Veículo de resgate em meio aquático e método de resgate

A presente invenção diz respeito a um veiculo de resgate em meio aquático, autopropulsionado por turbinas, dispostas nas extremidades distais de um corpo substancialmente em forma de U e um método de resgate em que intervém um tal veiculo.

Antecedentes

Os veiculos de resgate em forma de U, autopropulsionados, têm-se mostrado particularmente eficazes nas operações de resgate de sinistrados em mares, rios ou albufeiras de barragens e constituem atualmente uma alternativa fortemente procurada pelo mercado aos tradicionais meios de resgate, designadamente as bóias de salvação.

A rapidez da intervenção e do resgate, aliada à possibilidade de controlo remoto do meio de resgate são as razões para a referida procura que se regista quer por parte dos donos de barcos de recreio ou profissionais quer pelas autoridades marítimas ou os concessionários das zonas balneares.

Considera-se como o estado da técnica mais próximo da presente invenção, o veiculo descrito e divulgado na patente EP 3041733 BI. É divulgado um veiculo em forma de U autopropulsionado por turbinas dispostas nas extremidades distais das abas. Todavia, a parte mais critica do resgate que é a deposição do ser humano no veiculo e a sua retirada da água bem como a rapidez do resgate são aspectos não contemplados no estado da técnica do conhecimento da requerente e o objecto da presente invenção.

Objecto da invenção A presente invenção visa dotar este tipo de veículos de resgate de uma maior operacionalidade e segurança.

Verificou-se que um fator importante das operações de resgate é a retirada do ser humano sinistrado ou em dificuldades do meio aquático. É objecto da presente invenção proporcionar um veículo aquático autopropulsionado em que é conseguida de forma eficaz a abordagem e deposição ou auto-deposição da pessoa sinistrada no veículo de resgate, bem como a rápida retirada da parte imersa da pessoa sinistrada, da água.

Os resgates ocorrem em condições de mar as mais variadas e um veículo de resgate deverá responder às mais exigentes condições de resgate designadamente condições de mar com forte ondulação e rebentação que oferecem forte resistência à progressão de um veículo que se desloca à superfície da água. Pretende-se com a invenção, diminuir o atrito ou resistência à progressão do veículo em forma de U à superfície da água para se conseguirem maiores velocidades de operação e um tempo de vida das baterias, maior.

Outro objectivo da invenção é facilitar o acesso de um utente, que poderá ser um nadador salvador, um sinistrado ou ambos, ao veículo, impedindo que a entrada no mesmo seja dificultada por qualquer obstáculo como por exemplo uma amurada de embarcação.

Pretende-se ainda com a invenção uma metodologia de resgate da tripulação de uma embarcação que tem que ser evacuada. Tradicionalmente a tripulação de um veleiro em dificuldades é resgatada por meios aéreos, por exemplo um helicóptero, por lançamento a partir de um meio aéreo, de um cabo, diretamente para o convés onde se encontram as pessoas a resgatar. Em seguida os tripulantes agarrar-se-ão ao referido cabo para serem içadas para o interior do meio aéreo. Verifica-se que em condições de mar picado o resgate por este processo é dificil pela dificuldade de alinhamento do helicóptero com o cabo e a embarcação. A presente invenção possibilita que a tripulação seja resgatada pelo mesmo cabo, suspenso do meio aéreo não sobre a embarcação que tem que ser evacuada, mas sobre o veiculo de resgate, cuja posição geográfica é controlada por controlo remoto a partir do helicóptero. É assim mais fácil fazer o alinhamento do helicóptero com o veiculo de resgate e com os náufragos, pois a posição destes é controlada remotamente dado que estão agarrados ao veiculo de resgate e a posição deste é controlada remotamente a partir do meio aéreo.

De acordo com a presente invenção, é fornecido um veiculo de resgate em água, conforme definido na reivindicação 1.

Para uma melhor compreensão da presente invenção, é agora descrita uma modalidade preferida, puramente como exemplo não limitativo, com referência aos desenhos anexos, nos quais:

- A Figura 1 mostra uma vista superior esquemática de um veiculo de resgate em água de acordo com a invenção;

- A Figura 2 mostra uma vista esquemática bidimensional de topo do veiculo de resgate em água, de acordo com a invenção;

- a figura 3 mostra uma vista esquemática em corte do veiculo de regate em água, de acordo com a invenção;

- A Figura 4 mostra uma vista esquemática em corte do veiculo de regate em água, de acordo com a invenção com um ser humano em posição supina; - A Figura 5 mostra uma vista esquemática em corte do veiculo de regate em água, de acordo com a invenção com um ser humano em posição ventral;

- A Figura 6 mostra uma vista esquemática em corte do veiculo de regate em água, de acordo com a invenção, com dois seres humanos;

- A Figura 7 mostra uma vista esquemática de um cenário de resgate de uma pluralidade de seres humanos na água.

Com referência a estas figuras, é mostrado um veiculo de resgate em meio aquático, de acordo com a invenção.

Em particular a figura 1 mostra um veiculo de resgate em meio aquático 1, autopropulsionado.

A invenção compreende um corpo principal 101, constituído por uma porção proa em forma de U 2, da qual se projectam lateralmente duas porções aba 3, nas extremidades distais 4, das quais se encontram alojadas turbinas de propulsão 5.

De forma não representada nas figuras o corpo principal aloja também baterias eléctricas, susceptiveis de serem carregadas por indução.

O espaço interior do corpo em U é ocupado por uma membrana de suporte/deslizamento 6, apta para receber o corpo de um ser humano à superfície da água.

É um objectivo primordial da invenção facilitar a entrada do ser humano no veiculo de resgate e proporcionar a sua rápida retirada da água. O objectivo é conseguido fazendo variar o volume especifico das diferentes partes do veiculo de tal maneira que o plano longitudinal médio do veiculo, coincidente com o plano longitudinal formado pela membrana de suporte/deslizamento (A,A'), se apresente obliquo face ao plano médio da superficie da água (B,B'). Desta forma, o náufrago que aborda o veiculo não só não encontra nenhum impedimento à entrada no mesmo, como ainda beneficia de uma superficie plana ligeiramente inclinada que requer menos esforço de abordagem por parte de um utilizador. Para além disso, quando é iniciada a propulsão, o veiculo apresenta face à superficie da água, um ângulo de incidência positivo, o que faz com que seja exercida uma força de retirada do corpo humano ainda em imersão, nos momentos iniciais de um resgate, para dar lugar, nos momentos subsequentes a um deslocamento com muito menos atrito do que um veiculo em forma de U sem membrana. Desta forma se consegue, i) aliviar a tensão do resgate nos momentos iniciais, porque é retirada da água a totalidade do corpo do náufrago com a ajuda da própria propulsão do veiculo e ii) uma rapidez de deslocamento que autoriza maiores deslocações para o mesmo tempo de descarga da bateria. É o ângulo de incidência positivo, aliado à posição da membrana 6, que possibilita um deslocamento, por deslizamento, similar ao de um patim aquático, mais rápido e com menos atrito face aos veiculos de resgate similares do estado da técnica.

De acordo com a invenção, o volume especifico da porção proa 2, é maior do que o volume especifico das porções extremidades distais 4, das abas laterais 3, assumindo o veiculo, quando disposto a flutuar à superficie da água, uma posição em que, o plano longitudinal formado pela membrana de suporte/deslizamento 6, é obliquo relativamente ao plano da superficie da água, ficando as porções extremidades distais 4 das abas laterais 3, de semi-submersas a totalmente submersas na água e a porção proa 2, total a parcialmente emersa.

De forma vantajosa, o veiculo de resgate tem um volume tal que, quando o veiculo se desloca à superfície da água, a cabeça do utente do veiculo, que se posiciona junto à proa, está protegida da água, de forma a facilitar a respiração.

Preferencialmente, o veiculo de resgate de acordo com a invenção dispõe de pegas 8, a toda a periferia do veiculo.

De acordo com um aspecto da invenção a membrana de suporte/deslizamento 6, é feita de um material pertencente ao grupo de materiais que consiste em materiais flexíveis, rigidos e semi-rigidos.

O veiculo de resgate da invenção prevê que a membrana de suporte/deslizamento seja destacável, por argolas/esticadores 601. De acordo com outra forma de realização preferencial da invenção, a membrana de suporte/deslizamento é solidária com o corpo principal do veiculo.

Vantajosamente o veiculo da invenção dispõe de controladores de velocidade no corpo principal do veiculo (não representados) sob a forma de botões ou manetes. Pode também ser controlado remotamente a partir de um controlo remoto que comunica com o veiculo através do módulo de controlo/comunicação 7.

Numa materialização possível da invenção, o veiculo de resgate em meio aquático, autopropulsionado, é insuflável. Por outro lado, o material em que é fabricado pode ser material flexível, rigido ou semi-rigido. Vantajosamente o veiculo de resgate em meio aquático, autopropulsionado, integra um sistema de localização geográfica tipo GPS.

Ainda de forma vantajosa no veiculo de resgate em meio aquático, o carregamento das baterias do veiculo pode ser feita por indução.

Na fig. 2 é representado o veiculo da invenção em planta: a porção proa em forma de U 2, apresenta-se arredondada para vencer a progressão no meio aquático e as porções extremidades distais 4, das abas laterais 3, apresentam-se com maior volume especifico do que a porção proa, contribuindo para tal diferença do volume especifico, as turbinas 5 que ai estão alojadas.

As figs. 3 a 6 evidenciam o veiculo da invenção quando ocupado por um ou dois seres humanos (10, 11, 12) sendo visivel o posicionamento obliquo do plano longitudinal da membrana (A, A') face ao plano da superfície da água (B, B') que se mantém substancialmente idêntico em qualquer das situações, bem como se mantém quer o veiculo esteja em repouso ou em movimento. Tal é conseguido equilibrando ao volume especifico das diferentes porções do veiculo, tendo em conta a flutuabilidade.

A invenção permite a execução de um método de resgate especialmente útil quando se trata de resgatar uma pluralidade de seres humanos em dificuldades no meio aquático, como ilustrado na Fig. 7. A motivação para a invenção surgiu do resgate da tripulação de veleiros em dificuldades no mar alto. Com efeito nestes casos é muitas vezes dificil posicionar um cabo de resgate suspenso de meios aéreos sobre um veleiro em dificuldades no mar. Isto deve- se a que o mar, em condições alterosas, modifica permanentemente a posição relativa da embarcação, circunstância a que acresce em dificuldade o posicionamento constantemente alterado do mastro. Nestas condições o veiculo da invenção presta-se à execução de um método de salvamento que compreende as seguintes etapas:

- proporcionar um veiculo de resgate 1, com uma pluralidade de pegas 8, a flutuar à superfície da água,

- permitir que os náufragos à superfície da água se agarrem às pegas 8 do veiculo de resgate,

- alinhar o cabo de resgate 71, disposto a partir de um meio aéreo de resgate com o veiculo de resgate 1,

- corrigir em tempo real o alinhamento do veiculo de resgate com o cabo disposto a partir do meio aéreo através do controlo remoto que comunica com o módulo electrónico de telecomunicações 7,

- proceder ao resgate.

Finalmente, é claro que o veiculo de resgate de água descrito e ilustrado aqui bem como o método de resgate pode ser modificado e variado sem se afastar do escopo de proteção da presente invenção, conforme definido nas reivindicações anexas.