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Title:
PREBIOTIC COSMETIC COMPOSITIONS, USE OF THE PREBIOTIC COSMETIC COMPOSITIONS, USE OF BABASSU OIL, AND COSMETIC METHOD
Document Type and Number:
WIPO Patent Application WO/2024/059917
Kind Code:
A1
Abstract:
The present invention relates to prebiotic cosmetic compositions comprising babassu oil (Orbignya oleifera) with prebiotic activity, and the use of said oil, bringing balance to the skin, hair and scalp, nourishing beneficial micro-organisms in the skin microbiota of these areas, protecting these areas from environmental stressors, strengthening them, reducing sensitivity and irritations, and improving their defence systems.

Inventors:
DE MIRANDA CHAVES VASQUEZ PINTO LUCIANA (BR)
PANZARIN SAVIETTO JOICE (BR)
BRUSSOLO BIDOIA GUILHERME (BR)
Application Number:
PCT/BR2022/050374
Publication Date:
March 28, 2024
Filing Date:
September 22, 2022
Export Citation:
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Assignee:
NATURA COSMETICOS SA (BR)
International Classes:
A61K8/92; A61K8/9783; A61Q5/00
Domestic Patent References:
WO2017193185A12017-11-16
Foreign References:
KR20140052576A2014-05-07
Attorney, Agent or Firm:
DANNEMANN, SIEMSEN, BIGLER & IPANEMA MOREIRA (BR)
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Claims:
REIVINDICAÇÕES

1 . COMPOSIÇÕES COSMÉTICAS PREBIÓTICAS caracterizadas pelo fato de que compreende óleo de babaçu (Orbignya oleífera) e excipientes cosmeticamente aceitáveis.

2. COMPOSIÇÕES, de acordo com a reivindicação 1 , caracterizadas pelo fato de que a de concentração de óleo de babaçu varia entre 0,5 e 1 % em relação ao peso total da composição.

3. COMPOSIÇÕES, de acordo com a reivindicação 2, caracterizadas pelo fato de que a de concentração de óleo de babaçu é de 0,01 % em relação ao peso total da composição.

4. COMPOSIÇÕES, de acordo com uma qualquer das reivindicações 1 a 3, caracterizadas pelo fato de que é para aplicação tópica em pele, cabelo e couro cabeludo.

5. COMPOSIÇÕES, de acordo com uma das reivindicações 1 a 4, caracterizadas pelo fato de que atuam na manutenção de organismos benéficos, não favorecimento de microrganismos não benéficos e fraca formação de biofilme para microrganismos indesejáveis.

6. COMPOSIÇÕES, de acordo com uma das reivindicações 1 a 4, caracterizadas pelo fato de apresentam atividade prebiótica para Staphylococcus epidermidis ATCC 35984.

7. USO DAS COMPOSIÇÕES COSMÉTICAS PREBIÓTICAS, de acordo com uma das reivindicações 1 a 6, caracterizado pelo fato de ser na nutrição dos microrganismos benéficos residentes da microbiota na pele, cabelo e couro cabeludo, protegendo-as das agressões ambientais, fortalecendo-as, reduzindo a sensibilidade e irritações e melhorando seus sistemas de defesa.

8. USO DE ÓLEO DE BABAÇU caracterizado pelo fato de ser na preparação de uma composição cosmética para nutrição dos microrganismos benéficos residentes da microbiota na pele, cabelo e couro cabeludo, protegendo-as das agressões ambientais, fortalecendo-as, reduzindo a sensibilidade e irritações e melhorando seus sistemas de defesa.

9. USO, de acordo com a reivindicação 8, caracterizado pelo fato da composição cosmética compreender de 0,5 a 1 % de óleo de babaçu em relação ao peso total de uma composição cosmética.

10. USO, de acordo com a reivindicação 9, caracterizado pelo fato da composição cosmética compreender 0,01 % de óleo de babaçu em relação ao peso total de uma composição cosmética.

11 . MÉTODO COSMÉTICO caracterizado pelo fato de aplicar composições cosméticas prebióticas na pele, cabelo e couro cabeludo, as quais compreendem óleo de babaçu (Orbignya oleífera) e excipientes cosmeticamente aceitáveis.

Description:
Relatório Descritivo da Patente de Invenção para “COMPOSIÇÕES COSMÉTICAS PREBIÓTICAS, USO DAS COMPOSIÇÕES COSMÉTICAS PREBIÓTICAS, USO DE ÓLEO DE BABAÇU E MÉTODO COSMÉTICO” CAMPO DA INVENÇÃO

[1 ] A presente invenção trata de composições cosméticas prebióticas compreendendo óleo de babaçu (Orbignya oleífera), bem como uso do referido óleo, com atividade prebiótica, favorecendo o equilíbrio da pele, nutrindo os microrganismos benéficos residentes da microbiota da pele, protegendo-a das agressões ambientais, fortalecendo-a, reduzindo a sensibilidade e irritações e melhorando seu sistema de defesa.

ARTE ANTERIOR

[2] Microbiota é o conjunto de microrganismos presente em um determinado ecossistema, como, por exemplo, a pele ou o cabelo.

[3] A microbiota da pele é formada majoritariamente por bactérias, mas também possui vírus, fungos e protozoários. Os microrganismos presentes na microbiota da pele são determinados pelas condições ambientais como localização anatômica, umidade, produção de sebo e suor, a concentração de oxigênio, o pH, dentre outros, além de fatores biológicos como oscilações hormonais e a idade do indivíduo.

[4] A microbiota do cabelo ou flora capilar, por sua vez, é uma comunidade de microrganismos que se desenvolvem no couro cabeludo e nos fios de cabelo (haste). É composta por bactérias e fungos, que se alimentam de sebo e queratinócitos (células da pele mortas).

[5] A microbiota é responsável por várias funções fisiológicas, como a produção de nutrientes ou peptídeos de defesa, modulação da resposta imunológica e, no caso da microbiota capilar, ainda tem função de proteger e manter os fios saudáveis.

[6] Os microrganismos podem se fixar na pele através de ligações a estruturas da pele ou cabelo, como carboidratos ou receptores celulares, dentro das células da pele ou organizados em colônias unidas por um biofilme.

[7] O biofilme forma um microambiente com pH, concentração de oxigênio, nutrientes e metabólitos diferente da pele. Ele também facilita a comunicação das bactérias por quorum sensing e protege a microbiota de agentes antimicrobianos endógenos e exógenos, do sistema imunológico do indivíduo.

[8] A pele humana possui aproximadamente 1000 bactérias para cada célula. Estudos de sequenciamento genético mostram que existem bactérias não apenas na superfície da pele, mas também nas glândulas sudoríparas e sebáceas, nos folículos, nas invaginações cutâneas e mesmo nas camadas mais profundas da pele como a derme.

[9] Os gêneros mais comuns nas camadas superficiais da pele são Staphylococcus, Cutibacterium, Micrococcus e Corynebacteria.

[10] Essas bactérias se distribuem nas diferentes regiões da pele em função do microambiente. Staphylococcus e Corynebacteria, por exemplo, são os gêneros mais abundantes na pele e se mantém ao longo da vida. Cutibacterium, que são anaeróbicos, estão presentes nas glândulas sebáceas. Corynebacteria estão presentes nas axilas e estão relacionadas à produção de mau odor. Os fungos do gênero Malassezia estão presentes no couro cabeludo e estão relacionados com a dermatite seborréica e a caspa.

[11 ] A pele humana, em geral, oferece para a microbiota um ambiente seco, levemente ácido e com disponibilidade apenas de proteínas e lipídios.

[12] O equilíbrio da microbiota envolve mecanismos de adesão, interação com o sistema imunológico de defesa do indivíduo, alterações no microambiente, consumo de nutrientes e produção de agentes antimicrobianos.

[13] As camadas superficiais da pele estão em constante processo de descamação que retira parte da microbiota. A capacidade de adesão às células viáveis da pele garante a permanência dos microrganismos. As bactérias se ligam à receptores de membrana nas células, como os da família toll-Hke que reconhecem padrões associados às bactérias (TLR 1 -10), receptores de manose, ou receptores NOD-// e. Estes receptores acionam vias imunológicas que discriminam as bactérias patogênicas das benéficas, estimulando as repostas apropriadas. A composição da microbiota ensina o sistema imune a discriminar com maior acurácia as bactérias benéficas, modulando as respostas inflamatórias e reduzindo a sensibilidade da pele a fatores externos como variações de temperatura, umidade e exposição à radiação UV. [14] Além disso, a microbiota produz ácido lático que, juntamente com os ácidos graxos livres (provenientes do sebo), os aminoácidos ácidos (provenientes do suor) e os ácidos urocânico e pirrolidona carboxílico (do processo de queratinização dos corneócitos) mantêm o pH da pele mais ácido, restringindo os microrganismos presentes na microbiota. Os lipídios são a principal fonte de carbono utilizada pela microbiota da pele.

[15] Variações de idade, sexo e ciclo hormonal interferem na disponibilidade de nutrientes para a microbiota, podendo trazer oscilações na composição dos microrganismos.

[16] O papel de barreira seletiva contra o meio externo, exercido pela pele, é bastante facilitado pelos peptídeos antimicrobianos (AMPs), produzidos tanto pelos queratinócitos quanto pela microbiota da pele. Estão descritas mais de 2000 moléculas, produzidas por microrganismos e catalogadas em bancos de dados públicos e privados, com atividade antimicrobiana. Entre eles estão as a e [3-defensinas (hBD), as catelicidinas, as C-type lectinas, as dermicidinas, etc. A maioria dos AMPs é composta de peptídeos pequenos de aproximadamente 2-15kDa. O desequilíbrio (excesso ou falta) de AMPs na pele está relacionado com patologias como a dermatite atópica, rosácea e psoríase. Alguns fatores produzidos pela pele, como a vitamina D e PTH, regulam a síntese de AMPs. AMPs são importantes para a proteção da pele contra patógenos, controlam a população da microbiota e limitam o contato entre queratinócitos e a microbiota. A atividade dos AMPs é geralmente de amplo espectro, atingindo tanto bactérias Gram positivas, Gram negativas e, em alguns casos, fungos, protozoários e vírus.

[17] A microbiota também produz outras substâncias, como ácido hialurônico, produzido por Streptococcus e alguns Lactobacillus, que é um constituinte de matriz extracelular que preenche a derme, dando forma à pele e estimulando a produção de [3-defensina 2 (hBD2).

[18] A esfingomielinase é produzida por queratinócitos, Streptococcus e Lactobacillus, sendo uma enzima que participa da síntese de ceramidas fundamentais para a manutenção da barreira cutânea.

[19] O ácido lipoteicóico (LTA) é o componente estrutural de bactérias Gram positivas como Staphylococcus, Lactobacillus e Bifidobacterias, que estimula a produção de peptídeos antimicrobianos como [3-defensinas (hBD) e catelicidinas.

[20] Os peptidoglicanos são componentes estruturais da parede celular de bactérias Gram positivas, que modulam a resposta imunológica do indivíduo, estimulando a produção de IL-8 por queratinócitos e recrutando fagócitos para locais infectados.

[21 ] O ácido lático, alfa hidroxiácido, produzido por Lactobacillus e Bifidobacterias, estimula o processo de descamação da pele, enfraquecendo as adesões celulares, estimulando a produção de ceramidas por queratinócitos, fortalecendo a barreira cutânea e compõe o NMF, que retém a umidade da pele.

[22] O ácido acético, produzido por Lactobacillus e Bifidobacterias, possui atividade antibacteriana contra S. aureus e P. aeruginosa.

[23] Os principais representantes da microbiota da pele incluem Staphylococcus epidermidis, componente majoritário da pele, que são halotolerantes e capazes de crescer em ambientes com baixa atividade de água. Geralmente é inócuo para a pele, mas pode causar infecções nosocomiais por colonização de corpos estranhos como catéteres e implantes em indivíduos predispostos e imunocomprometidos. Estes são extremamente resistentes à AMPs, não agridem os queratinócitos e produzem AMPs (epidermina, Pep5, epilancina K7 e epicidina 280) que controlam as populações de S. aureus e Streptococcus.

[24] Entretanto, a remoção de S. epidermidis da pele, por exemplo, pelo uso excessivo de antibióticos tópicos, deixa o indivíduo imunocomprometido e muito suscetível a infecções por patógenos.

[25] Além disso, eles sintetizam proteases, queratinases, lipases e nucleases que participam do turnover fisiológico da pele. Sintetizam modulinas fenólicas solúveis (PSMs), proteínas com propriedades surfactantes e antibacteriana seletiva para S. aureus e Streptococcus, através a dissolução do biofilme formado por essas bactérias patogênicas.

[26] O Staphylococcus aureus é encontrado em peles saudáveis. Principal patógeno da pele humana, responsável por foliculites, furúnculos, abcessos subcutâneos, meningites, endocardites e septicemias. Condições como a dermatite atópica, vírus (Herpes simples tipo I ou Papilomavirus) e fungos oportunistas (Trichophyton rubrum) predispõem a pele a infecções por S. aureus.

[27] O aumento crescente do número de cepas resistentes à antibióticos como metaciclina e vancomicina, fazem do S. aureus um problema sério em ambientes hospitalares. Ele sintetiza bacteriocinas como staphylococcina 462, que inibe outras cepas de S. aureus.

[28] Corynebacteria jeikeium e Corynebacteria striatum são encontrados em peles saudáveis, sendo os microrganismos mais presentes depois de S. epidermidis. Encontram-se nas regiões axilares, inguinal e perineal, devido a sua alta tolerância às concentrações de sais. Aderem aos queratinócitos em proporção estimada de 25 bactérias/célula através de receptores de fibronectina. Produzem bacteriocinas como lacticidina Q, responsável pela síntese de dermicidina e catelicidina presentes no suor, propondo uma atividade de defesa da pele.

[29] A Cutibacterium acnes, presente na microbiota saudável, em regiões como o rosto e as costas, é um microrganismo saprófita, anaeróbico encontrado principalmente nas glândulas sebáceas e associado a manifestações como foliculites e acne vulgar. A principal fonte de energia por ele utilizada são os lipídios e ácidos graxos presentes no sebo. A presença de porfirina deixa C. acnes bastante sensível à radiação UV e estimula a produção de IL-8 e IL-12 pelos queratinócitos, formando um microambiente pró-inflamatório.

[30] Estudos apontam C. acnes como envolvida no processo de hipercorneificação do dueto pilosebáceo, exacerbando os processos inflamatórios. Além disso, ele sintetiza ácido acético e ácido propiônico além de lipases e proteases. Também sintetiza diversas bacteriocinas como propionicina PLG-1 , jensenina G, propionicina SM1 , SM2, T1 e acneina, com atividade contra diversas bactérias lácticas, Gram negativas, fungos e bolores.

[31 ] Malasssezia furfuré um fungo fastidioso presente na microbiota saudável, em regiões como o couro cabeludo e as costas, principal responsável por infecções oportunistas como a dermatite seborreica, caspa e tinea versicolor (ou ptiríase). Sua principal fonte de carbono são os ácidos graxos livres. Além disso, ele sintetiza uma enzima capaz de degradar a parede celular de microrganismos, contribuindo para a proteção da pele contra patógenos.

[32] O desiquilíbrio da microbiota pode levar a dermatite seborreica, acne vulgar, dermatite atópica, dentre outras doenças.

[33] A microbiota da pele é constantemente removida pelo processo natural de descamação e renovação da pele. Assim, a capacidade de adesão dos MOs às células viáveis da pele, inclusive nas camadas mais profundas como a derme, é uma vantagem competitiva.

[34] A presença da microbiota modula a resposta inflamatória da pele, reduzindo a sensibilidade a fatores como variação de temperatura, umidade e exposição à radiação UV.

[35] A microbiota produz ácido lático, que ajuda a manter o pH da pele mais ácido, peptídeos antimicrobianos (AMPs) que protegem a pele de patógenos e cujo desequilíbrio está relacionado a patologias como dermatites, rosácea e psoríase, auxiliam na regulação da produção de vitamina D e estão envolvidos na produção de proteínas de matriz extracelular como ácido hialurônico e enzimas importantes para a manutenção da barreira cutânea como esfingomielinase.

[36] O Staphyloccocus epidermidis é o microrganismo majoritário da microbiota da pele e se mantém assim, mesmo durante o envelhecimento. S. epidermidis é inócuo para os queratinócitos e produz AMPs (epidermina, Pep5, epilancina K7, modulinas fenólicas solúveis -PSMs- e epicidina 280) que controlam as populações de S. aureus e Streptococcus, protegendo a pele.

[37] S. epidermidis sintetizam proteases, queratinases, lipases e nucleases que contribuem para o turnover fisiológico da pele e possui um papel na manutenção da saúde da pele, protegendo-a de microrganismos nocivos oportunistas e favorecendo mecanismos fisiológicos de renovação da pele.

[38] Na região do couro cabeludo, encontra-se folículos capilares com aberturas que contribuem para um aumento significativo da área de superfície passível de colonização pela microbiota. O folículo é preenchido com sebo, detritos e microrganismos. Em relação à população de bactérias presentes no couro cabeludo, a população de bactérias do gênero Cutibacterium spp. (principalmente Cutibacterium acne) e do gênero Stapylococcus spp. são os mais abundantes. Em relação à população de fungos, o gênero Malassezia spp. se destaca como o mais abundante. A perturbação da microbiota do couro cabeludo pode levar a disbiose da região, como favorecimento de inflamações locais da pele do couro.

[39] No caso dos cabelos, a microbiota é frequentemente desregulada por alterações de pH capilar (oriundo de escovas progressiva, alisamentos, colorações etc.), tratamentos com antibióticos, poluição, bem como o uso de produtos compreendendo ingredientes como sulfatos.

[40] Há inúmeros ingredientes ativos disponíveis com sugestiva atuação direta ou indireta na microbiota, por administração tópica ou oral, por exemplo, ácido acético, diacetil, ácido lático, ácido hialurônico, dentre outros. E, apesar dos componentes da microbiota e seus efeitos diretos e indiretos na pele serem conhecidos, ainda, persiste a utilização comum de antibacterianos, que afetam tanto as bactérias benéficas quanto as nocivas presentes na pele. Seu uso indiscriminado enfraquece as defesas naturais da pele e a deixa mais vulnerável para bactérias nocivas.

[41 ] Por esta razão, novos ingredientes prebióticos e probióticos ainda têm sido pesquisados.

[42] Prebióticos são ingredientes que favorecem as bactérias benéficas. Já probióticos são microrganismos que interagem com a microbiota natural da pele e a estimulam a produzir suas próprias defesas. O probiótico também pode atuar como um antibacteriano seletivo, produzindo substâncias que controlam a proliferação de bactérias nocivas.

[43] Inúmeras publicações do estado da técnica indicam que agentes prebióticos seletivamente podem favorecer as bactérias benéficas e, consequentemente, são candidatos a compor composições cosméticas para essa finalidade. Contudo, apesar de triar e sugerir possíveis ingredientes prebióticos, o estado da técnica é limitado no sentido de disponibilizar ingredientes prebióticos efetivos, com eficácia comprovada in vitro e com mecanismo de ação elucidado, particularmente para administração tópica e, por esta razão, ainda carece de investigação.

[44] O documento de patente BR112018073293-1 , de Natura, revela composições cosméticas prebióticas que podem compreender amido de babaçu. Amidos no geral são bons para adsorver a oleosidade da pele, entretanto, pensando em aplicação em formulações cosméticas, eles não dissolvem, apenas são dispersos e nesse aspecto os óleos podem ser incorporados mais facilmente nas fórmulas, ampliando as possibilidades de uso em diferentes fórmulas galênicas. Ingredientes na forma oleosa também são bons emolientes e formadores de filme.

[45] Assim, persiste a necessidade de composições cosméticas, particularmente para aplicação tópica, que apresentem comprovado efeito prebiótico na pele.

BREVE DESCRIÇÃO DAS FIGURAS

[46] A figura 1 mostra o crescimento em relação ao controle positivo.

[47] A figura 2 mostra o resultado na proliferação de S. epidermis e S. aureus com diferentes ingredientes.

DESCRIÇÃO DA INVENÇÃO

[48] Em um primeiro aspecto, a presente invenção trata de composições cosméticas prebióticas compreendendo óleo de babaçu (Orbignya oleífera) com atividade prebiótica, favorecendo o equilíbrio da pele, nutrindo os microrganismos benéficos residentes da microbiota da pele, protegendo-a das agressões ambientais, fortalecendo-a, reduzindo a sensibilidade e irritações e melhorando seu sistema de defesa, com eficácia comprovada in vitro.

[49] De maneira particular, o óleo de babaçu é utilizado em concentração de 0,5 a 1 %, particularmente cerca de 0,01 %, em relação ao peso total da composição.

[50] De acordo com a presente invenção, o óleo de babaçu é obtido de palmeiras na região do Maranhão, fornecido pela comunidade COPPALJ (Cooperativa de Pequenos Produtores Agroextrativistas do Lado do Junco e Lago dos Rodrigues) e apresenta as seguintes características: rico em ácido láurico, mirístico, palmítico e oleico.

[51 ] As composições cosméticas prebióticas de acordo com a presente invenção podem ser disponibilizadas em diferentes formas cosméticas, incluindo sem qualquer limitação, emulsões, géis, pós, bastões, entre outros, incluído veículos cosmeticamente apropriados para a forma cosmética escolhida.

[52] As composições cosméticas prebióticas de acordo com a presente invenção são destinadas a aplicação tópica e favorecem a proliferação da S. epidermidis, sem aumentar os microrganismos nocivos.

[53] De maneira surpreendente, constatou-se que o efeito prebiótico propiciado pelas composições cosméticas prebióticas tópicas de acordo com a presente invenção não só é eficiente em reduzir as bactérias nocivas da pele, cabelo ou couro cabeludo, favorecendo as bactérias benéficas dessas regiões, equilibrando sua microbiota, mas também propicia equilíbrio, nutrição, estimulando a defesa/proteção natural, propiciando efeitos cosméticos vantajosos, como aumento fórmulas suaves que não agridem a microbiota da pele e do couro cabeludo.

[54] Devido a esses e outros efeitos constatados, as composições cosméticas tópicas de acordo com a presente invenção são empregadas como produtos de limpeza e/ou hidratação com fórmulas amigáveis à microbiota da pele.

[55] As composições cosméticas tópicas de acordo com a presente invenção apresentam atividade prebiótica para Staphylococcus epidermidis ATCC 35984. Não apresentou atividade prebiótica para os microrganismos não benéficos: Corynebacterium xerosis ATCC 373, Staphylococcus aureus ATCC 6538, Staphylococcus aureus ATCC 29213, Staphylococcus aureus ATCC 33591 e Staphylococcus aureus ATCC 33592. No teste de formação de biofilme apresentou fraca formação de biofilme para todos os microrganismos testados, o que ajuda a prevenir a adesão e proliferação de espécies não consideradas benéficas na pele.

[56] As composições cosméticas prebióticas tópicas de acordo com a presente invenção podem ser disponibilizadas em quaisquer formas cosméticas apropriadas para aplicação no rosto, corpo, cabelo ou couro cabeludo, conhecidas no homem da técnica, para tratamento ou limpeza, sem impor qualquer limitação, incluindo emulsões, soluções, pós, géis, pastas, sabonetes, xampus, condicionadores, dentre outras.

[57] Excipientes cosmeticamente aceitáveis podem ser selecionados de compostos conhecidos no estado da técnica. Sem caráter limitativo, podem compreender emolientes, antioxidantes, umectantes, emulsificantes, tensoativos, modificadores de sensorial ou viscosidade, conservantes, quelantes, estabilizantes, lubrificantes, espessantes, dispersantes, solubilizantes e demais veículos cosmeticamente aceitáveis. [58] Em outro aspecto a presente invenção também contempla o uso das composições cosméticas de acordo com a presente invenção, assim como o óleo de babaçu, particularmente na concentração de 0,5 a 1 %, em relação ao peso total de uma composição cosmética, mais particularmente na concentração de 0,01 %, na nutrição dos microrganismos benéficos residentes da microbiota na pele, cabelo e couro cabeludo, protegendo-as das agressões ambientais, fortalecendo-as, reduzindo a sensibilidade e irritações e melhorando seus sistemas de defesa.

[59] Os exemplos a seguir, sem impor qualquer limitação, ilustram a presente invenção. EXEMPLOS

Foram preparadas composições de sabonete em barra:

Foram preparadas composições de sabonete líquido: A aplicação das composições da presente invenção demostra conferir maior suavidade na formulação e não impactando na microbiota da pele quando comparado com a mesma formulação de sabonete sem a presença do óleo de babaçu. [60] Esses resultados em conjunto mostram o efeito prebiótico propiciado pelo óleo de babaçu, quando empregado em concentração específica, nas composições cosméticas prebióticas tópicas de acordo com a presente invenção não só é eficiente em reduzir as bactérias nocivas da pele, favorecendo as bactérias benéficas da pele, cabelo ou couro cabeludo, equilibrando sua microbiota, mas também propicia equilíbrio, nutrição, a defesa/proteção natural, propiciando efeitos cosméticos vantajosos, como fórmulas suaves que não agridem a microbiota da pele e do couro cabeludo.

[61 ] O homem da técnica saberá prontamente avaliar, por meio dos ensinamentos contidos no texto e nos exemplos apresentados, vantagens da invenção e propor variações e alternativas equivalentes de realização, sem fugir ao escopo da invenção, conforme definido nas reivindicações anexas.