BEZERRA CLAUDIO DE AVILA THAIS (BR)
ARAUJO RODRIGUES MUCHIUTTI PÂMELA (BR)
FERNANDA DE SOUZA FERREIRA GARCIA CINTHIA (BR)
US4649113A | 1987-03-10 | |||
US6497909B1 | 2002-12-24 |
REIVINDICAÇÕES 1. Processo de branqueamento de babaçu, caracterizado pelo fato de que compreende as seguintes etapas: - Peneiramento do substrato; - Extração aquosa, nas proporções substrato: água de cerca de 1 :5 a cerca de 1 :20; - Adição de peróxido de hidrogénio; - Adição de hidróxido de sódio nas concentrações de cerca de 10% a cerca de 30%; - Adição de cerca de 100 a cerca de 200 ml de antiespu- mante; - Filtração; - Lavagem com ácido clorídrico diluído em água; - Secagem. em que a temperatura no reator é mantida em cerca de 24°C. 2. Processo, de acordo com a reivindicação 1 , caracterizado pelo fato de que o peneiramento do substrato é realizado em uma peneira de cerca de 200 a cerca de 400 mesh. 3. Processo, de acordo com a reivindicação 1 , caracterizado pelo fato de que o peróxido de hidrogénio possui 120 volumes. 4. Processo, de acordo com a reivindicação 1 , caracterizado pelo fato de que o hidróxido de sódio é adicionado até atingir o pH de 1 1 - 12. 5. Processo, de acordo com a reivindicação 1 , caracterizado pelo fato de que o antiespumante contém polidimetilsiloxano. 6. Processo, de acordo com a reivindicação 1 , caracterizado pelo fato de que a filtração é realizada em filtro prensa. 7. Processo, de acordo com qualquer uma das reivindica- ções 1 a 7, caracterizado pelo fato de que o babaçu é da espécie Or- bignya phalerata, 8. Uso de babaçu branqueado por um processo tal como o definido em qualquer uma das reivindicações 1 a 7, caracterizado pelo fato de ser para preparação de uma composição cosmética. |
Campo da Invenção
[1 ] A presente invenção está relacionada a um novo processo para branqueamento de babaçu, preferencialmente da espécie Orbi- gnya phalerata.
Antecedentes da Invenção
[2] Existem diversas espécies de babaçu, dentre as quais a espécie Orbignya phalerata, utilizada para extração do mesocarpo, que é então transformado em farinha de babaçu.
[3] O coco do babaçu é constituído por três camadas, a externa fibrosa (epicarpo); a intermediária, a fibrosa amilácea (mesocarpo); e a interna, lenhosa (endocarpo), na qual estão inseridas as amêndoas. A casca compreende o conjunto das três camadas epicarpo, mesocarpo e endocarpo, correspondendo a aproximadamente 93% do total do coco, e pesam até 300 gramas. O mesocarpo corresponde geralmente aproximadamente a 20% do peso total.
[4] A cor do mesocarpo fresco se assemelha ao creme claro e pode ser facilmente reduzido a pó. À medida que envelhece, vai adqui- rindo rigidez lenhosa e cor castanho-avermelhada. Quando seco, ao ser embebido em água, apresenta textura semelhante ao látex, sendo dificilmente moído ou triturado.
[5] Dessa forma, a cor natural da farinha de babaçu varia entre bege e marrom, o que restringe seu uso para aplicação em cosméti- cos, como hidratantes, loções entre outras aplicações. Nas formulações cosméticas em geral, a cor da farinha migra para o produto final, dificultando a padronização e reduzindo as possibilidades do seu uso.
[6] Alguns processos para clareamento de babaçu já foram descritos. O documento de patente japonês de número JPS62192308 diz respeito a uma composição cosmética compreendendo óleo purifi- cado de babaçu. Apesar de fazer menção à possibilidade de branqueamento oxidativo, o objetivo desse documento é a purificação do óleo e a utilização do mesmo.
[7] Portanto, permanece a necessidade de um processo efici- ente e de baixo custo para branqueamento da farinha do babaçu, mais preferencialmente da extração da parte do mesocarpo da espécie Or- bignya phalerata.
Descrição da invenção
[8] O objeto da presente invenção proporciona um processo para branqueamento do mesocarpo de babaçu, preferencialmente babaçu da espécie Orbignya phalerata, que é extraído e transformado em farinha, compreendendo as seguintes etapas:
- peneiramento do mesocarpo moído, particularmente em uma peneira com 200 a 400 mesh, para retirada de fibras;
- extração aquosa, particularmente nas proporções substrato:água de cerca de 1 :5 a cerca de 1 :20;
- adição de peróxido de hidrogénio, particularmente cerca de 120 volumes;
- adição de hidróxido de sódio, particularmente nas concentrações de cerca de 10% a cerca de 30% para atingir cerca de pH 1 1 - 12. A adição de hidróxido de sódio pode ser adaptada a diversas origens vegetais caso necessário.
- adição de cerca de 100 a cerca de 200 ml_ de antiespumante, por exemplo, rico em polidimetilsiloxano,
- filtração, preferencialmente em filtro prensa;
- lavagem com ácido diluído, particularmente ácido clorídrico e água;
- secagem;
- opcionalmente micronização.
[9] Foi constatado que o uso de peróxido de hidrogénio básico gera uma grande quantidade de espuma em uma reação exotérmica. O aumento de temperatura faz com que o substrato, que possui características gelificantes, forme gel amiláceo.
[10] Dessa forma, o processo também deve ter controle de temperatura monitorada por um termómetro interno e utilização salmora ou água gelada para manter o processo em aproximadamente 24°C.
[1 1 ] Além do controle de temperatura, também é adicionado ao processo um antiespumante, impedindo a formação de espuma que faria o reator transbordar, inviabilizando o processo. Em realização particular, o antiespumante é rico em polidimetilsiloxano.
[12] Finalmente, o processo da presente invenção é também mais rentável, uma vez que faz extração sem uso de álcool, reduzindo assim consideravelmente o custo de insumos para tal processo.
[13] A presente invenção pode apresentar modificações em suas etapas no que diz respeito às quantidades e proporções, a depen- der do substrato utilizado.
[14] Em outra modalidade da presente invenção, o pó resultante do processo passa ainda por uma etapa de micronização, onde a gra- nulometria desejada pode ser controlada.
[15] Os exemplos a seguir, sem impor qualquer limitação, ilus- tram realizações particulares da presente invenção, bem como demonstram a eficácia do produto resultante.
Exemplos
Exemplo 1
[16] Pó do amido de babaçu (1 Kg) foi ressuspendido em (20L) de água. Foi realizada a adição de peróxido de hidrogénio e hidróxido de sódio, e a temperatura controlada na faixa de 20°C a 25°C durante 2 horas. Amido foi filtrado e lavado com água ácida até ajuste do pH neutro. O amido foi seco até a umidade de 10%.
Exemplo 2
[17] O amido de babaçu branqueado obtido no exemplo 1 foi analisado quanto a sua capacidade de absorção de óleo.
[18] Em um tubo de centrífuga previamente pesado foram adicionados uma massa de óleo de microalga alto oleico, amido de babaçu clareado e mais uma quantidade de óleo de microalga alto oleico. Agi- tou-se 1 ,5 minuto por uma velocidade de 2650rpm. Após agitação, permaneceu em repouso durante 30 minutos e foi centrifugado a 3500 rpm por 30 minutos. Após a separação do óleo (sobrenadante) e do amido (decantado), com auxílio de pipeta de Pasteur e pipeta de precisão, pesou-se o tubo com o amido e o óleo absorvido, e determinou- se a quantidade de óleo absorvido por cálculos gravi métricos. As análises foram realizadas em quadruplicatas e os dados e resultados estão descritos nas Tabelas 1 e 2, abaixo.
Tabela 1. Dados de pesagem do tubo, amido e óleo
Tabela 2. Resultados da absorção de óleo do amido
[19] A média do desvio padrão relativo dos resultados é 1 ,0556, com desvio padrão relativo de 1 ,57%, portanto, a capacidade de absorção de óleo do amido clareado é de 1 ,0556 grama de óleo de microalga alto oleico por grama de amido.
Exemplo 3 [20] Foram avaliados os seguintes atributos de três composições hidratantes compreendendo de 0% (placebo), 1 % e 3% de amido de babaçu clareado preparado conforme exemplo 1. A formulação escolhida trata-se de uma emulsão, óleo em água, formulação de um hi- dratante corporal usual cujos componentes são água, óleo de canola, glicerina, copolímero acrilato de sódio, sorbitol, fenoxietanol, ácido benzóico, ácido dehidroacético, trioleína, perfume, crospolímero de acrilato de alquila C10-30/acri latos, goma xantana, acetato de tocofe- rol, caprilato de poligliceril-3, EDTA dissódico, hidróxido de sódio, Cl 17200, Cl 155 0, Cl 42090. Tais atributos estão descritos na tabela 3 a seguir:
Tabela 3. Descrição dos atributos avaliados
Atributo Definição
Número de rotações necessárias para que o
Ponto de absorção
produto comece a ser absorvido pela pele
Facilidade de esparramar/espalhar o produto
Espalhabilidade
sobre a pele
Facilidade de deslizar/escorregar o dedo so¬
Deslizamento
bre a pele
Pegajosidade Intensidade com que o dedo adere à pele
Resíduo branco imediPelícula branca formada sobre a pele imediaato tamente após o espalhamento do produto
Resíduo branco resiPelícula branca formada sobre a pele 1 minudual to após o espalhamento do produto
Filme aveludado Sensação de "pele de pêssego"
Toque seco Pele não pegajosa, não oleosa e sem brilho
Intensidade de luz refletida na pele imedia¬
Brilho na pele imediato
tamente após o espalhamento do produto
Intensidade de luz refletida na pele dois mi¬
Brilho na pele residual
nutos após o espalhamento do produto Atributo Definição
Sensação de óleo sobre a pele durante e
Oleosidade imediata imediatamente após o espalhamento do produto
Sensanção de óleo sobre a pele 2 minutos
Oleosidade residual
após espalhamento do produto
Sensação de gordura, formação de um filme
Filme gorduroso imesobre a pele, imediatamente após o espadiato
lhamento do produto
Sensação de gordura, formação de um filme
Filme gorduroso resisobre a pele, 2 minutos após o espalhamento dual
do produto
[21 ] A Tabela 4 apresenta as médias, desvios-padrão (D.P.) e resultados do teste do teste t LSD de Fisher para cada atributo avalia-
Tabela 4. Médias, Desvios-Padrão e Resultado da comparação do teste LSD de Fisher
*** Significativo ao nível de 0,1 %; ** Significativo ao nível de 1 %; * Significativo ao nível de 5%; Médias seguidas de mesma letra, em cada linha, não diferem significativamente entre si ao nível de significância de 5% (letras maiúsculas) ou 10% (letras minúsculas) (Teste LSD de Fisher); # O atributo Ponto de Absorção foi medido em número de rotações.
[22] Os resultados estão organizados na tabela 5 abaixo, com classificações de intensidade, que são: baixa (0,0 - 2,0); média-baixa (2, 1 - 4,0); média (4, 1 - 6,0); média-alta (6, 1 - 8,0); e alta (8, 1 - 10,0).
Tabela 5. Intensidade dos atributos avaliados
sorção de óleo e consequentemente proporcionar uma melhoria sensorial da fórmula com maior toque seco e menor pegajosidade, os atributos como padrão de ação foram:
- toque seco
- brilho na pele imediato
- brilho na pele residual - pegajosidade
- oleosidade imediata
- oleosidade residual
- filme gorduroso imediato
- filme gorduroso residual.
Exemplo 4
[24] A tabela 6 a seguir apresenta os atributos que foram superiores a uma composição placebo (sem amido branqueado) em relação às composições com 1 e 3% de amido branqueado.
Tabela 6. Atributos superiores em relação à composição placebo
[25] A redução da pegajosidade, o toque seco mais intenso e a diminuição de oleosidade residual e imediata foram observados tanto nas fórmulas com adição de 1 % quanto de 3% do amido clareado.
[26] Nas aplicações com adição de 3% do amido, outros atributos também foram percebidos: absorção mais rápida, formação de filme aveludado mais intenso, menor espalhabilidade e deslizamento, menor brilho imediato e residual e menor filme gorduroso residual.