[01 ] A presente invenção pertence ao setor tecnológico de embalagens, mais precisamente, a um sistema e processo de fabricação de fita contendo rótulo com informação variável. A informação impressa por termotransferência permite produzir em altas velocidades uma fita contendo rótulos com informações individuais para cada produto, garantindo a integridade e resistência à abrasão do produto. Especificamente, trata-se de sistema e processo de fabricação de fita contendo rótulos com informação variável impressa por termotransferência.

Estado da técnica conhecido

[02] Na indústria de embalagens, tem-se observado um movimento de substituição gradativa dos rótulos removíveis de papel/plástico por filmes autoadesivos, sobretudo em embalagens que sofrem a ação direta da água como xampus, detergentes, e produtos de limpeza, pois além de conferirem melhor aparência, oferecem maior resistência contra intempéries. Essa aplicação encontra particular interesse na indústria de embalagens reutilizáveis, onde a manutenção da integridade não só do recipiente, mas também do rótulo pode representar redução significativa nos custos de manufatura.

[03] Os filmes autoadesivos possuem uma maior resistência e podem ter a mesma vida útil do produto e do recipiente em que são impressos. Além disso, possuem excelente resolução gráfica e custo próximo ao dos rótulos feitos em papel. Permitem ainda a impressão de diversas camadas sobrepostas para obter efeitos técnicos particulares.

[04] No contexto das embalagens reutilizáveis, há um grande interesse na obtenção de rótulos que, além de serem resistentes a múltiplos uso de um produto, permitam uma rastreabilidade do histórico da embalagem reutilizável, permitindo com facilidade e precisão obter informações como origem, número de reutilizações e vida útil remanescente de um recipiente específico. Nesse sentido, a impressão de códigos de identificação individual em cada garrafa, sem prejuízo da velocidade de produção, qualidade da impressão e resistência a intempéries do rótulo, é um desafio atual da indústria de embalagens.

[05] Dito isto, é possível elencar tecnologias referentes à fabricação de rótulos com informação variável. Serão discutidos a seguir os documentos de patente BR 102015018906-0, US8647740B2 e US7588812.

[06] O documento BR 102015018906-0, intitulado “Processo de fabricação de rótulos de embalagem com a tecnologia heat transfer com códigos de identificação alfanumérico sequenciais aplicados nestes”, revela processo compreendendo as etapas de aplicação e secagem de cera sobre um substrato; aplicação e secagem de uma camada de verniz adesivo; impressão e secagem de camadas de tintas no rótulo, conforme arte do cliente; impressão dos dados de informação após a aplicação das camadas de tinta; e aplicação e secagem de um verniz protetivo sobre as camadas de tintas e dados de informação. A tecnologia proposta nesse documento adota impressão gráfica da informação variável por rotogravura, utilizando tinta à base de solvente. No entanto, essa modalidade de impressão da informação variável apresenta diversas limitações: para que cada embalagem possua uma informação particular, faz-se necessário um ajuste recorrente dos cilindros de cobre utilizados na matriz, dificultando a manutenção de uma elevada velocidade de produção. Para que fosse possível a impressão de dados variáveis utilizando somente rotogravura, seria necessária a gravação de um novo cilindro para cada novo giro na impressão, o que geraria uma demanda inviável de cilindros por lote de produção, além de ajustes recorrentes de setup para troca de cilindros. O custo para tal realização seria exorbitante. Assim, o processo apresenta difícil escalonamento, e limitações às possibilidades de impressão. Além disso, não são previstas alternativas para garantir a impressão da dita informação variável sem a formação de borrões ou imprecisões gráficas em altas velocidades.

[07] O documento US8647740B2, intitulado “Heat-transfer label well-suited for labeling fabrics and methods of making and using the same", revela etiqueta de transferência térmica para rotular um artigo de tecido, compreendendo: (a) uma porção de suporte que inclui um transportador e um desmoldante; (b) uma porção de transferência; (i) uma primeira marcação impressa que consiste em uma tinta de cloreto de polivinila; (ii) uma segunda marcação impressa por termotransferência que compreende uma camada feita com uma fita de termotransferência à base de cera e resina; (iii) uma camada adesiva ativável pelo calor livre para ser diretamente contatada com o artigo de tecido; e (v) uma camada de cera em contato direto com a camada adesiva ativável pelo calor. Apesar de empregar fitas de transferência térmica na etiqueta descrita, tal documento aponta que a velocidade de impressão por termotransferência é não superior a 16 polegadas por segundo (0,4 m/s). É um desafio para o técnico no assunto obter uma velocidade de impressão mais alta sem prejudicar a qualidade da impressão e integridade do rótulo, de tal forma que atualmente a etapa de impressão de informação variável por termotransferência representa um gargalo substancial na linha de produção. Além disso, tal documento é especificamente adaptado à indústria têxtil; rótulos para embalagens reutilizáveis, por exemplo, na indústria de bebidas, devem resistir química e fisicamente a tratamentos agressivos comumente aplicados na higienização de tais embalagens para reutilização (lavagens com soda, impactos durante o transporte etc.). Dessa forma, conferir alta velocidade de impressão na linha de produção de fitas compreendendo rótulos resistentes a intempéries permanece um desafio substancial no estado da técnica.

[08] O documento US7588812, intitulado “Heat transfer labeling system” e depositado em 28.03.2006 pela depositante Gotham Ink Corporation, descreve uma etiqueta de transferência de calor, um método para fabricar uma etiqueta de transferência de calor e um método para rotular recipientes e folhas de polietileno não tratado ou minimamente tratado, polímeros de polipropileno e copolímero de polietileno-polipropileno e folhas que estejam em temperatura ambiente ou aquecidos a 180 graus Fahrenheit. Tal documento descreve uma pluralidade de opções de revestimentos superiores resistentes à abrasão, incluindo resinas de laca fenoxi dissolvidas em uma combinação de metiletilcetona e tolueno, e combinações de copolimeros de etileno-acetato de vinila. O documento aponta ainda que o revestimento superior resistente à abrasão pode ser eliminado substituindo-o por uma tinta branca ou colorida resistente à abrasão cobrindo completamente a área do adesivo ativável por calor. Tal documento não resolve o problema técnico de conferir alta velocidade de impressão na linha de produção de fitas compreendendo rótulos resistentes a intempéries.

[09] Além disso, nos sistemas e processos já existentes no estado da técnica, observa-se que, na busca por rótulos de maior resistência a intempéries, frequentemente são empregadas impressões dos rótulos por termotransferência empregando fitas do tipo ribbon de resina, a qual é conhecida por oferecer maior durabilidade, no entanto demandando velocidades mais baixas e temperaturas mais altas de impressão. O emprego de fitas do tipo ribbon mistas cera-resina permite obter uma impressão de qualidade em velocidades mais altas; no entanto, tal ribbon apresenta resistências inferiores a atrito e abrasão, por isso tem pouca durabilidade quando exposto a umidade ou intempéries.

[010] Observa-se ainda que, para garantir a termotransferência de informação a partir de fitas tipo ribbon para rótulos, o estado da técnica aponta que, para que se possa atingir maiores velocidades de impressão sem abrir mão da qualidade de impressão, tipicamente faz-se necessário o emprego de temperaturas mais altas de impressão. No entanto, nem sempre isso representa uma alternativa viável, pois altas temperaturas podem perturbar a estabilidade das camadas de tintas, ceras e vernizes já depositadas no rótulo, podendo danificá-lo, borrá-lo ou diminuir sua durabilidade. A impressão por termotransferência a partir de fitas tipo ribbon para rótulos em alta velocidade e qualidade, sem depender do emprego de altas temperaturas, permanece um desafio para o técnico no assunto.

[01 1 ] É visível a existência de uma lacuna na criação de um novo sistema, o qual permita uma impressão rápida, precisa e a baixas temperaturas de informações variáveis por termotransferência em fitas contendo rótulos, a fim de fornecer rótulos resistentes a intempéries que possam ser empregados em embalagens reutilizáveis.

Novidades e objetivos da invenção

[012] Com o objetivo de sanar as falhas do estado atual da técnica destacadas acima, a presente patente de invenção visa propor uma solução para o problema técnico de conferir alta velocidade de impressão na linha de produção de fitas compreendendo rótulos resistentes a intempéries.

[013] É objeto da presente invenção processo de fabricação de fita contendo rótulos em matrizes de impressão cilíndrica com informação variável impressa por termotransferência compreendendo as seguintes etapas:

- fornecimento de uma fita de suporte compreendendo um substrato e um desmoldante disposto sobre a superfície do substrato;

- aplicação de uma camada de verniz protetivo sobre a fita de suporte;

- secagem da camada de verniz protetivo;

- aplicação de pelo menos uma camada de identidade sobre uma região da camada de verniz protetivo, formando pelo menos um rótulo;

- secagem da pelo menos uma camada de identidade do pelo menos um rótulo;

- fornecimento de uma fita tipo ribbon para impressão por termotransferência de uma informação variável a cada rótulo da dita fita contendo rótulos;

- impressão por termotransferência de uma informação variável a cada rótulo;

- aplicação de uma camada de verniz adesivo sobre as camadas precedentes;

- secagem da camada de verniz adesivo; em que dito verniz protetivo é um verniz de co-poliéster; a dita impressão de informação variável ocorre por termotransferência a uma temperatura igual ou inferior a 30 ^s C; e a velocidade de impressão da fita de rótulos é de 0,25 a 1 ,2 m/s. [014] Preferencialmente, a dita cama de verniz adesivo tem uma espessura de 1 a 5 microns. Preferencialmente, a impressão é realizada em uma máquina de rotogravura. Preferencialmente, dito desmoldante é uma cera de polietileno com uma Tm entre 58°C e 95°C.

[015] Preferencialmente, a dita impressão por termotransferência é realizada através do contato de pelo menos uma cabeça de impressão com a fita tipo ribbon e, consequentemente, o contato da fita tipo ribbon com pelo menos um dos rótulos, em que a cabeça de impressão é reconfigurada entre cada impressão para imprimir informação variável a cada rótulo. Preferencialmente, o ribbon é do tipo cera/resina. Opcionalmente, o método compreende ainda aplicar pelo menos uma camada adicional de identidade antes da aplicação da camada de verniz adesivo. Opcionalmente, a camada de identidade antes da aplicação do código variável serve como guia para o cabeçote de impressão transferir o rótulo variável. Preferencialmente, a dita informação variável é código identificador do rótulo do tipo data matrix ou QR Code. Opcionalmente, ditas secagem da camada de verniz protetivo, secagem da pelo menos uma camada de identidade e secagem da camada de verniz adesivo ocorrem em fornos posicionados à jusante das cabeças de impressão correspondentes, com configurações de temperaturas entre 52°C e 65 °C.

[016] É também objeto da presente invenção sistema para fabricação de fita contendo rótulos em matrizes de impressão cilíndrica com informação variável impressa por termotransferência compreendendo

- módulo de aplicação de protetivo;

- módulo de identidade;

- módulo de termotransferência;

- módulo de aplicação de adesivo; em que dito módulo de identidade é conectado à jusante do módulo de aplicação de protetivo; em que dito módulo de termotransferência é conectado à jusante do módulo de identidade; em que dito módulo de aplicação de adesivo é conectado à jusante do módulo de termotransferência; em que uma fita de suporte compreendendo um substrato e um desmoldante disposto sobre a superfície do dito substrato é recebida no módulo de aplicação de protetivo, em que ocorre a aplicação e secagem de uma camada de verniz protetivo; em que a fita de suporte então segue para o módulo de identidade, em que ocorre a aplicação e secagem de pelo menos uma camada de identidade sobre a camada de verniz protetivo, formando pelo menos um rótulo; em que a fita de suporte então segue para o módulo de termotransferência, em que é impressa informação variável a cada rótulo a partir de uma fita tipo ribbon, tomando como guia de posicionamento a camada de identidade; em que a fita de suporte então segue para o módulo de aplicação de adesivo, em que ocorre a aplicação e secagem de pelo menos uma camada de verniz adesivo sobre as camadas precedentes; dito verniz protetivo é um verniz de co-poliéster; em que a dita impressão de informação variável é realizada a uma temperatura igual ou inferior a 30 ^s C; e a velocidade de impressão da fita de rótulos é de 0,25 a 1 ,2 m/s.

[017] Preferencialmente, o sistema compreende ainda segundo módulo de identidade entre o módulo de termotransferência e o módulo de aplicação de adesivo, no qual é aplicada a cada rótulo, antes da aplicação da camada de verniz adesivo, pelo menos uma camada adicional de identidade. Opcionalmente, ditas secagem da camada de verniz protetivo, secagem da pelo menos uma camada de identidade e secagem da camada de verniz adesivo ocorrem em fornos posicionados à jusante das cabeças de impressão correspondentes, com configurações de temperatura entre 52°C e 65 °C.

[018] A solução proposta parte de observações dos inventores de que o emprego de fita tipo ribbon de cera-resina juntamente com um verniz protetivo de co-poliéster possibilita a impressão de informação variável (preferencialmente, um código bidimensional como QR Code ou Data Matrix, por exemplo) em altas velocidades e baixas temperaturas, mantendo uma boa qualidade de impressão e resistência a intempéries. A resistência a intempéries, notadamente abrasão e agentes químicos, pode ser entendida como um problema particularmente relevante no setor de embalagens reutilizáveis, que uma vez descartadas, passam por uma pluralidade de processos (notadamente desinfecção) para torná-las aptas à reutilização, aos quais o rótulo deve resistir, permanecendo íntegro e legível.

[019] Buscando obter um rótulo resistente a intempéries para aplicação em embalagens recicláveis, observou-se que as fitas tipo ribbon de resina, tipicamente consideradas mais resistentes, não permitiam atingir altas velocidades de impressão sem prejuízo significativo da qualidade de impressão. Na busca, então, de um processo de produção de fita contendo rótulos de alta resistência, e que permitisse impressão a altas velocidades, almejou-se a aplicação de um verniz protetivo que permitisse aderência e qualidade de impressão satisfatórias à fita contendo rótulos em questão. Finalmente, obteve- se que o processo da presente invenção, que emprega vernizes protetivos de co-poliéster, permitia a impressão de ribbons por termotransferência a baixas temperaturas e altas velocidades, sem danificar a integridade dos rótulos.

[020] A sequência de etapas empregada na presente invenção permite ainda obter inúmeras outras vantagens técnicas. A impressão de cera-resina realizada a baixas temperaturas, sobre o verniz protetivo de co-poliéster, permite que sejam empregados desmoldantes com temperaturas de fusão (Tm) mais baixas na fita de suporte, preferencialmente entre 58°C e 95°C, sem prejudicar a qualidade do produto final. Um desmoldante com Tm mais baixa, por sua vez, permite um processo de impressão posterior do rótulo na embalagem a temperaturas também mais baixas, expandindo sua aplicação para embalagens de materiais mais sensíveis à temperatura e podendo reduzir custos energéticos de processo.

[021 ] Observou-se ainda que a presente invenção, além de permitir o emprego de desmoldantes com Tm mais baixas, permite ainda a aplicação de camada de verniz adesivo com espessura satisfatoriamente baixa, na faixa de 1 a 5 microns. Isso ocorre pois, uma vez que o processo de impressão do rótulo utiliza temperaturas mais baixas, e o desmoldante empregado pode ter Tm mais baixa, a fixação posterior do rótulo à garrafa é facilitada. Uma menor espessura da camada de verniz adesivo permite uma economia de insumos a longo prazo.

[022] A impressão por termotransferência a partir da ribbon para o rótulo é realizada sobre o verniz protetivo (ou sobre uma camada de identidade), não sendo aplicada diretamente sobre o desmoldante, reduzindo a ocorrência de danos ao desmoldante ou à fita de suporte. Destaca-se também que a termotransferência a baixas temperaturas evita o desgaste precoce da cabeça de impressão.

Descrição dos desenhos anexos

[023] A fim de que a presente invenção seja plenamente compreendida e levada à prática por qualquer técnico deste setor tecnológico, a mesma será descrita de forma clara, concisa e suficiente, tendo como base os desenhos anexos, que a ilustram e subsidiam, abaixo listados:

Figura 1 representa um diagrama das etapas do método pleiteado.

Figura 2 representa um diagrama alternativo das etapas do método pleiteado, compreendendo aplicação e secagem de uma camada de identidade adicional.

Figura 3 representa um diagrama do método pleiteado, incluindo etapa de aplicação e secagem do desmoldante sobre a fita de suporte.

Descrição detalhada da invenção

[024] Dentro do processo e sistema descritos na presente invenção, nas etapas iniciais, é fornecida uma fita de suporte compreendendo um substrato e um desmoldante disposto sobre a superfície do substrato. O substrato pode ser papel, preferencialmente com gramatura entre 40 e 70 g/m ² , mais preferencialmente entre 42 e 60 g/m ² e mais preferencialmente entre 42 e 57 g/m ² , ou um filme polimérico, preferencialmente com espessura entre 12 e 40 pm. A fita de suporte pode ter qualquer comprimento entre 1 e 1500 m.

[025] Preferencialmente, o desmoldante apresenta uma espessura entre 2 e 7 microns. A gramatura empregada pode ser entre 1 ,75 g/m ² e 3,00 g/m ² . Opcionalmente, a base do desmoldante é selecionado a partir de cera de carnaúba, cera de abelha, poliéster, poliamida, polietileno, ou qualquer combinação dos mesmos, podendo ser diluída em um solvente selecionado a partir de isopropanol, nafta de petróleo, etanol; tolueno; benzeno, ou qualquer combinação dos mesmos. O desmoldante pode apresentar um ponto de fusão entre 58°C e 95°C, preferencialmente entre 58°C e 87°C, preferencialmente entre 78°C e 84°C. Pode apresentar um teor de sólidos entre 15% e 50%, preferencialmente entre 18% e 40%, mais preferencialmente entre 20% e 30%. Exemplos deste verniz são o WPD2-0W5U NexisCode PRE OTG Release Coating, comercializado pela Flint Group e HR24153 comercializado pela Sun Chemical, do grupo DIC.

[026] Em uma modalidade, a etapa de fornecer fita de suporte compreendendo um substrato e um desmoldante compreende: fornecer uma fita de suporte compreendendo substrato; depositar sobre dito substrato um desmoldante por meio de rotogravura ou flexografia, preferencialmente rotogravura; e secar o referido desmoldante. O processo de secagem pode ser realizado em fornos posicionados à jusante da cabeça de impressão do desmoldante, com emprego de temperatura. As temperaturas dos fornos são preferencialmente configuradas entre 52°C e 65°C. Em outra modalidade, a fita de suporte é adquirida já compreendendo substrato e desmoldante.

[027] O verniz protetivo é depositado sobre a camada de desmoldante na fita de suporte, sendo um verniz de co-poliéster, preferencialmente transparente, que tem a função de proteger as camadas posteriormente impressas de ataque mecânico e químico, sendo a proteção química ainda mais acentuada contra substâncias alcalinas. O verniz utilizado pode apresentar teor de sólidos entre 15% e 40%, preferencialmente entre 18% e 30% e mais preferencialmente entre 19,5% e 23%. Um exemplo deste verniz é o WPD2-0W8U NexisCode TOP OTG Protective Coating comercializado pela Flint Group. Este verniz possui, preferencialmente, uma espessura entre 1 e 5 microns, podendo opcionalmente serem empregadas espessuras superiores se uma resistência ainda maior for desejada. A gramatura empregada pode ser entre 1 ,75 g/m ² e 3,00 g/m ² . [028] Em seguida, é realizada a aplicação de pelo menos uma camada de identidade sobre uma região da camada de verniz protetivo. A pelo menos uma camada de identidade pode cobrir o todo ou parte do verniz protetivo. Em uma modalidade, a camada de identidade pode ser tinta de vinil modificado. Em uma modalidade, a camada de identidade cobre a região em que será posteriormente impressa a informação variável, podendo oferecer maior contraste para facilitar a posterior leitura da dita informação variável. Em outra modalidade, a camada de identidade não cobre a região em que será impressa a dita informação variável, sendo dita informação variável depositada diretamente sobre o verniz protetivo. Preferencialmente, a pelo menos uma camada de identidade servirá como guia para balizar o posicionamento da cabeça de impressão por termotransferência (ribbon). Tal balizamento pode ser realizado por meio de um sensor de fotocélula ou equivalente. A impressão das camadas é preferencialmente realizada no rótulo de forma “interna”, ou seja, as camadas de identidade estarão posicionadas de frente para o suporte, de forma espelhada àquela observada no produto final, uma vez que o suporte é removido durante o processo de aplicação do rótulo ao produto. Dessa forma, as camadas são impressas, na ordem, da camada mais externa para a mais interna. Uma pluralidade de módulos de impressão de camadas de identidade pode ser empregada, em série ou em paralelo, por exemplo, 5-15 módulos.

[029] Em uma modalidade, a pelo menos uma camada de identidade constitui apenas um fundo, preferencialmente monocromático, sobre o qual será impressa a informação variável. Essa modalidade dá origem a rótulos de identificação que podem ser aplicados em uma pluralidade de embalagens. Em outra modalidade, a pelo menos uma camada de identidade forma um rótulo completo de identificação de um produto, reservando uma região para impressão da informação variável. Em uma modalidade, a pelo menos uma camada de identidade compreende um sinalizador para um sensor de fotocélula, sinalizador este que servirá como guia à impressão da informação variável, de tal forma que a dita informação variável seja impressa sobre dita camada de identidade ou diretamente sobre o verniz protetivo, e a dita camada de identidade poderá ser integral ou parcialmente mantida no rótulo quando da sua aplicação em embalagens. Em uma modalidade, a camada de identidade inclui arte impressa que pode ser utilizada como referência para identificação posicionai do rótulo na bobina. Em uma modalidade, o equipamento de aplicação realiza a identificação posicionai do rótulo na bobina por meio de características da fita de suporte, não necessitando de fotocélula ou marcação de referência.

[030] Nessa etapa, torna-se possível distinguir a área da fita correspondente a um rótulo. Em uma modalidade, cada rótulo tem comprimento de 2 a 200 cm, preferencialmente de 15 a 75 cm, mais preferencialmente de 22 a 32 cm.

[031 ] A próxima etapa a ser realizada é a etapa de impressão por termotransferência da informação variável, que pode ser intermitente ou contínua. No caso de ser intermitente, a fita de suporte avança e para em intervalos alternados. A cabeça de impressão se move, deslocando-se contra ou ao longo da fita de suporte. A cabeça de impressão realiza impressão e volta para a posição inicial. Em seguida, fita de suporte e ribbon avançam e o processo se repete desde o início. No caso de ser contínua, a fita de suporte se mantém em movimento. Ao ser acionada, a fita tipo ribbon se acelera até chegar à velocidade do filme, em seguida a cabeça de impressão se move e a impressão começa. No fim da impressão, a cabeça de impressão volta para a posição inicial e a fita tipo ribbon para de se mover. A cabeça de impressão pode ser do tipo flat head ou near edge, sendo preferencialmente near edge. A impressão do ribbon utiliza urn sensor de fotocélula para coordenar o posicionamento do código aplicado no suporte. O sensor de fotocélula pode estar localizado junto ao equipamento de termotransferência, à jusante ou à montante deste, ou mesmo ao final da linha de produção, uma vez que é empregada fita contínua no processo. O posicionamento do ribbon pode ser ajustado por controle longitudinal, por exemplo, por meio de um servomotor, e/ou transversal, por meio do ajuste das extremidades laterais. Pode ser utilizada, por exemplo, a impressora modelo SmartDate® X60 do fabricante Markem-lmaje ou similar. A resolução de impressão esperada é em torno de 300 dpi.

[032] A velocidade de impressão da informação variável por termotransferência é entre 0,01 m/s e 1 ,2 m/s, mais preferencialmente entre 0,25 e 1 ,2 m/s, mais preferencialmente entre 0,25 e 0,9 m/s, mais preferencialmente entre 0,25 e 0,75 m/s, e mais preferencialmente entre 0,50 e 0,75 m/s. Velocidades muito baixas podem ocasionar problemas de secagem das tintas e vernizes no cilindro; no modo intermitente, velocidades de até 0,75 m/s são preferíveis.

[033] A cabeça de impressão por termotransferência é preferencialmente composta por uma linha de resistências independentes montadas em um suporte cerâmico. As resistências são ativadas dependendo da informação variável a ser impressa, sensibilizando o desmoldante da fita tipo ribbon e permitindo a transferência somente da informação variável para a fita de suporte. Em uma modalidade, a informação variável é um código de identificação único de embalagem, permitindo sua rastreabilidade ao longo da cadeia de produção.

[034] Observou-se que a aplicação da informação variável por outros meios que não a termotransferência, como jato de tinta, não forma um filme coeso sobre a camada de verniz protetivo; isso ocasiona uma deposição incorreta do verniz adesivo sobre a camada de tinta, causando falhas na fixação do rótulo à embalagem e prejudicando a resistência do rótulo a intempéries. Por outro lado, a aplicação da informação variável via máquina a laser, nas velocidades pretendidas, ocasionou danos ao verniz protetivo, prejudicando a durabilidade do rótulo; o processo não se mostrou adaptado a eventuais variações acumuladas da espessura da fita de suporte e do verniz protetivo, variando a profundidade de perfuração e assim comprometendo a integridade do verniz protetivo. Finalmente, a tecnologia de termotransferência empregando outros protetivos ocasionava borrões e falhas na impressão para as velocidades altas empregadas na presente invenção.

[035] Na presente invenção, a aplicação da fita tipo ribbon é possível pelo fato de o verniz protetivo de co-poliéster seco formar uma película polimérica, fazendo com que o tempo de contato do cabeçote de impressão, ainda que mais curto, seja suficiente para a realização da impressão. Preferencialmente, o ribbon empregado é do tipo cera-resina, para fins de se obter boa afinidade com o verniz protetivo/tinta sobre o qual o ribbon é impresso. A resina empregada no ribbon pode ser de qualquer material que permita uma fixação correta durante a termotransferência, por exemplo, resina de poliéster.

[036] Preferencialmente, a espessura do ribbon misto cera-resina impresso no rótulo é igual ou menor que 11 microns, mais preferencialmente, menor ou igual que 7 microns, ainda mais preferencialmente, menor ou igual que 4 microns. Opcionalmente, para ribbons de alta espessura, é possível realizar a deposição de uma camada adicional de uma barreira à difusão de tinta antes e/ou depois do ribbon, no entanto, tal barreira tipicamente não se faz necessária. Em uma modalidade, a fita tipo ribbon utilizada pode ter largura entre 3 e 10 centímetros. A temperatura de fusão do material da tinta do ribbon é preferencialmente entre 60 e 90 °C, mais preferencialmente entre 60 e 70°C.

[037] Pode-se ainda aplicar pelo menos uma camada adicional de identidade posteriormente à impressão de informação variável por termotransferência, conforme convenha ao rótulo ou ao equipamento, dentro do escopo da presente invenção.

[038] O verniz adesivo é preferencialmente um verniz transparente de co- poliéster que tem a função de promover a ancoragem da estrutura que compõe o rótulo na embalagem de interesse. Também tem função de proteger as camadas anteriormente impressas de ataque mecânico e químico, a proteção química focada contra substâncias alcalinas. Preferencialmente, trabalha-se com este verniz em um teor de sólidos entre 15% e 40%, preferencialmente entre 16% e 25% e mais preferencialmente entre 18% e 23%. Um exemplo deste verniz é o WPD2-0W7U NexisCode OTG Adhesive Coating comercializado pela Flint Group. A espessura de verniz adesivo aplicada é, preferencialmente, entre 1 e 5 microns. A gramatura empregada pode ser entre 1 ,95 g/m ² e 3 g/m ² . Torna- se possível utilizar espessuras de verniz adesivo inferiores às comumente empregadas no estado da técnica, uma vez que o processo de termo transferência do ribbon é realizado a temperaturas mais baixas, tornando possível empregar desmoldante também com Tm mais baixas, facilitando o desprendimento do rótulo a partir do suporte no momento de aplicação na embalagem.

[039] Em uma modalidade, o rótulo obtido pode ser empregado para recipientes reutilizáveis, por exemplo, garrafas retornáveis. O rótulo da presente invenção é resistente a abrasão e a lavagens com soda cáustica, devido aos vernizes protetivo e adesivo de co-poliéster. Dessa forma, após o descarte, o rótulo se manterá íntegro na embalagem, permitindo um rastreamento de recipientes reutilizáveis. Por exemplo, o fabricante poderá acompanhar quantas vezes cada recipiente específico foi utilizado, e então tomar a decisão de reutilizá-lo mais uma vez ou descartá-lo. T ambém é possível monitorar a qualidade e durabilidade do recipiente de fabricantes determinados, identificando oportunidades de melhoria das embalagens fabricadas.

[040] Opcionalmente, o rótulo obtido por meio da presente invenção pode ser empregado em conjunto com um rótulo não resistente a agente químicos. Dessa forma, a cada novo reuso, parte da embalagem contendo a identificação individual será mantida, enquanto parte da embalagem será removida/alterada conforme interesse do fabricante.

[041 ] Opcionalmente, o rótulo a ser obtido por meio da presente invenção pode conter informações referentes a pelo menos dois produtos diferentes, preferencialmente para embalagens transparentes ou translúcidas, de forma que uma mesma embalagem possa ser reutilizada para produtos diferentes, sem prejuízo ao consumidor, o qual conseguirá visualizar e identificar corretamente o produto por visualização através da embalagem transparente ou translúcida ou outro meio de identificação que independa do rótulo.

[042] A impressão das camadas de verniz protetivo, camadas de identidade e camada de verniz adesivo podem ser realizadas empregando tecnologias de flexografia, rotogravura e/ou serigrafia, preferencialmente rotogravura. Preferencialmente, são empregadas matrizes de impressão cilíndrica. Preferencialmente, a umidade relativa do ambiente em que é realizado o processo se encontra entre 10% e 90%.

[043] Preferencialmente, os rótulos produzidos são posteriormente aplicados sob calor e pressão em embalagens, caracterizando o produto como rótulo Heat Transfer. Opcionalmente, tal aplicação pode ser realizada por rotuladeira automática com seção transversal quadrada, retangular, circular, entre outros. No processo de aplicação do rótulo, emprega-se, preferencialmente, temperatura entre 90-220°C, podendo ser utilizadas outras temperaturas acima da temperatura de ativação do desmoldante. O rótulo é preferencialmente empregado em embalagens de PET, PE, PP, entre outros.

[044] Verificou-se que o rótulo apresenta excelente resistência química, resistindo a 30 ciclos de 30 minutos de imersão da embalagem em um tanque com solução de 2 a 5% m/m de hidróxido de sódio a uma temperatura entre 55°C e 65°C. O rótulo também resistiu a 1 ciclo de 5 horas de imersão da embalagem em um tanque com solução de 2 a 5%.

[045] Dentro do sistema proposto na presente invenção, o protetivo é aplicado e seco no módulo de aplicação de protetivo, a pelo menos uma camada de identidade é aplicada e seca no módulo de identidade, a impressão por termotransferência é realizada no módulo de termotransferência e o adesivo é aplicado e seco no módulo de aplicação de adesivo. O sistema pode compreender ainda segundo módulo de identidade, em que camadas adicionais de identidade podem ser aplicadas, por exemplo, após a impressão por termotransferência.

[046] As etapas de secagem podem ocorrer em fornos posicionados após cada cabeça de impressão, com emprego de temperatura. As temperaturas dos fornos são preferencialmente configuradas entre 52°C e 65°C. Em uma modalidade, a temperatura de secagem do verniz adesivo é mais alta do que a temperatura de secagem do verniz protetivo. Em uma modalidade, diferentes camadas de identidade podem ser secas a diferentes temperaturas. [047] É importante salientar que as figuras e descrição realizadas não possuem o condão de limitar as formas de execução do conceito inventivo ora proposto, mas sim de ilustrar e tornar compreensíveis as inovações conceituais reveladas nesta solução. Desse modo, as descrições e imagens devem ser interpretadas de forma ilustrativa e não limitativa, podendo existir outras formas equivalentes ou análogas de implementação do conceito inventivo ora revelado e que não fujam do espectro de proteção delineado na solução proposta.

[048] Tratou-se no presente relatório descritivo de um novo sistema e processo de fabricação de fita contendo rótulos com informação variável impressa por termotransferência, dotado de novidade, atividade inventiva, suficiência descritiva, aplicação industrial e, consequentemente, revestido de todos os requisitos essenciais para a concessão do privilégio pleiteado.