NPEPV usando Microscopia de Varredura Eletrônica (MEV). As nanoesferas sólidas carregadas com extrato de própolis vermelha (NPV) foram submetidas aos 2 métodos de secagem: Secagem pelo congelamento lento, seguido de técnica de liofilização (método A); secagem pelo congelamento rápido, seguido de técnica de liofilização(método B), este último realizado com o uso de agentes crioprotetores. As NPV no estado sólido, após secagem, foram preparadas em stubs com fita dupla de carbono ou diretamente nas lamínulas, submetidas ao sistema de metalização com filme de ouro sob corrente de 10 mA durante 7 minutos em um metalizador Sanyu Electron, modelo Quick Coater SC-701 e em seguidas analisadas em Microscópio de Varredura Eletrônico da Shimadzu, modelo SSX-550 Superscan. D) Identificação, Doseamento e (%) Grau de Encapsulação de flavonóides presentes no extrato de própolis vermelha e nas NPV. A determinação (identificação e doseamento) dos flavonóides presentes no extrato de própolis vermelha e nas NPV foi realizada num equipamento UPLC-DAD da Shimadzu, que consiste nos seguintes módulos: uma bomba de alta pressão (Modelo, LC-20ADXR), desgaseificador (modelo, DGU-20A3R), autoinjetor (modelo, SIL-20AXR), forno para coluna cromatográfica, detectores de arranjo de fotodiodo (modelo, SPDM-20A) e detector de fluorescência (modelo RF-20A), uma controladora (modelo, CBM-20A) e um software Labsolution da shimadzu. A separação dos flavonoides ocorreu numa fase estacionária (C18, 150 x 4,6 mm; 5μιη), fase móvel que consistia de solvente A (água ultrapura) e solvente B (acetonitrila), bombeadas num fluxo de 0,3 mL/min. numa condição eluição gradiente, tendo no início 70% de água e 30% de acetonitrila com variação da percentagem de orgânico para 100% de acetonitrila em 40 minutos, seguido por uma condição isocrática com 100% de acetonitrila até 53 minutos, com retorno à condição inicial em 54 minutos, seguido de condição isocrática com 30% de acetonitrila até 60 minutos.

[0065] Padrões analíticos adquiridos da sigma-aldrich (formononetina, isoliquiritigenina, daidzeína, Biochanina A, pinobanksina) e Extrasyntesis (Liquiritigenina) foram exatamente pesados 2,0 mg e transferidos para balões volumétricos de 10 mL para obter concentração de 200μg/mL. Soluções de trabalho foram preparadas por técnica de diluição para obter concentrações de 7,50; 5,00; 2,50; 1 ,00; 0,50 e 0,15μg/mL e obter curva de calibração, a qual foi utilizada para determinação do teor (doseamento) de flavonoides no extrato de própolis vermelha e nas NPV. A identificação dos flavonóide foi realizada usando tempos de retenção comparativos com os padrões analíticos usando as mesmas condições analíticas do dia de trabalho. O estudo de grau de encapsulação também foi realizado nestas mesmas condições analíticas e com os 5 marcadores (Liquiritigenina, pinobanksina, formononetina, isoliquiritigenina, Biochanina A) presente no extrato de própolis vermelha, os quais foram determinados nas NPV e no extrato de própolis vermelha seguindo estas condições de separação. O extrato de própolis vermelha (100 mg) no estado sólido (<3% de solvente) foi solubilizado em etanol absoluto com auxílio de banho ultrassônico (5 minutos) e transferido para balão volumétrico de 10 ml_ para obter concentração de 10mg/mL. Uma nova etapa de diluição foi realizada para obter solução de trabalho de 1 mg/ml_ e realizar diluições para 400 e 250μg/mL. Estas soluções foram filtradas em unidades filtrantes de 0,45μιη e injetadas (2μΙ_) no sistema UPLC-DAD. As NPV contendo extrato de própolis vermelha ou NPV sem extrato de própolis vermelha (Composição Placebo) foram pesados exatamente e correspondente a 1 mg/ml_ da concentração teórica de extrato de própolis vermelha, solubilizados com sistema de solvente (acetona:etanol, 6:4, v:v), em seguida foi realizada a diluição para 3 " ^g/ml_ com o mesmo sistema de solvente, a fim de verificar a quantidade máxima de flavonóide encapsulada nas NPV. As NPV contendo extrato de própolis vermelha ou sem extrato de própolis (placebo) também foram pesados exatamente e correspondente a uma 1 mg/ml_ da concentração teórica de extrato de própolis vermelha, solubilizados com sistema de solvente (água:etanol, 7:3, v:v), em seguida foram realizadas as diluições para 3 " ^g/ml_ com o mesmo sistema de solvente (água:etanol, 7:3, v:v), a fim de verificar a quantidade de flavonóide não encapsulada nas NPV, mas presentes na porção externa das nanopartículas poliméricas (NPV). A determinação do grau de encapsulação se deu pela seguinte fórmula: Grau de Encapsulação (%) = (concentração do marcador na NPEPV/Concentração do marcador no EBPV) * 100.

- Caracterização da Atividade Antioxidante das NPV e Extrato de Própolis Vermelha usando DPPH

[0066] As nanoesferas sólidas carregadas com extrato de própolis vermelha, nanoesferas sólidas placebo (sem extrato de própolis vermelha) e o extrato de própolis vermelha foram avaliados quanto as suas atividades antioxidantes. Preparou-se soluções estoques de 1 mg/ml_ das composições NPV contendo extrato de própolis vermelha, as quais foram exatamente pesadas para obter o correspondente de 1 mg/ml_ de extrato de própolis vermelha nestas composições e solubilizadas em sistema de solvente acetona:etanol (6:4, v:v). Mesmo procedimento foi realizado com extrato de própolis vermelha. Alíquotas de 400μΙ_, 50μΙ_, 25μΙ_ e 13μΙ_ da solução estoque das NPV foram transferidas para balões volumétricos de 5 mL e adicionado 2 mL de uma solução etanólica de DPPH a 3mM, sendo deixadas em repouso por 30 minutos no escuro para que ocorresse a reação, e em seguida, o balão volumétrico foi aferido com etanol absoluto para obter concentrações de 80^g/ml_, 10,C^g/ml_, 5,C^g/ml_ e 2^g/ml_. Mesmo procedimento foi realizado com o extrato de própolis vermelha e com as nanoesferas placebo (sem extrato de própolis vermelha).

[0067] As amostras de extrato de própolis vermelha foram submetidas a leitura em espectrofotometro do UV-vis em modo fotométrico ajustado para comprimento de onda de 520 nm ao final do período de 30 minutos. As NPV e nanoesferas placebo apresentaram turvação ao final do período reacional, sendo submetidas a uma centrifugação com velocidade de rotação de 5000rpm por período de 5 minutos. O sobrenadante foi submetido a leitura no espectrofotometro UV-vis nas mesmas condições. Também foram realizados leituras da solução de referência de DPPH 3 mM em etanol, solução de etanol absoluto para zerar o equipamento e das soluções branco (etanol absoluto + DPPH a 3 mM sem adição de extrato de própolis vermelha ou NPV) para realizar cálculo % da atividade antioxidante. O cálculo de % da atividade antioxidante foi dado pela seguinte fórmula: (%) Atividade antioxidante = 100- (((A amostra - A branco)x100)/A controle). Onde: A amostra = Absorbâncias das amostras NPV contendo solução de DPPH, A branco = Absorbâncias das amostras NPV sem a adição da solução de DPPH, A controle = Absorbância da solução de referência de DPPH em etanol.

- Processo de preparação de composições dermocosméticas contendo NPV

[0068] As etapas de obtenção de composições dermocosméticas contendo NPV podem ser identificadas pelos seguintes Procesos principais: 1 ) Processo A: Preparação à quente - Obtenção de suspensão de nanopartículas carregadas com extrato de própolis vermelha (NEU30% ou NPCL30% ou NEUPCL30%) em fase aquosa; Aquecimento da fase aquosa contendo a suspensão de nanopartículas poliméricas contendo extrato de própolis e da fase oleosa contendo excipientes cosméticos autoemulsionantes de um creme não-iônico em recipientes separados em temperatura entre 75 a 85 Q C, preferivelmente a fase aquosa a 80 Q C e fase oleosa a 80 Q C; Incorporar a fase aquosa sobre a oleosa na mesma temperatura sob agitação entre 200 a 400rpm, preferivelmente entre 270 a 300rpm, mantendo temperatura e agitação constante por 10 minutos; Resfriar com agitação moderada para temperatura de 40 Q C; Adicionar fase complementar (outros ativos dermatológicos, modificadores sensoriais e conservantes) sob agitação e deixar resfriar até temperatura ambiente; Verificar pH e fazer correções se necessárias para 5,5 a 6,5. 2) Processo B: Preparação a frio - Obtenção de nanoesferas sólidas carrgadas com extrato de própolis vermelha obtidas por liofilização usando congelamento lento ou congelamento rápido; Obtenção de cremes bases não- iônicos, creme-gel, gel-creme não-iônico, loções não-iônicas quando preparados com NPCL30% e obtenção de cremes catiônicos ou creme- pomada quando obtidos com NEU30% e NEUPCL30%; resfriamento e acondicionamento dos creme bases não-iônicos a temperatura ambiente; Incorporação das nanoesferas poliméricas sólidas (NPCL30%) carregados com extrato de própolis vermelha em "cremes bases não-iônicos" a frio através de técnica de diluição geométrica sob agitação mecânica ou manual e sem a utilização de solventes orgânicos ou lipídicos para a solubilização das nanoesferas sólidas carregadas com extrato de própolis vermelha nestes cremes bases. Ou, Incorporação das nanoesferas poliméricas sólidas (NEU30% ou NEUPCL30%) carregados com extrato de própolis vermelha em "cremes bases catiônicos" a frio através de técnica de diluição geométrica sob agitação mecânica ou manual e sem a utilização de solventes orgânicos ou lipídicos para a solubilização das nanoesferas sólidas carregadas com extrato de própolis vermelha nestes "cremes catiônicos" ou "creme-pomada".

[0069] Os processos A e B descritos foram comparados com a preparação em cremes catiônicos contendo suspensões de nanopartículas poliméricas, bem como com preparação de "cremes catiônicos" contendo extrato de própolis vermelha solúvel em solvente orgânico e sem o processo tecnológico de nanoencapsulamento, os quais mostravam incompatibilidades físicas e químicas após 10 dias de preparadas com escurecimento da composição para cor marrom. No entanto, os dois processos de obtenção de cremes dermocosméticos contendo as NPV, as composições se mantiveram compatíveis e estáveis durante período maior que 180 dias.

[0070] As NPV obtidos podem ser utilizados em diversas composições dermocosméticas, preferencialmente como formulações semissólidas, como: cremes não-iônicos, gel, gel-creme, loções, loções não-iônicas, também como pós, pós para maquiagem, clareadores de pele, máscaras faciais, dentre outras.

- Composições Dermocosméticas contendo NPV

[0071] As NPV obtidas podem ser utilizadas em diversas composições dermocosméticas, preferencialmente como formulações semissólidas, como: creme não-iônico, creme-gel, gel-creme, loções, loções não-iônicas, pós para maquiagem, clareadores de pele, máscaras faciais, dentre outras. As NPV também podem ser usadas em formulações de cremes catiônicos e também pomada-creme.

[0072] As composições farmacêuticas, propostas no presente documento, consistem em composições preferencialmente na forma de creme não-iônico, creme-gel não-iônico, gel-creme não-iônico, loções não-iônicas e também cremes catiônicos, que apresentam: i) um núcleo contendo substância(s) ativa(s) de própolis vermelha combinado com matriz polimérica de nanorevestimento que pode modificar ou retardar a liberação de substância(s) ativa(s) contidas no extrato de própolis vermelha, bem como proteger demais excipientes cosméticos do ataque oxidativo de compostos fenólicos presente no extrato de própolis; ii) uma camada intermediária dispersante / estabilizante do núcleo; iii) uma camada externa óleo/aquosa responsável pelos processos de diluição, dispersão, e estabilização da camada intermediária e núcleo numa composição dermocosmética, bem como por ser promotora da dissolução e permeação dos componentes ativos pelas barreiras da pele. Esta cada externa também poderá apresentar outras substâncias ativas adjuvantes com diferentes ações na pele.

[0073] A camada interna contendo polímero de revestimento do núcleo consiste de um polímero lipofílico sintético ou combinação de mais de um polímero(s) lipofílio(s) sintético(s).

[0074] Em uma modalidade distinta da invenção, a camada intermediária pode ser preparada também pela conjugação entre um ou mais polímero(s) hidrofílico(s) natura(is) e um ou mais polímero(s) hidrofílico(s) sintético(s). Com ação surfactante auxiliar, como os agentes promotores de estabilização do núcleo e ao mesmo tempo promovendo a dispersão do núcleo na camada externa, estes deverão constar na camada intermediária com percentagens variáveis entre 0,05% e 95% de acordo com a sua funcionalidade emulsificante de dispersar agentes lipofílicos (núcleo) no seio da solução aquosa (camada externa). Em termos de proporção da camada intermediária na composição dermocosmética final, a camada intermediária de revestimento do núcleo deve apresentar percentagens entre 0,05% e 95%, e preferencialmente entre 0,05 e 35% em relação ao peso total da composição.

[0075] Já a composição da camada externa consiste de excipientes, além de outros ativos dermatológicos com diversas funcionalidades, dentre eles citamos: emolientes, agentes de consistência, amaciantes, hidrantes, umectantes, espalhabilidade, refrescante, formador de filme, nutritivo, rejuvenecedores, renovação celular, esfoliantes, promotores de elasticidade, antirrugas, antioxidantes, modificadores sensoriais, preservantes, conservantes, corantes, essências. A camada externa pode ser composta de 1 ou mais destes excipientes e ativos dermatológicos.

[0076] Em termos de porcentagens dos excipientes farmacêuticos na camada externa, estes podem representar entre 0,05% e 100% do peso total da camada externa, de acordo com a sua funcionalidade na matriz dermocosmética. Em termos de proporção da camada externa na composição dermocosmética final, a camada externa da composição deve apresentar percentagens entre 0,01 % e 100%, preferencialmente entre 1 e 100% em relação ao peso total da composição.

[0077] A composição dermocosmética aqui apresentada deve ser acondicionadas em embalagens para substâncias sensíveis à luz, com aspecto fosco e tonalidades entre o âmbar ao escuro e com fotoproteção interna à luz (opcional).

[0078] Ainda, outros ativos dermatológicos utilizados na composição podem ser de diversos tipos e em formulações diversas, com composições variáveis entre os diversos tipos de ativos dermatológicos, têm-se ativos dermatológicos hidrofílicos, bem como os ativos dermatológicos lipofílicos podendo ser naturais ou sintéticos como ácido hialurônico®, extrato glicólico de arnica®, manteiga de manga®, kelpadelie®, lótus rutina®, DMAE bitartarato®, Algisium C®, hydroxyprolisilane C®, lipossomas de Ginkgo biloba®, biorusol®, Ceramida IMA®, VC-PMG®, ácido-lipóico®, vitamina E oleosa®, lipossomas PML AE e AC®, elastocell®, lipossomas PML coenzima Q10®, sensiline®, structurine®, Adenin®, nutriskin®, raffermine®, helioxine®, dióxido de titânio micronizado®, Neo heliopan E 1000®, Neo Helliopan OS®, Neo heliopan BB®, Neo heliopan MA®, óleo de macadâmia, pentacare®, remoduline®, dermatan sulfato®, óleo de girassol®, fucogel®, lipossomas de colágenos®, extrato glicólico de pêssego®, extrato glicólico de oliva®, extrato glicólico de damasco®, maturine®, alistin®, algisium C®, nanosferas de ácido salicílico®, DSBC®, extrato glicólico de maracujá®, pentaglycan®, glucan E-20®, óleo de girassol®, extrato glicólico de melissa®, extrato glicólico de melissa®, fucogel®, extrato glicólico de hipérico®, Iris Iso®, extrato de algas®, GPS trealose vetorizada®, PABC hidratante®, ácido retinóico®, hidroquinona®, VC- IP®, skin whitening complex®, vitamina F hidrossolúvel®, cafeisilane C®, Bioex antilipêmico®, filtro UVA/UVB hidrossolúvel®, benzofena-3®, metoxicinamato de etil-hexila®, octocrileno®, metoxicinamato de isoamila®, salicilato de octila®, antranilato de metila®, microesponjas de retinol®, prosoja, densiskin®, soybean oil®, Coup Déclat®, biorusol II SCA®, essência de cereja®, Trealose®, phytospingosine®, matrixil®, argireline®, tensine®, elastinol®, ascobosilane C®, whitespheres®, DMAE fluid®, alantoína®, genisteina tópica®, nutripeptídeos®, liftline®, kinetin L®, cerealmilk Premium®, biomimetric LRF complex®, sílica shells®, sebonormine®, Net FS®, physiogenyl®, fomblin HC/R®, óleo de copaíba®, manteiga de cupuaçu®, Sk influx®, hidroviton 24®, palmifruit fitoconcentral®, clerilys W®, pelemol IN 2®, lactil®, Clariskin II®, metil parabeno, propilparabeno, propilenoglicol, BHT, ultraderme nanovitamina A®, phenogard MP®, cerearet 20®, álcool cetearílico, óleo mineral, álcool de lanolina e vaselina, imidazolidiniluréia, base automeulsionante e emoliente para cremes e loções O/A.

- Usos de NPV em composições dermocosméticas contendo os mesmos

[0079] Diante de atividades biológicas do extrato de própolis vermelha, as nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha podem ser utilizados em uma ampla gama de setores industriais dos ramos cosmético, cosmecêutico, higiene e limpeza.

[0080] A utilização da própolis como princípio ativo na prevenção e tratamento de diversas doenças já é amplamente descrito. Entretanto, a própolis vermelha apresenta composição diferenciada das demais própolis já amplamente descritas no estado da técnica, o que indica atividades biológicas variadas.

[0081] As composições dermocosméticas aqui apresentadas demonstram atividade leishmanicida contra Leishmania (V.) braziliensis realizado através de ensaio de atividade leishmanicida cuja IC50 concentração que inibe 50% da população do parasita em ensaio in vitro. Tal atividade mostra que o extrato de própolis vermelha e as nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha pode ser utilizada contra leishmanioses.

[0082] Devido à sua característica biológica comprovadamente antioxidante, as nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha e composições dermocosméticas contendo NPV obtidos pelos processos propostos podem ser utilizadas para: tratamento da pele e órgãos anexos; tratamento e rejuvenecimento da pele, tratamento de processos inflamatórios de origem seborréica; tratamento de feridas em pós-operatórios, tratamento de feridas de decúbitos em pacientes com pé diabético; tratamento de processos inflamatórios da pele de maneira geral. Preferencialmente, para a preparação de creme não-iônicos contendo NPV, as suspensões de nanopartículas poliméricas carregadas com extrato de própolis vermelha, bem como as NPV sólidas obtidas por liofilização serão utilizadas para preparação de creme regenerador antioxidante, cremes antiedemas, creme para áreas dos olhos, creme rejuvenescedor, creme despigmentante, creme com branqueamento da pele, creme para flacidez da área dos olhos, creme anticelulite, creme de massagem, creme anti-sinais Oil-Free, creme para peles ressecadas, creme para pré-cirurgia, creme Pós-Cirurgia, creme antienvelhecimento, incluindo para peles sensíveis, pele cansada, pele madura, creme para bolsas dos olhos; Loção fotoprotetora FPS entre 5 a 60, loção aceleradora do bronzeamento FPS 10, Loção Pós-Sol hidratante, loção hidratante para o corpo, loção Pós Peeling, loção despigmentante, Loção anti-rugas com retinol, Gel-Creme Pós- Sol com formononetina, Gel-Creme Pós-sol com concentrado de isoflavonas, Gel antienvelhecimento com ação tipo-Botox, Creme-Gel nutritivo, Loção Pós- Banho, Gel para peles oleoasas, Gel-Creme Antiacne e oleosidade, Creme regenerador para as mãos, Creme barreira para as mãos, Loção para as mãos com filtro solar. Tais usos para o produto aqui propostos, em termos de aplicação de nanopartículas poliméricas contendo extrato de própolis vermelha, apresentam-se como um diferencial frente ao já exposto pelo estado da técnica.

[0083] Assim, as modalidades da invenção descritas no presente documento apresentam-se como um avanço no estado da técnica já que, permitem a produção de NPV e composições dermocosméticas contendo as mesmas de maneira economicamente viável. Desta forma, as NPV obtidos através do processo proposto podem ser utilizados, isolada ou em composição com outros produtos, em diversos setores industriais, como cosmético, higiene e limpeza e cosmecêutico no tratamento das leishmanioses.

EXEMPLOS

[0084] As avaliações das NPV obtidos utilizando o processo proposto demonstraram a obtenção de um produto nanoparticulado, com tamanho de partículas nanométricas, grau de encapsulação adequado e atividade antioxidante preservada. Os resultados obtidos estão representados nas tabelas e figuras indicadas.

[0085] A Tabela 1 apresenta os resultados de diâmetro médio das partículas, índice de Polidispersão, Potencial Zeta e pH das Suspensões de Nanopartículas contendo extrato de própolis vermelha.

Tabela 1

Composições Diâmetro índice de Potencial PH médio das Polidispersão Zeta (mV)

partículas (PDI)

(nm)

NEUPIacebo 177,6±0,7 0,13 +54,6±0,80 6,0±0,05

NEU12% 107,1 ±0,7 0,18 +37,3±1 ,30 5,98±0,1

NEU20% 1 17,4±0,9 0,15 +40,4±0,60 5,88±0,2

NEU25% 140,4±1 ,7 0,14 +44,8±0,50 5,36±0,2

NEU30% 151 ,9±2,3 0,17 +37,9±0,90 5,9±0,07

NEU50% - - - 5,6±0,10

NEU70% - - - 5,2±0,10

NPCLPIacebo 279,6±1 ,4 0,17 -33,5±6,10 5,05±0,1

NPCL25% 262,2±7,1 0,13 -18,7±0,51 4,53±0,1

NPCL30% 280,2±6,7 0,17 -26,8±4,60 4,64±0,1

NPCL50% 208,5±4,8 0,12 -12,7±5,30 4,54±0,2

NPCL70% 246,7±7,0 0,1 1 -19,2±4,60 4,16±0,1

NEUPCLPIaceb 221 ,1 ±1 ,2 0,10 +32,4±0,80 5,78±0,1

0

NEUPCL20% 200,8±1 ,6 0,12 +25,0±0,60 6,58±0,1

NEUPCL30% 191 ,0±1 ,8 0,09 +29,6±0,60 6,30±0,1

NEUPCL40% 195,8±3,4 0,1 1 +18,0±1 ,50 5,65±0,1

* Valores referentes ; à média de duas leituras para diâmetro médio das partículas e PDI; Valores referentes à média da determinação de três valores do potencial zeta ± desvio padrão; Valores referentes à média da determinação de três valores de pH ± desvio padrão.

[0086] Valores de tamanho de partículas variaram entre 107,1 -177, 6nm com índice de polidispersão entre 0,13 a 0,18 para as composições NEU, entre 246, 7-280, 2nm com índice de polidispersão entre 0,1 1 a 0,17 para as composições NPCL, entre 191 , 0-221 , 1 nm com índice de polidispersão entre 0,09 e 0,12 para as composições NEUPCL e todas as composições mostraram um comportamento unimodal. O potencial zeta se mostrou entre +54,6 a +37,3 mV, para a composição NEU, entre -33,5 a -12,7 mV para a composição NPCL e entre +32,4 a +18,0 mV para composições NEUPCL. As composições demonstraram-se estáveis, dispersas e sem tendência a agregação das nanopartículas. Os valores de pH das suspensões de nanopartículas contendo extrato de própolis vermelha mostraram-se semelhantes à suspensão de nanopartículas sem extrato de própolis vermelha (placebo) com valores levemente ácidos entre 5,20 a 6,00 para composições NEU, entre 5,05 a 4,16 para composições NPCL, e entre 5,65 a 6,58 para as composições NEUPCL.

[0087] A Figura 1 anexa apresenta Fotomicroscopia de Varredura Eletrônica das NEU12% (1 A, 1 B), NEU20% (1 C e 1 D) e NPCL30% (1 E e 1 F) sem crioprotetor (1 A, 1 B e 1 D) e com crioprotetor (1 C, 1 D e 1 F). Fotomicrografias com ampliação entre 3000 vezes (escala 5μιη) e ampliação de até 12000 vezes (escala 1 μιη) mostrando partículas nanométricas.

[0088] A Figura 2 anexa apresenta termogramas de DSC do extrato de própolis vermelha, da matriz de revestimento polimérico e composições de NPV.

[0089] O termograma de DSC do extrato de própolis vermelha apresentou 4 eventos endotérmicos nas temperaturas de 81 ,7 Q C, 92,0 Q C, 107 Q C e 135 Q C referente a processos de fusão de ceras e demais componentes fenólicos presentes no extrato de própolis vermelha, enquanto os revestimentos poliméricos contendo Eudragit®E-100 (NEU), Poli-ε- caprolactona (NPCL) e Eudragit®E-100 (NEU) e Poli-s-caprolactona (NEUPCL) apresentaram evento endotérmico de fusão próximo a temperatura de 60 Q C e que foi semelhante as composições das NPV na faixa de temperatura entre 48 a 59 Q C com pico em 52°C e sem eventos endotérmicos adicionais na faixa de temperatura do extrato de própolis vermelha, o que mostra pelas propriedades térmicas que o extrato de própolis vermelha foi encapsulado.

[0090] A Figura 3 anexa apresenta espectros FTIR-ATR do extrato de própolis vermelha, da matriz de revestimento polimérico e composições de NPV.

[0091] O Espectro FTIR-ATR do extrato de própolis vermelha apresentou estiramentos característicos de compostos fenólicos em 3336cm-1 (Hidroxila fenólica), estiramentos em 1617cm-1 , 1496cm-1 e 1450cm-1 (deformação axial C=C de anéis aromáticos em compostos fenólicos) e estiramentos em 1045 cm-1 referente a deformação axial de C-O de éter aromático e estiramentos em 877cm-1 referentes a deformação angular fora do plano de C-H de aromáticos. Os espectros FTIR-ATR de matriz de revestimento polimérico e composições NPCL apresentaram estiramento similares em 2863cm-1 , 1400-1340cm-1 referente a deformações axiais e angulares, respectivamente de CH2 e deformação axial e angular de C-(C-O)-C em 1 171 cm-1 , além de deformação axial de carbonila de cetona alifática (C=O) em 1725cm-1 , e desaparecimento dos estiramentos característicos do extrato de própolis vermelha comprovando por técnica espectroscópica no infravermelho a encapsulação do extrato de própolis vermelha durante processo de obtenção das NPCL.

[0092] Para as composições apresentando Eudragit®E-100 (NEU e NEUPCL) foi observado estiramentos característicos de Eudragit-E-100 dentre eles uma deformação axial simétrica C-H de CH2 e CH3 entre 2970-2850 cm- 1 , uma estiramento intenso (forte) em 1740 cm-1 (1750-1735 cm-1 ) decorrente da deformação axial do grupamento C = O de éster, duas banda de absorção de baixa intensidade em 1464 cm-1 e 1378 cm-1 referente à deformação angular C-H de CH2 e CH3 e duas bandas em 1210 - 1 190 cm-1 característica de deformação axial média-forte de C-O-C e C-(C=O)-C-O- C de éster. Deformação axial fraca-fraca em 1035 cm-1 , referente a ligação C-N de amina terciária de baixa intensidade. Nas composições NEU e NEUPCL carregadas com extrato de própolis vermelha foram observados supressão das bandas de absorção ou estiramentos característicos de hidroxilas fenólicas na região de 3400 a 3250 cm-1 e do estiramento característico de anel aromático na região de 1600 a 1450 cm-1 nas composições contendo estas matrizes poliméricas.

[0093] A Figura 4 anexa apresenta os cromatogramas (UPLC-DAD) do extrato de própolis vermelha (4A), da matriz de revestimento (4B)(Placebo), composição NEU30% (4C), composição NPCL30% (4D) e composição NEUPCL30% (4E) mostrando a identificação de flavonoides/isoflavonóide presente no extrato de própolis e composições NPV e ausência de flavonoides na matriz de revestimento polimérico (placebo).

[0094] As figuras 4A, 4C, 4D e 4E mostram cromatogramas de corridas analíticas obtidas usando método cromatográfico desenvolvido para detectar a presença de flavonoides. As figuras 4A, 4C, 4D e 4E mostram a presença dos flavonoides (1 ) Liquiritigenina (12,53min.), (2) pinobanksina (15,68min.), (3) isoliquiritigenina (17,26min.), (4) formononetina (18,13min.), (5) pinocembrina (23,12min.) e (6) Biochanina A (23,81 min.) nos tempos de retenção correspondentes e similares aos padrões analíticos utilizados para desenvolvimento de método cromatográfico.

[0095] A Tabela 2 apresenta os resultados de Grau de Encapsulação dos principais flavonoides majoritários presentes no extrato de própolis vermelha e nas NPV usando UPLC-DAD.

Tabela 2

(%) Grau de encapsulação dos flavonóides majoritários usando UPLC-DAD *

Composição A B C D E

NEU12% 30,29±2,69 32,12±1 ,13 42,70±0,14 33,21 ±0,06 60,16±0,16

NEU20% 20,51 ±0,57 25,71 ±0,35 35,70±0,42 27,85±0,74 59,39±0,32

NEU25% 15,52±0,12 20,98±0,13 28,31 ±0,28 23,12±0,29 52,57±5,48

NEU30% 37,54±1 ,70 47,55±1 ,17 62,98±0,03 51 ,07±0,02 77,58±1 ,33

NEU50% 24,32±0,09 28,05±0,61 37,39±0,1 1 32,54±0,05 64,78±0,37

NEU70% 26,34±0,87 29,97±0,03 48,74±0,08 40,97±0,01 72,04±0,80

NPCL25% 18,41 ±0,72 31 ,19+1 ,1 1 81 ,87±1 ,34 53,39±0,85 74,54±0,26

NPCL30% 30,71 ±1 ,20 39,78±0,21 1 1 1 ,86±0,31 88,48±0,02 1 12,79±0,7

NPCL40% 27,16±0,36 41 ,35±0,67 94,01 ±0,47 78,67±0,18 92,53±0,86

NPCL70% 27,36±4,45 30,93±0,83 69,94±1 ,23 60,58±1 ,08 74,48±0,10

NEUPCL20% 27,22±1 ,12 43,25±0,35 102,96±1 ,5 77,26±0,64 92,52±1 ,08

NEUPCL30% 29,88±0,02 57,63±5,97 106,71 ±1 ,2 88,67±1 ,63 94,87±2,04

NEUPCL40% 29,80±1 ,01 37,31 ±0,56 97,92±0,44 78,02±1 ,73 93,54±0,77

A:Daidzeína; B: Liquiritigenina; C: Isoliquiritigenina; D: Formononetina; E: Biochanina A. * Valores de desvio padrão determinado em duas corridas cromatográficas.

[0096] Dentre as composições estudadas NEU que apresentou Eudragit®E-100 foi a que apresentou as maiores perdas durante etapa de lavagem, centrifugação e secagem usando técnica de liofilização com grau de encapsulação abaixo de 60%. Para as composições NPCL e NEU PCL observou-se grau de encapsulação maiores na faixa compreendida entre 50% a 77%. Observou-se que a liquiritigenina e daidzeína foram os flavonoides que apresentaram as maiores perdas durante processo de obtenção das NPV sólidas. Dentre as composições estudadas, NEU, NPCL e NEUPCL com 30% de extrato de própolis vermelha apresentaram maiores valores de teor e % de encapsulação (Tabela 3).

[0097] A Tabela 3 apresenta os resultados de percentagens de (%)Grau de Encapsulação e (%)Não-encapsulados representando os principais flavonoides majoritários presentes no extrato de própolis vermelha e nas NPV usando UPLC-DAD.

Tabela 3

(%) Grau de encapsulação usando UPLC-DAD

Composição %GE Médio de flavonoides

NEU12% 39,69

NEU20% 33,83

NEU25% 28,04

NEU30% 55,34

NEU50% 37,42

NEU70% 43,61

NPCL25% 51 ,88

NPCL30% 76,72

NPCL40% 66,74

NPCL70% 52,66

NEUPCL20% 68,64

NEUPCL30% 75,43

NEUPCL40% 67,32

GE: Grau de encapsulação;

[0098] As NPV apresentaram boa atividade antioxidante e foi concentração dependente. Nas concentrações de extrato de própolis vermelha de 80 e 10μ9/ιτιΙ_, as NPVs mostraram atividade antioxidante entre 71 ,14 a 98,41 % e nas concentrações de 5 e 2^g/ml_, as composições de NPV apresentaram percentagem de atividade antioxidante entre 58,87 e 97,33% e, portanto, muito superior ao extrato de própolis vermelha entre 25,97 e 40,73%. Esses resultados são satisfatórios para demonstrar que as composições de NPV irão atuar como agentes que inibem processos oxidativos e funcionando como agentes antioxidantes em nível biológico como pele e órgãos anexos, podendo funcionar como agente antienvelhecimento na pele(Tabela 4).

[0099] A Tabela 4 apresenta os resultados de atividade antioxidante (%) usando método DPPH do extrato de própolis vermelha e das NPV. Tabela 4

% de Atividade Antioxidante

Composição 80ng/ml_ 10μg/mL 5μg/mL

EPV 98,06±0,18 79,00±0,13 40,73±0,03 25,97±0,04

NCEU 12% 97,30±0,17 71 ,14±0,06 65,89±0,06 58,87±0,1 1

NCEU 20% 97,30±0,42 78,34±0,06 72,17±0,1 1 67,07±0,19

NCEU 25% 95,90±0,17 76,68±0,22 69,77±0,23 66,70±0,46

NCEU 30% 95,87±0,1 1 96,12±0,22 77,38±0,22 69,70±0,06

NCEU 50% 98,37±0,06 97,33±0,25 75,42±0,32 66,1 1 ±0,26

NCEU 70% 100,01 ±0,1 1 98,41 ±0,06 79,67±0,17 68,96±0,29

NCPCL 20% 99,58±0,55 93,12±0,87 86,07±0,51 80,12±0,06

NCPCL 30% 97,39±0,36 84,61 ±0,14 97,39±0,44 86,18±0,34

NCPCL 40% 94,48±0,37 78,47±0,1 1 89,52±0,46 86,09±0,36

NCPCL 70% 94,48±0,05 90,08±0,1 1 84,1 1 ±0,17 76,50±0,67

NCEUP 20% 100,83±0,46 91 ,94±0,67 92,30±0,80 74,31 ±0,34

NCEUP 30% 101 ,80±0,97 84,1 1 ±0,05 78,52±0,96 72,87±0,1 1

NCEUP 40% 101 ,75±0,60 79,82±0,19 79,79±0,28 75,33±0,13

* Valores referentes à média da determinação de três valores de pH ± desvio padrão.

[0100] Observa-se que as formulações apresentaram percentual de atividade antioxidante mais elevado que o extrato na forma livre, evidenciando que essas composições podem atuar por mais tempo ou em menor concentração que o extrato bioativo de própolis vermelha aumentando o poder antioxidante dos compostos fenólicos. A exacerbação da atividade antioxidante nas formulações deve-se provavelmente, ao efeito de liberação controlada destas matrizes de revestimento destes sistemas matriciais.

[0101] A Figura 5 anexa apresenta a determinação da IC 50 do ensaio de atividade leishmanicida contra Leishmania (V.) braziliensis usando gráfico normalizado (figura 5A) e alguns mecanismos bioquímicos hipotéticos de morte celular para Leishmania (V.) braziliensis pelos flavonoides, em especial isoliquiritigenina (chalcona), presentes no extrato de própolis vermelha e nas nanoesferas carregadas com extrato de própolis vermelha (figura 5B). O EPV e as nanopartículas das composições NEU30% e NPCL30% apresentaram atividade leishmanicida comprovadas com valores de IC50 de 179^g/ml_ e 31 ,16 μg/mL, respectivamente. As composições NCPCL 30% e NPCL40% (47,23 μg/mL) apresentaram resultados próximo ao EPV na forma livre com IC50 de 38^g/ml_.

[0102] A figura 5 é baseada nas pesquisas de Torres-Santos e Chen. Torres-Santos et a/.(2009)(Torres-Santos EC, Sampaio-Santos Ml, Buckner FS, Yokoyama K, Gelb M, Urbina JA, Rossi-Bergmann B (2009) Altered sterol profile induced in Leishmania amazonensis by a natural dihydroxymethoxylated chalcone. JAntimicrobial Chemother 63:469-472) demonstraram que as chalconas (chalcona di-hidro-metoxilado) alteram a biossíntese de esteroides na L. amazonensis e promovem o acúmulo de ergosterol e diminuição do colesterol. Esta alteração resulta no aumento da fluidez da membrana e do efeito tóxico no parasito com valores de IC 50 igual a 5,5 μΜ. Estudo realizado por Chen et al. (2001 ) (Chen M, Zhai L, Christensen SB, Theander TG, Kharazmi A (2001 ) Inhibition of fumarate reductase in leishmania major and I. donovani by chalcones. Antimicrobial Agents Chemother 45(7):2023-2029) mostrou que chalconas (licochalcona A em estudo específico) destroem a ultraestrutura da mitocôndria do parasito, inibem a respiração mitocondrial e a atividade das enzimas desidrogenase mitocondrial, que são succinato desidrogenase (SDH), succinato citocromo e redutase, NADH desidrogenase, NADH citocromo e redutase, especialmente a atividade da enzima fumarato redutase (FDH) presentes somente no parasita Leishmania.

[0103] A Figura 6 anexa apresenta fotos de cremes não-iônicos contendo NPCL30% carregadas com extrato de própolis vermelha para obter concentração final no creme cosmético de 2,0% (A), 1 ,5% (B), 1 ,0% (C) e 0,5% (D) do extrato de própolis vermelha. As nanoesferas NPV no estado sólido foram diretamente incorporadas ao creme não-iônico ou usando as suspensões de nanopartículas poliméricas (B).