Setor tecnológico da invenção

[0001] A presente invenção pertence, de maneira geral, ao setor tecnológico de sacolas e embalagens destinadas a armazenar e transportar uma diversidade de artigos, do tipo que normalmente é utilizada no comércio para os clientes levarem os artigos adquiridos, mas que pode ter uma série de outros usos. Estas sacolas podem ser manufaturadas em papel ou outro material cujas propriedades permitam obter o mesmo resultado, sendo que invenção se refere a uma sacola, preferencialmente de papel, com aspecto de bolsa, que pode ser montada sem o uso de nenhum adesivo.

Estado da técnica conhecido

[0002] Estas sacolas de papel convencionais são constituídas por uma folha de papel que é dobrada e colada, ou seja, se utilizam de colagem para obter o fechamento lateral e do fundo. As extremidades opostas da lâmina de papel são unidas por adesivo num movimento horizontal para formar o corpo da sacola e o fundo exige a colagem de partes independentes para ser formado. A união das partes da sacola por adesivo é um aspecto de fragilidade e isto é particularmente verdadeiro para o fundo, pois como este suportará o peso do que for transportado, se torna o ponto mais frágil da sacola.

[0003] Cita-se como exemplo de patente deste tipo o BR 202014019382-6, que revela uma sacola obtida a partir de uma folha de cartão, cartolina, papel ou similares, que é vincada, cortada, dobrada e colada, sendo dotada de reforços para o fundo e da virada superior. Diversas outras sacolas e embalagens formadas por folhas de papel são conhecidas, diferenciando-se pela configuração de vincos e dobras que realizam para obter a forma montada da sacola, como as reveladas nos documentos US2669382, US3342402, US6176615 e US2010/0111447. Todas estas sacolas tem em comum a necessidade de colagem para serem montadas.

[0004] A utilização de colagem para fabricar as sacolas acarreta em uma série de problemas e inconvenientes, como o custo dos equipamentos para colagem, insumos necessários, tempo de cura da cola, espaço físico necessário e adequações ao descarte dos resíduos. Além disso, a colagem é por natureza suscetível a falhas, acarretando perdas no processo de produção, bem como contratempos e até avaria do que estiver sendo transportado, quando em utilização. Também é a etapa mais cara e demorada do processo produtivo. Seja a sacola montada manualmente ou em maquinário, o tempo necessário à colagem é o maior entre todas as etapas do processo. Nestas sacolas convencionais, a produção de pequenas e médias quantidades e variedade de tamanhos não justifica o custo com o acerto de máquina.

Novidade e objetivo da invenção

[0005] A presente invenção se refere a uma sacola formada por papel (ou outro material com propriedades semelhantes) dobrado e encaixado, que dispensa o uso de cola e obtém um aspecto visual de “bolsa”. Uma lâmina de papel vincada para dobras e cortes é o “mapa” para a formação do corpo estrutural da embalagem, o que possibilita a comercialização das lâminas acompanhadas de reforços e alças, de modo que o próprio estabelecimento comercial possa fazer a montagem em segundos, reduzindo assim o custo na aquisição, armazenagem, cubagem, peso/transporte e acomodação. [0006] A retirada da colagem do processo reduz consideravelmente o preço final e resulta num produto que, mesmo sendo fechado à mão, é competitivo em relação as sacolas montadas e coladas por maquinário. Sendo que este modelo sem-cola pode também ser montado por maquinário. Outras vantagens da não utilização de cola são que pessoas não terão mais contato com produto perigoso e a sacola tem um descarte mais apropriado para reciclagem. Além disso, a eliminação da cola permite obter uma sacola mais resistente, sem a fragilidade do fundo inerente às sacolas convencionais e, ainda, cujo processo produtivo utiliza os mesmos recursos, métodos e maquinários existentes, porém, reduzindo os insumos e tempo de produção.

[0007] Quanto ao processo de montagem da sacola propriamente dito, de modo diverso da maioria das sacolas de papel conhecidas, em que as extremidades opostas de uma lâmina de papel são unidas (coladas) num movimento horizontal para formar o corpo da sacola, na presente invenção a lâmina de papel é dobrada num movimento vertical, obtendo um corpo com uma configuração em “U”, tendo em extremidades opostas um fundo inteiro e a abertura da embalagem. O fundo inteiro suporta o peso do que for transportado e dota a sacola de uma resistência superior.

[0008] Nesta concepção, uma vez o corpo da sacola armado, obtém-se em cada lado duas abas. Cada uma oriunda de uma das faces frontal e posterior. Estas abas se acomodam uma ao lado da outra, formando uma parede dupla e originando as laterais da sacola, o que torna o corpo da sacola efetivamente fechado nas suas laterais, novamente sem a necessidade de colagem. [0009] A folha de papel é provida de furos para a passagem de alças em pontos estratégicos, de modo a neste estágio da montagem estarem dispostos apenas nas extremidades superiores das laterais, evitando as faces frontal e posterior da sacola. Uma vez que as alças são aplicadas apenas nas laterais, causam a impressão de serem embutidas nas faces frontal e posterior e proporcionam aspecto de bolsa para a sacola.

[0010] Na abertura da sacola estão abas de dobras, voltadas para a parte interna das faces frontal, posterior e laterais, formando uma “gola” em “U”. Dita gola visa acomodar perfis que conferem rigidez e resistência, com a mesma largura das faces e altura preferencial entre 3 e 5 cm. Cada perfil realiza papel importante na funcionalidade efetiva do produto. Uma vez que as alças são aplicadas às laterais, quando a sacola transporta algum artigo, o peso deste naturalmente tenderia a tencionar a abertura, deformando-a. Para não deformar a abertura, são aplicados perfis com determinada rigidez, embutidos um em cada lado da abertura, para suportar a tensão causada pelo peso transportado, mantendo a abertura na forma que se propõe.

[0011] Para o travamento da estrutura permanentemente nesta condição e, em substituição a cola, utiliza-se a furação das laterais e alças que são passadas nesses furos. Em uma concretização preferencial da invenção, são previstos dois furos em cada uma das duas laterais, dispostos mais próximos da parte superior das laterais, separados e divididos por um vinco central. Quando a alça está em utilização, força cada lado formado pela dobra entre os furos um contra o outro, trazendo consigo também cada uma das faces da embalagem. Provocando assim o fechamento da boca da sacola e lhe conferindo um aspecto de bolsa. Em outras concretizações da invenção, pode-se também acrescer furos na extremidade superior de cada face e utilizar a própria alça para fechamento da abertura com laço, provendo ao item a função de embalagem de presente.

[0012] A configuração dos vincos e dobras da folha de papel visa obter, quando a sacola é montada, a formação de estruturas triangulares sobrepostas no fundo, que aumentam sobremaneira a resistência do conjunto.

[0013] Uma vez a sacola montada, pode ser compactada para armazenamento e, devido a sua concepção, a contração da estrutura é feita pelas laterais e fundo, preservando assim ambas as faces de qualquer dobra.

Descrição dos desenhos anexos

[0014] A fim de que a presente invenção seja plenamente compreendida e levada à prática por qualquer técnico deste setor tecnológico, terá suas concretizações preferenciais detalhadamente explicadas, tendo como base os desenhos anexos abaixo listados, que são apenas ilustrativos das concretizações apresentadas a título de exemplo, sem ter qualquer intenção de limitar a proteção apenas a estas:

[0015] Figura 1 - desenho em vista de uma folha de papel aberta, identificando suas áreas correspondentes e os vincos e cortes existentes nestas, em que as linhas tracejadas representam linhas de dobra e as linhas contínuas corte.

[0016] Figura 2 - detalhe em vista dos furos de passagem da alça. [0017] Figura 3 - desenho em vista da folha de papel aberta, no qual se realça as regiões das linhas longitudinais extremas, formadoras da cintura de abertura da sacola.

[0018] Figura 4 - desenho em vista da folha de papel aberta, no qual se realça as regiões das linhas longitudinais transversais extremas, formadoras das laterais da sacola.

[0019] Figura 5 - desenho em vista da folha de papel aberta, no qual se realça a região formada pelas linhas longitudinais centrais formadoras do fundo da sacola.

[0020] Figura 6 - desenho em vista da folha de papel aberta, no qual se realça as regiões formadoras das faces frontal e posterior da sacola.

[0021] Figura 7 - desenho em perspectiva da sacola montada.

[0022] Figura 8 - desenho em perspectiva do reforço e de uma alça antes de serem aplicados.

[0023] Figura 9 - desenho em perspectiva ilustrativo da dobra longitudinal da extremidade da lâmina, que forma a cintura da abertura da sacola.

[0024] Figura 10 - desenho em perspectiva da região das linhas transversais extremas, formadoras das laterais da sacola, sendo dobradas em direção ao interior da folha.

[0025] Figura 11 - detalhe em perspectiva do fundo da sacola durante o levantamento das faces frontal e posterior desta, no qual se verifica que as regiões triangulares se dobram e se sobrepõem de modo quase intuitivo. [0026] Figura 12 - outro detalhe em perspectiva do fundo da sacola durante o levantamento das faces frontal e posterior desta.

[0027] Figura 13 - detalhe em perspectiva do encaixe das paredes laterais uma dentro da outra, formando uma parede dupla.

[0028] Figura 14 - detalhe das paredes laterais duplas já formadas.

[0029] Figura 15 - perspectiva do corpo da sacola visto de cima.

[0030] Figura 16 - perspectiva do corpo da sacola visto de cima por outro ponto de vista.

[0031] Figura 17 - desenho em perspectiva da sacola completa com as alças introduzidas.

[0032] Figura 18 - desenho em perspectiva da sacola completa com as alças introduzidas.

[0033] Figura 18 - desenho em perspectiva da sacola montada, compactada para armazenamento.

Descrição detalhada da invenção

[0034] A presente invenção se refere a uma sacola de papel dobrada constituída por uma lâmina de papel (1) vincada para dobra e com corte de aberturas (2), que forma o guia para a montagem de dita sacola.

[0035] Conforme pode ser visualizado nas figuras 1 a 6, a concretização preferencial da invenção prevê uma folha (1) dotada em suas extremidades de linhas vincadas longitudinais paralelas, destinadas à dobra, doravante denominadas linhas longitudinais extremas (3), que formam a cintura (4) da boca da sacola (visualizada na figura 4) e que permite a introdução de reforço (5) (que pode ser visualizado na figura 8), quando pela forma e dimensões da sacola este for necessário.

[0036] Perpendicularmente às linhas longitudinais extremas (3) e nas extremidades da folha (1), estão dispostas linhas vincadas transversais paralelas, doravante referidas como linhas transversais extremas (6), que definem a área que formará as laterais da sacola. Ditas linhas transversais extremas (6) interceptam as linhas longitudinais extremas (3) e formam regiões retangulares (7), no centro das quais estão dispostas as aberturas (2), de forma que tais aberturas (2) coincidam quando as linhas longitudinais (3) são dobradas para formar a cintura da abertura da sacola. As aberturas (2) visam receber a introdução de alças (8) (ilustrada na figura 8).

[0037] No centro da folha (1) há três linhas vincadas paralelas às linhas longitudinais extremas (3), doravante chamadas linhas longitudinais centrais (9). Estas linhas longitudinais centrais (9) definem a região que formará o fundo da sacola. Na intersecção dessas linhas longitudinais centrais (9) com as linhas transversais extremas (6) formam-se regiões quadradas (10), que são divididas por linhas vincadas diagonais (11), que formam regiões triangulares (12), que ao serem dobradas exercerão relevante papel na rigidez estrutural da sacola.

[0038] Estas linhas longitudinais extremas (3), linhas transversais extremas (6) e linhas longitudinais centrais (9), delimitam as áreas (13) que formarão as faces frontal e posterior da sacola.

[0039] A invenção ainda compreende o processo de montagem da sacola. A figura 9 representa o primeiro passo, a dobra das linhas longitudinais extremas (3) para formar a cintura da sacola em torno do reforço (5) (quando este for necessário).

[0040] Na figura 10 vemos o segundo passo, a dobra da região que formará as laterais da sacola em direção do interior da lâmina (1) através da dobra das linhas transversais extremas (6).

[0041] A etapa seguinte é o levantamento das faces frontal e posterior da sacola (13) (representada nas figuras 11 e 12), pela dobra das linhas longitudinais centrais (9), formando o fundo da sacola. Neste movimento ocorre naturalmente a dobra e sobreposição das regiões triangulares (12) no fundo da sacola e a sobreposição das regiões das linhas transversais extremas (6), formando as laterais duplas da sacola. Para obter a fixação basta introduzir uma metade da cintura (4) dentro da outra metade (como ilustrado nas figuras 13 e 14), obtendo o corpo da sacola montado ilustrado pelas figuras 15 e 16.

[0042] Por fim, basta introduzir as alças (8) e puxar para a face frontal e a face posterior (13) serem conduzidas uma contra a outra, tal como mostrado nas figuras 17 e 18.

[0043] A sacola montada assim obtida pode ser compactada para ser estocada, como representado na figura 19, bastando empurras as faces frontal e posterior uma contra a outra até que encostem.

[0044] Tratou-se no presente relatório descritivo de uma sacola de papel dobrada e processo de montagem associado, revestidos de aplicação industrial, novidade e atividade inventiva, todos os requisitos determinados pela legislação de propriedade industrial para receber o privilégio pleiteado.